Brasil

Sobe para 37 o número de mortos após ciclone no Rio Grande do Sul

79 municípios foram atingidos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Foto: Maurício Tonetto | Secom
O Vale do Taquari foi uma das regiões mais atingidas pelos temporais

Um ciclone extratropical atingiu os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na segunda-feira (4 de setembro).

Do total de 37 mortes confirmadas no estado em decorrência dos temporais, 14 ocorreram em Muçum, nove em Roca Sales, três em Lajeado, dois em Estrela, dois em Ibiraiaras, três em Cruzeiro do Sul, um em Mato Castelhano, um em Passo Fundo, um em Encantado e um em Santa Tereza.

Até o início da noite dessa quarta-feira (6) , a Defesa Civil estadual contabilizou 79 municípios atingidos, 2.319 pessoas desabrigadas e 3.575 desalojadas. Segundo o levantamento, 1.777 pessoas foram resgatadas, e há nove desaparecidas. Estima-se em 56.787 o número total de afetados.

Dois municípios decretaram situação de emergência: Santa Tereza e Nova Roma do Sul. A decretação é o primeiro passo para a solicitação de ajuda humanitária e de recursos financeiros. Após a inclusão, o estado realiza a análise e o processamento da homologação estadual e encaminha à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para o reconhecimento federal.

Na tarde dessa terça-feira (5), o governador Eduardo Leite sobrevoou os municípios atingidos no Vale do Taquari, uma das regiões mais afetadas.

Em seu perfil no Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que conversou com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para reforçar a perspectiva federal de pronto suporte ao estado.

A passagem do ciclone vem causando grande destruição no estado, principalmente em municípios da região norte e da Serra Gaúcha. Atualmente, em diversos municípios dessas bacias, os níveis dos rios já superaram as Cotas de Inundação, que representam o nível do rio quando os primeiros impactos passam a ser observados nos municípios.

As tempestades e rajadas de vento devem continuar causando transtornos à população durante o restante da semana. A previsão do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indica risco de inundações, alagamentos, e deslizamentos de terra.

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul e Santa Catarina desde o domingo (3) são consequência de uma frente fria causada por um ciclone que se instalou no oceano, perto da região Sul do Brasil.

De acordo com o Cemaden, a frente fria agora segue para a região Sudeste. Entretanto, mais chuvas fortes são esperadas até a próxima sexta-feira (08/09) no Rio Grande do Sul, com risco alto de inundações, alagamentos e deslizamentos de terra nas áreas afetadas.

Nesta quarta-feira (6), uma comitiva do Governo Federal vai visitar as regiões afetadas pelos eventos climáticos extremos.

Uma equipe da Defesa Civil Nacional está dando apoio às prefeituras nos pedidos de solicitação de situação de emergência e de repasse de recursos.

O Ministério da Defesa, por meio do Exército, disponibilizou botes para resgate de pessoas que estão em áreas alagadas. Com apoio do Ministério da Justiça, também há helicópteros para as ações de salvamento.

Rio Taquari

Os níveis dos rios da Bacia do Taquari começaram a subir na tarde de domingo (3), na região central da bacia, em municípios como Santa Tereza, Muçum, Encantado e Estrela, no Rio Grande do Sul, conforme explicam os engenheiros do SGB. Nessa região, as estações pluviométricas indicaram chuvas da ordem de 60 mm ao longo da segunda-feira (4). Em municípios próximos aos limites da bacia, como Ibiraiaras, os totais de chuva acumulada superaram os 200 mm.

Com o grande volume de chuvas, o nível dos rios chegou a subir 21 metros em 24 horas na estação de Linha José Júlio, em Santa Tereza. Nos municípios de Estrela e Bom Retiro do Sul, o nível aumentou mais de 12 metros, entre segunda (4) e terça-feira (5).

Na noite de segunda-feira (4) e na madrugada de terça-feira (5) os sensores automáticos de Muçum, Encantado e Lajeado/Estrela foram levados pelas águas e/ou pararam de transmitir, contudo os boletins de previsões conseguiram estimar uma cheia de grande proporção, o que auxiliou a defesa civil na retirada da população. Equipes do SGB estão tentando chegar à região para manutenção dos equipamentos e registro do evento.

Rio Caí

Segundo o engenheiro Emanuel Duarte, pesquisador do SGB e chefe do Projeto, “na Bacia do Rio Caí, as estações indicaram princípio de subida do nível das águas no domingo (3). O processo avançou ao longo de segunda-feira”.

Nno município de São Sebastião do Caí, o rio chegou a subir mais de 11 metros. Chuvas de 100 mm também foram observadas no município de Morro Reuter.

Saque do FGTS 

A Caixa Econômica Federal vai liberar o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) por calamidade aos trabalhadores residentes nas localidades do Rio Grande do Sul atingidas pelo ciclone extratropical.  

É necessário que o trabalhador tenha saldo na conta do fundo e não tenha realizado outro saque pelo mesmo motivo há menos de 1 ano. O valor máximo para retirada será de R$?6.220. 

Antes do saque, porém, a legislação exige que o município em estado de calamidade pública ou situação de emergência tenha a condição reconhecida oficialmente pelo governo federal, em portaria. Cumprida a condição, a prefeitura deverá declarar ao banco público as áreas que foram afetadas pelo desastre. 

Somente após a liberação, a população poderá realizar o saque do FGTS de forma digital por celular ou pelo aplicativo FGTS, sem a necessidade de comparecer a uma agência bancária.  

Ao fazer solicitação, o beneficiário poderá indicar uma conta do próprio banco ou de qualquer outra instituição financeira para receber os valores, sem nenhum custo.