Opinião

Dólar abaixo de cinco reais! Até quando?

No balanço de riscos, há vetores de alta e baixa

Foto: Pixabay/Creative Commons
As projeções apontam para a desvalorização do câmbio à frente

Na cena local, a autoridade monetária vinculou a queda da taxa Selic à ancoragem das expectativas. Ou seja, primeiro caem as expectativas de inflação do mercado e depois o BC inicia os cortes de juro.

Sob este contexto, em que a Selic continua elevada, mesmo se o Copom aliviar no segundo semestre, concomitantemente à pausa no ciclo do Fed, o diferencial entre as taxas brasileira e americana atrai o investidor estrangeiro, e, portanto, os dólares.

A apresentação da nova âncora fiscal, embora tenha incitado outras dúvidas, esvaziou a enorme incerteza que pairava sobre os mercados domésticos, especialmente no de câmbio.

Os agentes carecem de informações adicionais para avaliar os benefícios da proposta no que tange à sustentabilidade da dívida, todavia o esqueleto surpreendeu positivamente.

Em resumo, o contraste entre a postura inflexível do Banco Central do Brasil e calma do Federal Reserve, somado à redução na produção de petróleo pela Opep+ e aos dados de atividade na China mais positivos atraem o investidor estrangeiro recentemente, que é encorajado pela percepção de menor risco fiscal, em virtude do avanço favorável nas discussões em torno do novo arcabouço.

As projeções apontam para a desvalorização do câmbio à frente. Nossa previsão para a taxa de câmbio é de R$/US$ 5,30 neste ano e R$/US$ 5,40 no fim de 2024.

No balanço de riscos, há vetores de alta e baixa.

Os preços das commodities e a Selic em patamar elevado suportam a valorização do câmbio, entretanto a precificação de cortes no juro americano neste ano pode ser surpreendida e pressionar o câmbio.

Além disso, o anúncio do arcabouço fiscal reduz, mas não elimina o risco fiscal doméstico, haja vista a necessidade de mais informações para avaliar minuciosamente a proposta do governo e seus impactos no longo prazo.