Bolo Manauê: como antigamente
Desta vez dei um sossego bom a vocês, não foi, meus lindinhos? Andei lá pela região cacaueira, minha terrinha amadinha. Adoro bater perna por Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, rever os amigos de infância, abraçar os ex-aluninhos (a maioria já está também de cabelos brancos) e olhar os lugares onde vivi a infância e juventude.
Eu fiz o curso primário em Ibicaraí e fui fazer o curso ginasial em Ilhéus, onde me formei em professora, com 19 anos. Aí, voltei para Ibicaraí, quando fui ser a secretária do Ginásio, que tinha como diretora a querida e saudosa amiga Léa Galrão.
Lidar com os meninos adolescentes, os capetinhas’ do ginásio, foi uma experiência maravilhosa para mim, que aprendi a ter paciência e habilidade no trato com as pessoas. Hoje, quando encontro com eles lá na terrinha, recebo aquele abraço carinhoso, o que deixa meu coração inebriado de ternura.
Foi muito bom para a minha vida como jornalista, e depois, como professora na Faculdade de Comunicação, pois aprendi a usar a ternura e a técnica de lidar com as pessoas, o que deu certo.
Meus aluninhos – tanto os das faculdades onde lecionei, quanto os de Ibicaraí – têm o mesmo carinho pela 'prózinha' que exigia atenção ao passar o conhecimento de uma forma que alcançasse a todos. E também os levava aos jornais para vivenciar todo trabalho de confecção do exemplar. Tinham que saber aplicar na prática o que aprendiam na teoria.
E depois, com a chegada dos computadores, a agonia aumentou. Após a aula, uma turma ia almoçar na cantina enquanto outros ficavam praticando os ensinamentos que a ‘pró’ tinha passado. Os funcionários ficavam agoniados querendo fechar o laboratório e os meninos sem querer sair pois, na época, eles não dispunham do equipamento em casa.
Eu achava ótimo que eles ‘se divertissem’ aplicando os recursos gráficos nos seus trabalhos. Isso me deixava com a sensação de ‘dever cumprido’.
Foram trinta e poucos anos de magistério e alegria em minha vida. Morro de orgulho quando encontro meus ‘anjinhos’ hoje ou os vejo, com competência, exercendo o jornalismo com ética, nos jornais, rádios, televisões ou assessorias de empresas. São os lindinhos do meu coração.
Mas agora, vamos tratar do São João que está chegando. Já estou arrumando um vestido estampado e bem rodado, um chapéu de palha e batom vermelho pra cara ficar mais bonita pois vou pular a fogueira e dançar quadrilha no São João em Ibicaraí.
Já estou treinando o quadril para o rebolado, pra o forró e, quem sabe, arranjo um ‘forrozeiro’ pra ‘xeirar o cangote’ até o São Pedro. “São João, São João, acende a fogueira do meu coração”.
O São João no interior ainda é uma festa boa. A fogueira se acende nas ruas, tocam fogos de artifício (eu aguento, mas é a parte que eu menos gosto, pelo perigo e zuada que produzem) e, em quase todas as casas tem um licorzinho e uma canjica para oferecer ao visitante, além do carinho e aconchego pela visita. E eu já sou chegada a visita e carinho... Já viu, né, lindinho, saio empanturrada de canjica e balançando pelo forró e pelo licor, he-he. Bom demais, véio. Adoro.
Mas agora, aventais a postos que Elíbia Portela, a nossa loura linda e maravilhosa, preparou uma surpresinha pra vocês: é o bolo Manauê, uma receita antiga, um tipo de canjica de forno, acho que é isso. Vejam aí, que a loura entende do assunto.
Mãos à obra, vamos preparar a festa de São Joãozinho. Anarriê!
Bolo Manauê
Ingredientes:
-- 300ml de leite integral
-- 200ml de leite de coco
-- Uma pitadinha de sal
-- 3 espigas de milho verde debulhadas
-- 100g de coco ralado
-- 100g de açúcar
-- 100g de manteiga
-- ½ caixa de leite condensado
-- Fubá de milho de dê para fazer o ponto do pirão.
Modo de preparar:
1 - Bater o milho debulhado no liquidificador com o leite integral, e passar por peneira. Transferir depois para uma panela anti aderente, juntar o leite de coco, o coco ralado, a manteiga e o açúcar. Levar ao fogo, mexendo sempre até que ferva;
2 - Acrescentar meia caixinha de leite condensado sempre misturando, e transferir para uma assadeira de n.1 ou para um refratário retangular amanteigado;
3 - Alisar a superfície com as costas de uma colher. Espalhar uma mistura de 100ml de leite de coco e 100ml de leite condensado na parte de cima, espalhando bem;
4 - Levar ao forno para que asse até dourar. Servir depois de frio.
Aguardar os abraços juninos calorosos enquanto balança o quadril ao som de um forró animado. Feliz São Joao.