A diversidade e riqueza das tecnologias africanas estão sendo discutidas em uma série de encontros abertos ao público, durante o ‘Projeto Sul a Sul’, que começou na sexta-feira (24 novembro), e segue até o dia 2 de dezembro.

As atividades gratuitas acontecem na sede do Pivô Salvador, MAC BA e no Centro Histórico da Ilha de Itaparica e incluem contação de histórias através da gastronomia e da música, palestras, performances, workshops, roda de conversa.

A iniciativa reúne, em nove dias de evento, cerca de 15 convidados internacionais, nacionais e regionais, busca tornar estes espaços em epicentros das discussões e projeções que destacarão as contribuições das tecnologias africanas para o cenário global, sendo ambientes propícios para as trocas de ideias, conhecimentos, conexões e vivências. 

A agenda cultural voltada ao público foi aberta no sábado (25), com a contação de histórias ‘Semeando Palavras’ interpretada pela professora e escritora Vanessa Orewá Pereira, das 10h às 13h.

Durante a performance, ela conta a história do Recôncavo Baiano, local reconhecido pela produção de saberes, práticas, sentimentos e tecnologias, através da gastronomia e da música, além de narrar a história dos Grupo Caretas do Mingau e explicar como as tecnologias podem ser compreendidas através dos corpos das mulheres indígenas.

A atividade foi marcada pela preparação e compartilhamento do mingau, feito pela coordenadora do Grupo, a anciã Guiomar.

Nesse domingo a artista transmídia antidisciplinar, Biaritzzzz, ministrou a roda de conversa ‘Pedagogia do Meme’. A superação de um histórico de violência, silenciamento e apagamento implica na criação contínua de novas formas de ver, sentir e existir.

Na quarta-feira (29), o diretor do Waza Arte Centre - centro de arte fundado em 2010 por um grupo de artistas e operadores culturais de Lubumbashi, R.D. Congo -, Patrick Mudekereza, vai realizar uma palestra, a partir das 9h30, sobre o contexto da instituição cultural e seus desafios.

A programação da associação cultural Pivô Salvador será encerrada, no dia 1 de dezembro, às 14h,  com a apresentação musical da artista sonora Elsa M’bala, natural de Camarões, África Central.

Em suas apresentações, a multiartista traz reflexões sobre raça, formação cultural, gênero e espiritualidade desafiam os preconceitos de como a música de alguém deve soar com base em sua origem. 

Desde 2019, Elsa M'Bala também atua como massoterapeuta, por isso, os interessados podem levar tapetes, esteiras, cangas, colchonete, para uma performance compartilhada.

Todas as atividades são realizadas na sede do Pivô Salvador, localizada na Rua Boulevard Suiço, 11A, em Nazaré. 

Nos dias 28 e 29, o Museu de Arte Contemporânea da Bahia sediará a palestra ‘O que importa são as histórias que contamos para contar outras histórias do futuro’, conduzido pela crítica e curadora senegalesa e francesa, Oulimata Gueye e o workshop ‘Entre cerâmica, argila e dança, a mudança está presente’, com a pesquisadora e artista Walla Capellobo e o artista da cena, da palavra, do corpo, Joa Assumpção. As apresentações acontecerão às 19h e 18h, respectivamente.

Na terça, o bate-papo traz como foco como a pesquisa está no “Futuro” como uma construção histórica que implica relações de conhecimento e poder, e especialmente no papel da África nessa construção. Gueye busca revisitar o passado para compreender o impacto da colonização nas visões de futuro desenvolvidas no Ocidente, e como essas concepções ainda persistem atualmente.

N quarta-feira, o curso se permeia através da interação do barro com os participantes, mostrando como a sobrevivência do modo de vida quilombola está ligada ao poder de transformação de acordo com suas necessidades, suas tecnologias para se adaptar a territórios muitas vezes inóspitos à nossa existência. O MAC - Ba fica situada na Rua da Graça, 284, na Graça.

No dia 30 de novembro, a artista plástica multidisciplinar do Congo, Sarah Ndele, apresentará no Centro Histórico da Ilha de Itaparica, às 11h, por meio do projeto Sul a Sul: encontro sobre tecnologias africanas e afro-diaspóricas, o espetáculo intitulado de ‘Kitala Talala (Espelho)’.  Ela explica que, no passado, os ancestrais usavam a água como espelho até a chegada dos colonizadores. Na performance de Ndele, há uma valorização das máscaras, que são parte do patrimônio cultural frequentemente abandonado sob o pretexto de bruxaria. 

Anote

‘Sul a Sul: um encontro sobre tecnologias africanas e afro-diaspóricas’

Data: 24 de novembro a 2 de dezembro de 2023
Local: Pivô Salvador, Museu de Arte Contemporânea da Bahia e Centro Histórico de Ilha de Itaparica
Entrada: Gratuita