Paulo Costa Lima
Na minha época de Facom, nós, alunos do curso de Comunicação da Ufba, para aprender o exercício prático do Jornalismo, costumávamos cobrir o que ocorria na própria universidade. Não só por praticidade/comodidade, mas porque realmente ocorria muita coisa interessante que a imprensa não divulgava.
Eu adorava quando recebia uma pauta na Escola de Teatro e mais ainda na de Música, que era colada no prédio onde a Facom estava instalada antes de ser transferida para o Paf em Ondina. Além de essas faculdades estarem situadas num raio próximo, no bairro do Canela, os temas pautados não eram tão técnicos quanto os dos institutos de Biologia e Geociências nem do tipo cabeça, como os da faculdade de Filosofia. Normalmente, rendiam conversas agradáveis.
Devo ter entrevistado Paulo Lima pelo menos umas duas vezes. E achei incrível ver ele hoje, com seus quase 70 de idade e 300 anos de vida acadêmica, fazendo vídeos para as redes sociais, todo safo com o formato da ferramenta, abordando, de modo extremamente leve, conteúdos que aguçam nossa percepção, de pobres mortais que somos, quanto às nuances técnicas da composição musical.
É esse tipo de coisa que mantém minha fé no potencial humano, o qual pode ser amplificado pelas tecnologias de comunicação como extensões do homem, no dizer de McLuhan, teórico famoso e apartado dos chamados apocalípticos, no dizer de Umberto Eco.
Às vezes, fico curiosa para saber o que esses pensadores mais contemporâneos que estudei na faculdade (a exemplo de Pierre Levy, que era o meu queridinho no tempo do mestrado) andam dizendo por agora. Fico impressionada com a visão além do alcance que eles tinham.
Lévy usava conceitos como inteligência coletiva e economia da atenção cuja materialização só agora consigo perceber com muito mais clareza.
Segundo ele, a variedade humana e a valorização das qualidades individuais são princípios básicos da inteligência coletiva. Cada um é portador único de uma coleção de competências, que pode ser compartilhada, enriquecendo o coletivo.
Lembro também de ele falando, numa entrevista para o Programa Roda Viva, que deveríamos ter cuidado em relação a para onde direcionávamos nossa atenção, porque isso seria determinante como fator de sucesso econômico.
Michel Maffesoli, outro francês de quem eu tinha livro autografado e que num ímpeto de desapego acabei doando para Ufba, em "No fundo das aparências" já trazia a reflexão sobre o culto ao corpo, a ênfase excessiva na aparência e o pendor para futilidade, que vemos hoje de forma ainda mais exacerbada nas redes sociais.
É por essas e outras que procuro minha tchurma nos Instagrams da vida e deixo meus likes somente nos conteúdos que valorizo e quero ver florescer. Isso acaba sendo também uma forma de não dar Ibope à vulgaridade e banalidade que sustentam o consumismo, além de fazer com que os algoritmos garimpem para mim coisas bacanas do meu interesse.
E acho simplesmente fantástico que um cara como Paulo Lima possa compartilhar seus talentos, competências e produções com cerca de 84,4 mil seguidores.
Vida longa e próspera para esse tipo de conteúdo! Toda a nossa reverência e atenção para quem, de fato, as merece!