Cinema / Televisão

Assista no final de semana : Uma Mulher Fantástica

Que fala sobre a inserção e aceitação de transgêneros na sociedade

Foto: Divulgação
Uma Mulher Fantástica

Muitas as vezes é necessário variar nosso cardápio cinematográfico e não assistir apenas filmes que são super comentados na mídia ou produzidos por grandes estúdios.

Há mais ou menos duas semanas, por recomendação de um grupo que participo e que mistura psicanálise com cinema, assisti o provocativo filme “Uma Mulher Fantástica” (Netflix). Lançado em 2017, foi ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2018, com direção competente do diretor argentino-chileno Sebastián Lelio.

Com a sensibilidade que é sua marca para trabalhar temáticas delicadas, mais uma vez, Lelio volta seu olhar para a difícil e complicada arte de ser mulher, especialmente quando se é uma mulher trans (prometo que esse será meu grande spoiler nessa resenha).

Sebastian Lelio é primoroso ao desvendar o universo feminino em todas as suas nuances e desejos reprimidos em vários filmes, chamando atenção para “Desobediência”, um dos meus filmes preferidos da sua ampla filmografia.

Mas, vamos falar de “Uma Mulher Fantástica”, cujas as cenas iniciais nos inundam os sentidos com a bela fotografia das Cataratas de Iguaçu em toda sua força. 

Essa força também será vista no filme como uma avalanche de emoções, às vezes, um pouco desconectadas, mas sempre verdadeiras e reveladoras.

Marina, personagem principal, é uma mulher trans, interpretada de forma real, humana e sem pretensão pela cantora e atriz, Daniela Vega, também mulher trans.

O filme, através da trama bem construída, toca em um tema extremamente atual e relevante que é a inserção e aceitação de transgêneros em uma sociedade mal informada, preconceituosa e incapaz de entender que as mudanças de gênero, vão além de questões de órgãos genitais e preferências sexuais.

Marina, tem que lutar para mostrar quem é, superar uma perda sem legitimidade reconhecida, a aceitação social de um amor que lhe foi dado e que não lhe é permitido viver o seu luto.

A dura realidade de Marina, é invadida de cenas cruéis, como a do exame médico ao qual ela é submetida, ou de “um cala boca” nada metafórico, e que demonstram a incapacidade do mundo de aceitar as diferenças e entender todas as dimensões da alma humana. Um filme assistir, refletir e compartilhar.