Brasil

Brasileiros jogam fora 3,9 mil toneladas de copos (por dia)

O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo

Foto: Pixabay | Creative Commons
Os copos plásticos demoram de 200 a 400 anos para se decomporem

De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB), mais de 30 mil toneladas de resíduos plásticos são descartados por dia no país. Desse total, 3.900 toneladas são copos plásticos, o que equivale a aproximadamente 13% desses itens se tornando lixo diariamente.

O Brasil, segundo dados do Banco Mundial, é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reprocessadas na cadeia de produção como produto secundário. Esse é um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9%.

Os copos plásticos demoram de 200 a 400 anos para se decomporem em contato com o ar atmosférico, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos (Abrelpe).

Além disso, de acordo com o levantamento, o descarte impróprio pode acabar com os oceanos, sendo um dos principais responsáveis pela morte de diversas espécies marítimas, que confundem os resíduos plásticos com alimentos e acabam ingerindo-os.

Segundo o relatório da World Wide Fund for Nature (WWF), o volume de plástico que chega aos oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos - são mais de 60 por dia. E 85% dos animais que ingeriram lixo nos mares são espécies em risco de extinção. Também de acordo com o relatório, 50% de todos os animais pesquisados haviam ingerido algum tipo de plástico.

Um levantamento feito pela Abrelpe calculou que o uso de copos reutilizáveis poderia reduzir o descarte de plástico em até 80%. Isso se deve ao fato de que cada copo não descartável pode ser lavado e usado novamente até quatro vezes e assim evitar o descarte desse número de copos.

A projeção do Atlas do Plástico, que calculou o impacto futuro do uso de plástico no Brasil e no mundo com base nos dados de descarte dos anos anteriores, é de que até o ano de 2032 mais 800 milhões de toneladas de plástico serão descartadas pelos brasileiros, se a média anual se manter.

Ainda segundo o levantamento, no ranking dos maiores poluidores do oceano por plástico, o Brasil ocupa a 16ª posição. 

Para Marlos Almeida, sócio da Glück, marca americana que comercializa copos térmicos, 'o impacto ambiental provocado pelo descarte de copos plásticos prejudica de forma demasiada o meio ambiente e isso torna as políticas de redução do uso extremamente necessárias e urgentes'.

Marlos Almeida comenta que o uso de copos reutilizáveis ainda não é popular o suficiente no Brasil para ter o impacto necessário na conservação ambiental. 'Apenas uma pequena parcela da população tem essa consciência, do quanto o uso de plástico descartável é prejudicial ao longo dos anos para o meio ambiente e para os animais marinhos'.

Ecologistas da Stanford University’s Hopkins Marine Station concluíram que 210 espécies de peixes capturadas comercialmente comem plástico. Esses peixes são consumidos por bilhões de seres humanos que, de acordo com estudo publicado na revista Environmental Science and Technology, já consomem de 39 mil a 52 mil partículas de microplástico por ano.

Entre os riscos estão: piorar a asma, inflamar o sistema imunológico, danificar os órgãos internos e chegar até às placentas de mulheres grávidas.

A ecologista Heather Leslie, da Universidade Livre de Amsterdã, afirma que partículas de plástico podem induzir respostas imunotoxicológicas, alterar a expressão gênica (aumento do risco de câncer) e causar morte celular.

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Como reduzir o uso de plástico

Um estudo global publicado na revista científica Nature Sustainability revelou que 80% do lixo encontrado nos oceanos é composto por plástico, sobretudo sacolas e garrafas. Em seguida vêm metal, vidro, roupas e outros artigos têxteis, borracha, papel e madeira processada.

A maior proporção de plástico encontra-se nas águas superficiais (95%), seguida das costas (83%), enquanto os leitos dos rios apresentam a menor percentagem (49%).

A maior concentração de lixo foi encontrada nas faixas costeiras e no fundo do mar perto das costas. Uma das explicações dos cientistas é que o vento e as ondas varrem o lixo para a costa, onde se acumula no fundo.

A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global. Levantamento do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –, aponta que os principais setores diretamente afetados são o pesqueiro, comércio marítimo e turismo.

Enquanto o lixo plástico nos oceanos prejudica barcos e navios utilizados na pesca e no comércio marítimo, o plástico nas águas vem reduzindo o número de turistas em áreas mais expostas, como Havaí, Ilhas Maldivas e Coréia do Sul.