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Baixa procura ajuda a reduzir preços da laranja e do mamão

No caso das hortaliças, o movimento de alta de preços ainda afeta o consumo em quase todo o país

Foto: Pixabay | Creative Commons
A produção da fruta continuou baixa, principalmente do mamão papaya

Ir na contramão do consumo em escala pode ser a chance para economizar nas compras de frutas e hortaliças. De acordo com o 2º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira (17), a fraca demanda pela laranja em janeiro, principalmente nos 20 primeiros dias do mês, favoreceu a queda de preços desta fruta em diversas Centrais de Abastecimento (Ceasas) do país.

Os percentuais chegaram a 23,76% em Fortaleza/CE, com a laranja sendo vendida a uma média de R$ 2,34 o quilo, e a 18,65% em Recife/PE,  onde a cotação média da fruta é de R$ 1,71/kg.

“O Brasil é um grande produtor mundial de frutas e tem peculiaridades que permitem a oferta de uma ampla variedade de produtos”, ressalta o superintendente de Estudos Agroalimentares e da Sociobiodiversidade da Conab, Marisson Marinho.

“Quem deseja reduzir os gastos mensais, mantendo uma alimentação saudável e rica em produtos frescos, precisa conhecer as alternativas mais baratas. Na comparação entre janeiro/22 e dezembro/21, em relação às frutas comercializadas na Ceagesp - São Paulo, tivemos queda nas cotações o caqui (45%), a pitaia (39%), a lichia (37%), a cereja (36%), o abacate (32%), o figo (30%), a carambola (28%) e o limão (21%)”.

Segundo o Boletim, o mamão também esteve mais em conta nas Ceasas no último mês. A produção da fruta continuou baixa, principalmente do tipo papaya, em decorrência de menores investimentos anteriores, de perdas nas lavouras e da qualidade das frutas afetada pelo grande volume de chuvas registrado nas principais regiões produtoras. Com percentual negativo de 24,62% em Curitiba/PR, o mamão teve preço médio de R$ 4,50/Kg. Já em Belo Horizonte/MG, a redução foi de 18,37%, vendido a R$ 3,51/kg.

No caso das hortaliças, o movimento de alta de preços ainda afeta o consumo em quase todo o país. "Isso acontece porque essas culturas são muito sensíveis aos problemas climáticos”, explica o gerente  substituto de Estudos do Mercado Hortigranjeiro da Conab, Arthur Vasconcelos. “Em janeiro, o comportamento preponderante de preços para as hortaliças estudadas foi de aumento, especialmente para a alface, batata e a cenoura”.

As chuvas em grande parte do país, exceto nas regiões Sul e Nordeste, comprometeram algumas lavouras e reduziram a disponibilidade dos produtos nos mercados. A batata, que tinha alcançado oferta recorde em dezembro de 2021, com consequente queda nos preços, em janeiro teve alta na maioria dos mercados atacadistas, especialmente em Goiânia/GO (39,70%) e Belo Horizonte/MG (37,60%). No início deste mês de fevereiro, o movimento de preços continua subindo, o que demonstra que a oferta a partir da safra de verão ainda não está atendendo toda a demanda.

Também os preços da cenoura em janeiro, como previsto, apresentaram altas bastante expressivas na maioria dos mercados analisados, principalmente nas Ceasas de Fortaleza/CE (138,53%), Vitória/ES (113,10%) e Goiânia/GO (103,78%).

A pesquisa do Prohort revela que a pressão sobre os valores praticados foi em função da queda na oferta, que em janeiro/22 foi quase 15% menor em comparação a dezembro/21.

Em fevereiro, a continuação das chuvas nas áreas produtoras, sobretudo de Minas Gerais, mantém as cotações elevadas. Já a cebola, que segue em trajetória ascendente de preços em todos os mercados analisados, teve o maior percentual de aumento em Brasília/DF (23,17%), seguido por Vitória/ES (13,61%) e Campinas/SP (12,30%).

Enquanto o trio de hortaliças mais consumidas no Brasil segue em alta, a opção é variar o cardápio com itens que se destacaram na redução da média de preços. Em São Paulo, por exemplo, ficaram mais baratos a rúcula (18%), a abóbora (13%), o pimentão (11%), o alho (8%) e a vagem (6%).

Alface - As chuvas na Região Sudeste e o déficit hídrico na Região Sul reduziram a oferta, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Houve predominantemente alta de preços. Com demanda em alta pela normalidade dos serviços de alimentação e volta às aulas em fevereiro, a tendência é de continuidade de alta de preços.

Banana - Houve leve aumento da disponibilidade da banana nanica conjugada com a redução de preços e restrição da oferta da banana prata (entressafra, desafios climáticos) junto à sua tendência altista das cotações. As exportações continuaram positivas, com destaque para o Mercosul.

Batata - Menor oferta em janeiro, mesmo com a safra de verão (das águas) abastecendo o mercado. Os preços voltaram a subir em quase todas as Ceasas. Os envios, a partir do Paraná, diminuíram cerca de 30% em comparação com dezembro/2021. O maior aumento de preços foi na Ceasa do Rio de Janeiro (66,69%).

Cebola - Menor disponibilidade de cebola no mercado em relação a dezembro de 2021, que exerceu pressão sobre os preços. A baixa qualidade do bulbo arrefeceu, em parte, o movimento de alta. O maior percentual de aumento foi na Ceasa/DF - Brasília (23,17%). As importações, diante dos níveis dos preços internos, devem aumentar a partir de fevereiro ou março.

Cenoura - Chuvas intensas nas regiões produtoras, sobretudo em Minas Gerais diminuíram a oferta que, aliada à pressão de outros estados, cujas ofertas foram insuficientes para atender o consumo local, resultaram em altas expressivas de preços. Na Ceasa/CE - Fortaleza o aumento de preços chegou a 138,53%.

Laranja - Houve elevação da oferta junto à queda das cotações na maioria das Ceasas, principalmente por causa de chuvas mais intensas que inibiram ainda mais a demanda já restrita/fraca, principalmente nos primeiros 20 primeiros dias do mês. O Fundecitrus reestimou a safra vindoura e confirmou que o volume produzido será baixo.

Maçã - Ocorreram algumas elevações de preços devido à queda da oferta – menores estoques das companhias classificadoras. Porém, quando começar a colheita da nova safra de maçã gala em meados de fevereiro e da maçã fuji no início de março, os preços podem cair novamente. A estiagem prolongada no sul deve contribuir para a colheita de mais maçãs miúdas.

Mamão - A produção da fruta continuou baixa, principalmente do mamão papaya, em decorrência dos baixos investimentos anteriores, das perdas de pés de mamão e da qualidade das frutas, por causa do grande volume de chuvas registrado nas principais regiões produtoras. As exportações caíram em relação a janeiro de 2021.

Melancia - Janeiro teve queda da oferta nacional, com o fim da primeira parte da colheita na Bahia e finalização em São Paulo, ficando a cargo da safra gaúcha abastecer a maior parte dos mercados. A melancia teve problemas na qualidade e na produtividade por causa do déficit de precipitações na Região Sul, principalmente. Já as exportações continuaram positivas.

Tomate - Mesmo com uma maior oferta em janeiro, decorrente de temperaturas elevadas que aceleram a maturação dos frutos, permaneceu a tendência de alta de preços para algumas Ceasas. Os preços reagiram na maioria dos mercados às ofertas locais. Em São Paulo, o aumento da oferta fez os preços tanto na Ceagesp da capital como na Ceasa Campinas cederem 9,17% e 5,02%, nessa ordem.

Cooperação Técnica – Com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento e contínua modernização do setor hortigranjeiro nacional, a Companhia renovou, no último dia 9 de fevereiro, o Acordo de Cooperação Técnica com a Ceasa do Espírito Santo.

O documento foi assinado pelo presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, e pelo diretor de Política Agrícola e Informações, Sergio De Zen. Também assinaram o presidente da Ceasa/ES, Guilherme Souza, e o diretor técnico da central, José Malhame.

Atualmente, o levantamento dos dados estatísticos do Boletim Prohort da Conab é realizado nas Centrais de Abastecimento localizadas em São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ, Campinas/SP, Vitória/ES, Curitiba/PR, Goiânia/GO, Brasília/DF, Recife/PE, Fortaleza/CE e Rio Branco/AC que, em conjunto, comercializam a maior parte dos hortigranjeiros consumidos pela população brasileira.