Mundo

Governo mexicano oferece asilo a ex-presidente golpista do Peru

A posição mexicana é a mesma adotada em 2019

O governo do México está disposto a dar asilo ao ex-presidente do Peru Pedro Castillo caso o político faça a solicitação, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Marcelo Ebrard, na noite desta quarta-feira (7).

"Mas, até o momento, não há pedidos nesse sentido", disse Ebrard à emissora Televisa e à rádio Fórmula.

A posição mexicana é a mesma adotada em 2019, quando o país ofereceu asilo ao ex-mandatário boliviano Evo Morales. Só que no caso de Bogotá, o então presidente havia sofrido um golpe de Estado, não tentado aplicar um - como ocorreu ontem com Castillo.

O então presidente peruano, que ficou apenas 16 meses no poder, anunciou nesta quarta o fechamento do Congresso nacional e um Estado de exceção. Horas depois, Castillo foi destituído do cargo e preso pelas autoridades locais.

Para seu lugar, foi empossada sua vice, Dina Boluarte, a primeira mulher a comandar o país. O Peru é uma nação que vive uma intensa crise política há mais de duas décadas e renúncias e impeachments tornaram-se normais.

Desde 2018, por exemplo, houve cinco diferentes presidentes no país - seja de esquerda ou direita - e praticamente todos os chefes de Estado ainda vivos dos últimos 20 anos estão presos por crimes cometidos durante seus mandatos.

Nesta quinta-feira (8), a Procuradoria-Geral do país anunciou um procedimento preliminar contra o ex-chefe de Estado por possíveis crimes de rebelião e associação para crimes contra os poderes do Estado e a ordem Constitucional.

ONU se manifesta

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, se manifestou sobre a nova crise peruana e pediu que todos os setores da política local tenham calma.

"O secretário-geral expressa sua preocupação sobre a situação política no Peru. A ONU condena qualquer tentativa de subverter a ordem democrática [...] e convida a todos a respeitarem o Estado Democrático de Direito assim como permanecer calmos e evitar inflamar as tensões", diz uma nota do órgão.

Já o embaixadores da União Europeia que atuam em Lima emitiram uma nota em que "rechaçam qualquer tipo de ação que vá contra a Constituição e o Estado de direito" e que apoiam "a solução política, democrática e pacífica adotada pelas instituições do Peru" após a tentativa de golpe.

"Fazemos um chamado a todas as partes interessadas peruanas para um diálogo que assegure a estabilidade no marco constitucional", diz ainda a nota. 

Posição de Lula

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse que está acompanhando com "muita preocupação os fatos que levaram à destituição constitucional" e à prisão do presidente do Peru, Pedro Castillo.

"É sempre de se lamentar que um presidente eleito democraticamente tenha esse destino, mas entendo que tudo foi encaminhado no marco constitucional", diz nota oficial do petista.

De acordo com Lula, "o que o Peru e a América do Sul precisam neste momento é de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos enfrentamos".

O sucessor de Jair Bolsonaro enfatizou ainda que espera que a nova presidente peruana, Dina Boluarte, que era vice de Castillo e assumiu o cargo após sua prisão, "tenha êxito em sua tarefa de reconciliar o país e conduzi-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social".

"Espero que todas as forças políticas peruanas trabalhem juntas, dentro de uma convivência democrática construtiva, a única forma capaz de trazer paz e prosperidade ao querido e fraterno povo peruano", acrescentou.

Por fim, Lula garantiu que, durante o seu governo, trabalhará "de forma incansável para reconstruir a integração regional, para o que a amizade entre o Brasil e o Peru é fundamental".