O Transtorno Bipolar do Humor é uma doença mental crônica que atinge uma parcela considerável da população. Estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sofram com o transtorno, o que corresponde a 8% da população do país. A principal característica da doença é a presença de episódios depressivos e maníacos, com alternância dessas fases entre si ou, em casos mais raros, na configuração de um episódio misto. As duas manifestações, depressão e mania, estão respectivamente relacionadas ao rebaixamento ou elevação do humor, podendo variar em intensidade (desde uma simples alteração do humor até episódios delirantes, psicoses e ideação suicida).
É considerada uma das doenças mais incapacitantes no mundo, com uma alta taxa de mortalidade, sendo o suicídio a causa mais frequente das mortes. O diagnóstico correto, o acompanhamento médico-psiquiátrico, o uso regular das medicações, a assistência psicoterapêutica do paciente e de seus familiares são determinantes para a eficácia do tratamento.
“O transtorno bipolar pode ter quadros de delírio, a exemplo de quando a pessoa está em mania e se sente muito poderosa. Mas esses quadros ocorrem em momentos específicos e não em todos os pacientes. Na verdade, buscamos fugir da padronização, procurando tratamento e olhares individualizados, o que nos faz considerar que existes ‘bipolaridades’, ou seja, diferentes apresentações dentro da própria doença. Há características gerais do transtorno, mas a forma como se deflagra um episódio é absolutamente particular”, diz André Dória, psicólogo e coordenador do Programa de Transtorno Bipolar da Holiste Psiquiatria.
O que é o Transtorno Bipolar?
O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor que se manifestam através da alternância entre episódios de depressão e episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade.
Transtorno bipolar é uma doença mais comum do que a maioria das pessoas imagina. Estima-se que cerca de 15 milhões da população brasileira (o que corresponde a 8% dos brasileiros) seja portadora de transtornos bipolar, considerando os casos graves aos mais amenos da doença.
Causas e características
Ainda não existe um único fator que cause o transtorno bipolar, sabe-se que sua etiologia é multifatorial. Estudos apontam alguns fatos que podem estar relacionados à doença, como por exemplo fatores genéticos , biológicos e experiências pessoais.
Existem algumas classificações do transtorno bipolar:
Tipo I – Caracteriza-se pela presença de episódios de depressão e mania, atinge 1% da população.
Tipo II – É caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia – hipomania.
Mista - Quando os episódios possuem várias características tanto de mania quanto de depressão simultaneamente.
Consequências
O TB pode causar muito sofrimento para os indivíduos e suas famílias, chegando a incapacitar o portador. Dados da Organização Mundial de Saúde, ainda na década de 1990, evidenciaram que o TB foi a sexta maior causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam que um portador que desenvolve os sintomas da doença aos 20 anos de idade, por exemplo, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade profissional, se não tratado adequadamente.
A taxa de mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos pacientes tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% conseguem efetivá-lo. Doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares também são mais frequentes entre portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral.
A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, dificultando a adesão ao tratamento e aumentando em duas vezes o risco de suicídio.
Em geral, o transtorno começa a se manifestar no inicio da vida adulta, na faixa dos 20 anos de idade. Porém, o início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais observado e, em função de peculiaridades na apresentação clínica, a elaboração de um diagnóstico se torna difícil. Não raramente, as crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso pode ter consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de TB.
O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores, podendo ser realizado em caráter ambulatorial, com acompanhamento do médico psiquiatra e uso regular de medicação. Casos de crises agudas, não raro, demandam uma internação psiquiátrica.