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Polícia de Kiev confirma morte de jornalista do New York Times

A vítima é o jornalista Brent Renaud

Renaud foi baleado no pescoço e morreu instantaneamente

Um repórter do jornal americano "New York Times" foi baleado e morto na cidade de Irpin, nos arredores de Kiev, disse o chefe da polícia da região de Kiev neste domingo (13 de março).

Segundo as autoridades locais, a vítima do conflito iniciado em 24 de fevereiro é o jornalista Brent Renaud, cujo corpo foi alvejado por soldados russos.

Até o momento, o jornal "New York Times" e o governo dos Estados Unidos ainda não se manifestaram.

As forças de segurança ucranianas relataram que outro repórter da publicação, que estava com Renaud, também foi atingido e levado a um hospital em Kiev. A identidade deste profissional ainda não foi divulgada.

Os dois filmavam refugiados fugindo de Irpin quando foram atingidos por tiros em um posto de controle. Renaud foi baleado no pescoço e morreu instantaneamente, enquanto seu colega de trabalho ficou ferido.

Em um vídeo nas redes sociais é possível ouvir a versão do jornalista ferido. "Estávamos filmando os refugiados em fuga", contou ele.

35 mortos

Um ataque aéreo da Rússia atingiu uma área militar na região de Lviv, a cerca de 25 quilômetros da fronteira entre Ucrânia e Polônia, e deixou ao menos 35 mortos e 134 feridos, informou o governo local neste domingo.

De acordo com o Centro de Comunicações Estratégicas e Segurança da Informação do governo ucraniano, o bombardeio ocorreu em uma base de teste militar em Starychi, na região de Lviv, conhecida como Campo Militar de Yavoriv. Ainda segundo a administração de Lviv, tropas russas dispararam 30 mísseis, e 19 ambulâncias foram deslocadas para a área.

"Devo anunciar que, infelizmente, perdemos mais heróis: 35 pessoas morreram no bombardeio do Centro Internacional de Manutenção e Segurança da Paz", escreveu o governador da região de Lviv, Maksym Kozitsky, no Telegram.

"Os bombeiros apagaram o fogo na instalação e conseguiram se aproximar do prédio", acrescentou ele.

Em Lviv, cerca de 11 sirenes de alarme que anunciavam um ataque aéreo foram acionadas nesta manhã. De acordo com um dos correspondentes da ANSA, o alarme, que não soava em plena luz do dia há vários dias, já foi interrompido.

"Este é um novo ataque terrorista à paz e segurança perto da fronteira com a UE e a Otan", enfatizou o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, afirmando que "instrutores estrangeiros trabalham" no centro. "Precisamos agir para acabar com tudo isso. Fechem os céus!", apelou.

Para Kozytsky, o ataque de hoje é uma confirmação de que não só a Ucrânia, mas toda a Europa estaria sob ataque, tendo em vista que a Polônia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Além disso, a fronteira da Ucrânia com a Polônia é um lugar estratégico para a passagem de material bélico para auxiliar a resistência ucraniana na guerra.

As forças armadas russas também atingiram a base aérea de Ivano-Frankivsk, na parte ocidental do país, informou o "Kyiv Independent", citando o prefeito da cidade, Ruslan Martsinkiv.

O político explicou ainda que o aeroporto da região foi alvo de ataques russos pelo segundo dia consecutivo. As forças russas estão tentando cercar os militares ucranianos no leste do país, avançando na direção de Kharkiv e Mariupol, revelou o Ministério da Defesa britânico nesta manhã.

A Ucrânia também continua atenta à movimentação russa na área próxima à capital, Kiev. Em Chernihiv, no norte do país, um ataque a um prédio deixou ao menos uma pessoa morta, segundo informações iniciais. A guerra, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, entra em seu 18º dia neste domingo.

Civis mortos

Pelo menos 579 civis foram mortos, incluindo 42 crianças, e mais de mil ficaram feridos na Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos neste sábado (12).

No balanço anterior, a entidade havia informado que 564 pessoas perderam a vida e 982 ficaram feridas no conflito que já dura 17 dias.

Segundo a ONU, que aponta que o número real pode ser significativamente muito maior, especialmente nas áreas sob controle do governo sitiadas pelas forças russas, a guerra já deixou 1002 civis feridos, incluindo 54 menores de idade.

Em todos os relatórios, a organização tem explicado que "a maioria das baixas civis registradas foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo artilharia pesada e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, mísseis e ataques aéreos".

Hoje, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em uma transmissão durante um protesto em Florença, na Itália, que 79 crianças morreram desde o início da guerra.

"Pedimos para recordar o número 79, as 79 crianças mortas pela guerra, 79 famílias destruídas. Devemos garantir que este número não aumente e que ninguém o esqueça", afirmou.

Mais cedo, Zelensky divulgou que "cerca de 1,3 mil militares ucranianos" foram mortos durante o conflito, enquanto que o Exército russo perdeu "cerca de 12 mil homens".

A Rússia, por sua vez, disse ter perdido 500 militares. Já os Estados Unidos falam que as perdas russas variam entre 2 mil e 4 mil.