Música

Segundo disco da cantora Mayra May inclui desde o samba ao ijexá

"Te Tatuei em Braille" é um disco que fala de relações amorosas

Foto: Divulgação
A cantora e compositora Mayra May

Nascida em Minas Gerais, criada no Espírito Santo, mas com alma de sambista carioca. A cantora e compositora Mayra May adotou o Rio de Janeiro como sua cidade e também o samba como sua principal influência musical. 

Na quinta-feira (7 de dezembro), apresentará ao mundo seu segundo disco, “Te Tatuei em Braille”, com oito canções autorais que, além do samba, passeiam por ritmos como ijexá, partido alto, maxixe e o samba mais acelerado, típico das escolas de samba. O álbum conta com feats com Ana Costa na faixa-título e com Alana Moraes em “Guia”.

Com produção musical de Alessandro Cardozo, que também assina os arranjos ao lado de mestres como Paulão 7 Cordas e Rafael dos Anjos, o álbum traz em sua ficha técnica músicos do calibre de Gabriel de Aquino, Dudu Oliveira, Pedrinho Ferreira, Leandro Saramago, Luciano King e Luiz Louchard nas canções, compostas por Mayra, algumas em coautoria com Sérgio Souto (em “Corda Ré” e “Eu Juro”), Chico Alves (na divertida “Torta Capixaba”), seu pai Cezar Itaborahy (em “Verde Branco Azul e Rosa”) e Rosana Marques (“Te Tatuei em Braille”).

“Te Tatuei em Braille” é um disco que fala de relações amorosas, sobre estar apaixonado, sobre amores platônicos e términos, e também sobre crenças e religiosidade.

A faixa que dá nome ao álbum, com participação de Ana Costa, é um samba composto em parceria com Rosana Marques, que fala sobre um amor não-correspondido, marcado na pele, primeiro em nome, e depois em Braille.

“Sou dramática, sonhadora, exagerada e muito intensa. Não sei viver um amor mais ou menos. Sonho, sim, com um grande amor e este aspecto se reflete nas minhas músicas, assim como o fato de eu não tolerar injustiças, como o machismo, a falta de equilíbrio nas relações e a maldade do ser des-humano”, conta a cantora e compositora.

A primeira faixa, “Guia”, traz a participação da gaúcha, também radicada no Rio, Alana Moraes. A música é um ijexá, e vem na frente para abrir caminhos. Também é a faixa que costuma abrir seus shows.

“Foi inspirada no direito fundamental de todo brasileiro de escolher livremente sua crença ou religião e de ser dever do Estado garantir o exercício e a manifestação das mesmas, assim como seus rituais. A intenção é pedir proteção, como uma prece que une expressões religiosas diversas para pedir bênçãos a todos”, conta Mayra.

Figura conhecida em famosas rodas e casas de samba do Rio de Janeiro, como o Rio Scenarium, Feira do Lavradio, Bar Semente e Casa de Luzia, Mayra May também traz muito de MPB em seu trabalho, mas é no samba que, atualmente, mora seu coração.

“Minha casa sempre foi ‘palco’ de rodas de samba do meu pai com seus amigos músicos. Eu sei tanta letra de samba, desde bebê eu aprendi... E quando me mudei para o Rio, percebi que tinha que aprender muito mais. Assim, o samba continua sendo novidade todo dia. É um amor primário, eterno, constante e que se renova”, diz a artista, que é bisneta de Oscar Itaborahy, professor de mu´sica de Ary Barroso, e neta de Francisco Itaborahy, que tocou ao lado de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. 

Outro destaque do álbum é a música “Verde Branco Azul e Rosa”, com arranjos típicos de escola de samba, e que faz referência a duas das mais famosas agremiações cariocas: Portela e Mangueira. A letra foi escrita por seu pai, Cezar Itaborahy, seu parceiro musical de longa data, e conta a história de uma pessoa apaixonada por uma mulher que um dia ia na Mangueira e outro na Portela... 

“E o apaixonado não sabia se era Portela ou Mangueira por conta desta cabrocha que frequentava ambas as escolas. É um samba divertido, alegre e muito bem humorado”.

A também divertida “Torta Capixaba”, parceria com o grande compositor e parceiro Chico Alves, capixaba nato, faz referência ao preparo da famosa iguaria do Espírito Santo.

“Adoro compor músicas bem-humoradas. Eu acho que sou tão chorona, que muitas vezes componho músicas alto astral pra poder rir mais do que chorar. E para contar histórias engraçadas, gosto disto... Rir é bom demais!”, conclui a artista, que já abriu shows de Zeca Pagodinho, e que tem como principais influências Noel Rosa, Dona Ivone Lara, Assis Valente, Cartola, Elza Soares, Nelson Cavaquinho, Chico Buarque, entre outros.