Brasil

Como o Brasil está reagindo à invasão da Ucrânia pela Rússia

A posição dos políticos brasileiros e do Itamaraty

O presidente Jair Bolsonaro disse que está "totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia". 

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota pedindo a “suspensão imediata” das hostilidades após a Rússia invadir o território ucraniano. O texto diz que o governo brasileiro acompanha com “grave preocupação” a deflagração de operações militares pela Rússia contra alvos na Ucrânia e pede uma solução pacífica para o conflito.

Leia Mais

“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, afirma.

A nota é a primeira manifestação oficial do governo brasileiro após o agravamento do conflito. O presidente Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou.

O texto ressalta ainda que, como membro do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil “permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira” e na defesa de soluções que considerem “os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias”.

Uma segunda nota foi divulgada com orientações para brasileiros na Ucrânia. De acordo com o texto, a Embaixada do Brasil em Kiev permanece aberta e dedicada à proteção dos cerca de 500 cidadãos brasileiros no País. Nenhum plano de retirada dos cidadãos brasileiros da zona de guerra foi mencionado.

“Solicita-se aos cidadãos brasileiros em território ucraniano, em particular aos que se encontrem no leste do país e outras regiões em condições de conflito, que mantenham contato diário com a Embaixada. Caso necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações da Embaixada e, no caso dos residentes no leste, deslocar-se para Kiev assim que as condições de segurança o permitam”, completa.

O Itamaraty disponibilizou para casos de emergência relacionadas ao conflito o número de telefone de plantão consular +55 61 98260-0610.

A reação política

Integrantes da classe política brasileira foram às redes sociais nesta quinta-feira, 24, lamentar a invasão da Ucrânia pela Rússia e opinar sobre a conduta a ser adotada pela diplomacia brasileira. Parlamentares, governadores e presidenciáveis já se pronunciaram. 

Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil não está neutro e não concorda com a invasão da Rússia na Ucrânia. "O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano", disse.

"Se realmente essa invasão prosseguir da forma como está ocorrendo, vai haver um êxodo em massa dos ucranianos, uma nação de 40 milhões de habitantes, na direção da Europa Ocidental e vai ser um problemão aí", disse Mourão.

O pré-candidato do Podemos à Presidência, Sérgio Moro, foi o primeiro postulante ao Planalto a se manifestar. Disse repudiar o conflito e se posicionou favorável à Ucrânia. “Repudio a guerra e a violação da soberania da Ucrânia. A paz sempre deve prevalecer”, escreveu.

O provável candidato do PT ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, também se pronunciou. Em entrevista à rádio Supra FM, ele criticou a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) no apaziguamento do conflito e disse que a agência perdeu representatividade.

“É importante a gente chamar a atenção das Nações Unidas. As Nações Unidas precisam levar em conta que elas não têm mais a representatividade que tinha quando ela foi criada em 1948. É importante ela lembrar que a geografia política do mundo mudou”, disse o ex-presidente, defendendo que mais países tenham representação no conselho de segurança do órgão.

“Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha”, publicou o perfil oficial do ex-presidente no Twitter.

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) criticou o desempenho diplomático do Brasil ao comentar a invasão russa e chamou o governo Bolsonaro de despreparado. “No mundo atual não existe mais guerra distante e de consequências limitadas. Precisamos nos preparar, portanto, para os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Muito especialmente por termos um governo frágil, despreparado e perdido”, publicou.

O pré-candidato João Doria (PSDB) classificou a invasão como "condenável". "Condenável a invasão da Ucrânia pela Rússia. Guerra nunca é resposta a nada. Ninguém ganha quando a violência substitui o diálogo. Muitos acabam pagando pelas decisões de poucos. O que está em jogo são milhões de vidas humanas. Mais do que nunca o mundo precisa de paz", escreveu.

O deputado Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ) foi às redes opinar que o ex-presidente americano Donald Trump teria, segundo ele, um desempenho melhor quanto ao conflito. "Trump foi um raro caso de Presidente dos EUA que não entrou e evitou guerras. Em um mundo normal ele receberia o Nobel da Paz", publicou.

A deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) prestou solidariedade aos ucranianos e manifestou preocupação com os brasileiros que estão no país neste momento. “Minhas preces estão com o povo da Ucrânia e os 500 brasileiros que ainda lá estão”, escreveu. Na mesma publicação, ela publicou um vídeo do encontro entre o presidente Bolsonaro e Vladimir Putin na semana passada. O vídeo registra o mandatário brasileiro dizendo ser solidário à Rússia.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) também se solidarizou com os ucranianos, mas evitou mencionar o chefe do Executivo em sua publicação. “A guerra está declarada. Rezemos pelos ucranianos”, escreveu a parlamentar. Já a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) compartilhou notícias sobre a invasão sem tomar partido.

O governador Flávio Dino, do Maranhão, lamentou a invasão e disse torcer para que ambos os lados cedam. “Uma guerra significa o fracasso dos valores humanitários e da boa política. Lamento muito e espero que a paz prevaleça, com as necessárias concessões das partes envolvidas”, escreveu.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) defendeu o diálogo entre Rússia e Ucrânia. “Guerra significa dor, morte e sofrimento. Será sempre o pior caminho. Rogo a Deus que esse conflito entre Rússia e Ucrânia tenha logo um fim, com a retomada do diálogo que leve ao caminho do respeito e da paz”, publicou.