Helô Sampaio

Galinhada para quem tem saudade da vida simples e calma do interior

É uma publicação de Guilherme Radel, que disputa com Elíbia Portela um lugar na cabeceira da minha cama

Pois é, fifo, ainda estou aqui na Pituba, de ‘férias’ no apartamento da amiga Mira, enquanto ajeito minha casa em Itapuã. Fico só apreciando a paisagem, curtindo os atrativos do bairro, deste jardim encantador onde passeio com a minha cachorrinha Loly, apreciando a Lagoa dos Patos. Mas curto as pessoas – sozinhas ou também com os seus cachorrinhos – e faço amizade com todo mundo que cruza meu caminho. Cumprimento quem está passando, comento sobre o tempo e logo, logo, já estamos sentados, batendo um papo descompromissado sobre as delicias que os barezinhos da redondeza servem. Trem bom é a vida, sô.

E a vida neste bairro de prédios altíssimos, com gente apressada, carros abundantes e obras em todos os lugares, é bem diferente da minha vida lá em Itapuã, onde moro numa rua sem saída, e onde conheço quase todas as pessoas. Lá, a maioria das pessoas do pequeno comércio até sabem meu nome. Se eu resolver entrar no açougue ou pegar verduras frescas com Josué, compro o necessário e, se quiser, posso até pagar depois, pois todos me conhecem e confiam. É como se eu estivesse em Ibicaraí, a minha terrinha, onde todo mundo confiava na bonitinha aqui, a filhinha do ‘dotô’ Confiava e fiava, he-he.

Eu tenho saudade da minha cidade, eu amo Ibicaraí, onde vivi a infância e uns lindos anos da minha vida, divididos com Ilhéus. Vivia ‘pulando’ de uma cidade para a outra: estudava em Ilhéus (a cidade que é meu outro amor), mas, na maioria dos fins de semana, vinha para o carinho dos papais, irmãos e amigos em Ibicaraí. Eu vibrava com esta vida dividida entre as cidades. E ainda tinha a paradinha estratégica em Itabuna, na casa da minha madrinha, Suzana Sepúlveda, para pedir a bênção e almoçar. Itabuna era a mais movimentada das três cidades, com um comércio variado que concorria até com Feira de Santana. Tinha de tudo. Tinha, não, tem até hoje. É a ‘capital’ de negócios da região cacaueira.

Eu amava Ilhéus, mas não perdia o passeio para Itabuna pela diversidade de coisas que a cidade oferecia. Lá eu ficava na casa da minha madrinha Suzana Sepúlveda, que ficava juntinho da Praça São José, a praça da matriz. Aí, a todo momento, eu ia para a pracinha chupar picolé, ou passear, fofocar, ver os amiguinhos e ou então ia para curtir a beleza e o ventinho gostoso da pracinha. Quer mais, bonitinho? (tempo bom, que não volta mais, já bem dizia a musiquinha na época).

Esses dias aqui, que estou num condomínio reservado da Pituba, tem me feito lembrar muito do interior pela calmaria e sossego. O que demonstra que Salvador é uma cidade especial com atrativos, com emoção para todos os visitantes. 

De repente, você descobre um lugar, um cantinho sedutor, um ponto na praia que lhe transporta para a infância, para uma lembrança afetiva, um namorado perdido lá na adolescência, quiçá um namorado que você roubou da colega, sei lá, essa vida é maravilhosa.

Mas se bobear, eu ainda roubo um gatinho pra um chamego. Não morri ainda não, fifo, tô vivinha da silva, he-he. Se der sopa, nós entorta e carrega o gatinho, já bem diz o povinho sábio da minha terra).

Já que estamos tratando deste assunto, encontrei aqui uma receita de galinhada para seis pessoas. É uma publicação de Guilherme Radel, que disputa com Elíbia Portela um lugar na cabeceira da minha cama. O volume, A Cozinha Sertaneja da Bahia – As origens, a evolução e as receitas da cozinha sertaneja baiana – traz delicias que eu já nem lembrava. E como somos baianos, e entendemos de namoros, paqueras e outras transas, vamos colocar o avental, rumo à cozinha para seduzir o amorzinho. Apetites preparados?

Galinhada (para matar saudade)

Ingredientes:

-- Uma galinha caipira
-- 250g de arroz
-- Uma folha de louro
-- Suco de dois limões
-- 4 colheres de óleo
-- 2 pimentões maduros em tiras
-- 2 tomates maduros em rodelas e 1 tomate picado
-- 3 dentes de alho
-- 1 cebola média cortada em rodelas
-- 1 cebola picada
-- 3 rodelas picadas de pimentão
-- 3 galhos de hortelã. 
-- 3 pitadas de pimenta do reino
-- 2 cebolinhas picadas
-- Sal e vinagre.

Modo de preparar

1 - Limpar, lavar e esfregar a galinha com suco de limão e depois cortá-la em pedaços pelas juntas. Aquecer bem o óleo numa panela.

2 - Socar bem os temperos no sal e vinagre, juntar a cebola e os tomates, os pimentões maduros cortados em tiras e os temperos socados, e refogar tudo no óleo aquecido;

3 - Juntar com a galinha, refogar e deixar corar;

4 - Acrescentar o arroz, refogar e deixar frigir até dar cor;

5 - Adicionar água fervente ao refogado e deixar cozinhar em fogo forte, reduzindo depois ao fogo brando, com a panela tampada.

Servir a delícia, que não precisa de guarnição nem acompanhamento, sentando para comer com a família, aguardando os abraços carinhosos pelo trabalho, pela comida  maravilhosa que veio para a mesa. Bom apetite!