July
Hoje, estou com o coração triste, saudoso. Vim do interior apressada quando soube da gravidade do estado de July, a grande jornalista e colunista da Bahia, que eu chamava de Juju, minha querida amiga, que foi visitar o Deus Pai, Todo Poderoso, e alegrar os espíritos que também já viajaram. Mas vamos ter que voltar um pouco no tempo.
Passei no Vestibular em 1970, quando larguei o cargo de Secretária do ginásio de Ibicaraí e vim para Salvador fazer a Faculdade de Comunicação. Aluna aplicada e responsável, eu me dedicava muito ao curso e à leitura de tudo que achava pela frente.
Passei muitas dificuldades, coisa que os meus pais nunca sonharam para a ‘filhiha queridinha’. Até que chegou o momento em que minha professora Consuelo Pondé arranjou para eu ser ‘a recepcionista’ do Dr. Plínio Garcez de Sena, seu esposo e grande neurologista da cidade. Foi um presente de Deus, pois logo depois, fui selecionada para a Residência Universitária do Canela. Aí, fio, fiquei ‘rica’: tinha casa pra morar e uns trocados para a cervejinha. Quer mais, lindinho?
Em 1972, o professor Fernando Rocha, reconhecendo minha capacidade, me levou para estagiar em A Tarde. Comecei na reportagem policial, onde cobri a Delegacia de Furtos e Roubos, a de Jogos e Costumes, o Instituto Médico Legal e várias outras da área. Vida dura, cobrindo acidentes, incêndios, assassinatos e demais modalidades. Mas o coração não endureceu.
Depois das ‘agonias’, do fechamento diário do jornal, saia com o pessoal para ‘tomar umas’ e relaxar. Silva Filho, Valmir Palma, Octacílio Fonseca, Fernando Rocha e outros, faziam parte da ‘tchurma’ de coleguinhas que eu amava.
Tempo bom, que não volta mais.
Mas a ‘bambambam’, a ‘princesinha’ da redação era July, a grande colunista que lidava com a nata social da cidade. Sair na coluna de July era – e até hoje é – ter muito prestígio. O povo disputava o lugar na coluna.
E July, pessoalmente, era uma pessoa muito simpática. E eu, uma sortuda, pois ela foi com o meu ‘astral’, conversava muito comigo, comentava as minhas matérias, era uma amiga muito querida. Um privilégio de poucos
Ela e Dr. Jorge Calmon foram muito importantes para mim, belíssimos exemplos de profissionais. Amei-os muito.
Estava estes dias em Itabuna com Ana, minha irmã, quando soube do estado de saúde de July. Liguei para Alessandra, sua sobrinha – que ela considerava filha – que me falou da gravidade da situação. Arrumei ‘meus panos’ e viajei com a irmã para Salvador, chegando já após a ‘passagem’ de July.
Fui para o Jardim da Saudade, onde ainda consegui me despedir da amiga, que parecia sorrir. Muitos amigos e colegas jornalistas lá estavam para o adeus a esta pessoa tão querida.
Alessandra, minha lindinha, você, que desde pequena ia para a redação lá na Praça Castro Alves acompanhando a sua titia, siga seu exemplo e conte com o meu carinho e apoio para o que eu puder ajudar.
Vida que segue! A loura bonita deve estar encantando as fadas e anjos lá em cima e nós, cá embaixo temos que ‘tocar o bonde pra Lapinha’, não podemos perder o ‘trem das onze’.
Hoje eu estou saudosa, e cheia de ‘ditos populares’ para esquecer as dores, as perdas.
Sabemos que a única certeza da vida é a morte e que devíamos viver cada dia como se fosse o último. Mas é uma pena que a gente só toma consciência dessa verdade com o chegar dos anos.
Deveríamos aproveitar a vida intensamente desde cedo, apreciando tudo, aproveitando todos os momentos. Hoje, faço isso. Valorizo um sorriso, os amigos, um momento de lazer, um abraço, um carinho.
Antes, achava normal; hoje, sei que é especial. Vamos nessa, galera, vamos amar muitos, agradar, acarinhar, amar, pois não sabemos o dia de amanhã.
Enquanto ‘seu lobo não vem’, vamos provar esse arroz de marisco que encontrei em Sabores da Bahia, uma publicação da Bahiatursa e Secretaria de Turismo, com receitas do Senac e do legado popular, que eu gosto e uso muito.
Aventais a postos, lindinhos, vamos preparar a delícia para encantarmos nosso amorzinho.
Arroz de marisco
Ingredientes
-- 120g de caranguejo catado
-- 120g de ostra
-- 120g de sururu
-- 200g de camarão sem casca
-- 120g de siri catado
-- 600g de arroz cozido
-- 120g de tomate maduro
-- 120g de cebola
-- 4 ramos de coentro
-- 1 ½ colher (sopa) de azeite de oliva
-- Uma colher (sopa) de extrato de tomate
-- 3 limões
-- Sal a gosto
Modo de preparar
1 - Catar os mariscos e lavar com o sumo de 2 limões. Refogar em azeite de oliva a cebola, o tomate, o coentro e o extrato de tomate;
2 - Acrescentar ao refogado os mariscos, sal e o sumo de um limão, deixando cozinhar por cerca de 15 miutos.
3 - Após cozidos os mariscos, misturar o arroz cozido e saborear com muito gosto e alegria, apreciando as maravilhas que essa nossa vida nos propicia. Beijins carinhosos.