A forte chuva que atingiu a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, na terça-feira, dia 15 causou a morte de pelo menos 182 pessoas. Outras 24 pessoas foram resgatadas com vida, mas ainda há buscas na região e alerta climatológico.
Vários pontos do centro estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa e é prevista chuva de fraca ou moderada intensidade nesta quarta-feira, 16.
A prefeitura de Petrópolis e o governo do Estado do Rio não haviam divulgado, até a noite desta quarta-feira, 16, nenhuma lista de pessoas desaparecidas em razão das chuvas que atingiram a cidade serrana. Mas o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) compôs uma lista que, até o início da noite desta quarta-feira, era composta pelos nomes de 35 desaparecidos em decorrência das chuvas.
O cadastramento está sendo feito pelo Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do MP-RJ), que está mobilizado em sua central de atendimento. As informações sobre desaparecidos são recebidas pelos canais de comunicação do Programa pelo telefone (0xx21) 2262-1049, pelo e-mail atendimento.plid@mprj.mp br e pelo site: www.mprj.mp.br/todos-projetos/plid.
A partir do cadastro no banco de dados do Programa, as informações e características físicas dos desaparecidos compartilhadas por parentes e familiares são checadas junto aos demais bancos de dados oficiais. Há uma equipe integrada por servidores e promotores de Justiça no Hospital Alcides Carneiro, no bairro Corrêas, e no Instituto Médico Legal da cidade, na Rua Vigário Corrêa.
No local conhecido como Morro da Oficina, no Alto da Serra, a Defesa Civil estima que 80 casas tenham sido afetadas. Em outras regiões, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e nas ruas Uruguai, Whashington Luiz e Coronel Veiga também há registros.
O volume de chuvas que caiu em Petrópolis nesta terça-feira, 15, é o maior registrado na cidade nos últimos 90 anos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo o Cemaden, choveu na cidade 259,8 milímetros em 24 horas. Desde que o Inmet passou a medir as chuvas no local, em 1932, não houve um volume tão alto.
De acordo com o Inmet, as chuvas desta terça-feira superaram o recorde anterior de 168,2 milímetros registrados em 20 de agosto de 1952. A chuva recente, concentrada em quatro horas e acima do esperado para todo o mês de fevereiro, causou dezenas de deslizamentos e ao menos 80 mortes até o final da tarde desta quarta-feira, 16.
Segundo o Inmet, a região serrana permanece na área de atenção em função do grande volume de chuvas. A região está sob alerta laranja de chuvas até às 11h desta quinta-feira, 17 - o que significa chuvas intensas e perigosas para a área, podendo chegar a 100 mm em 24 horas.
Imagens da destruição - Redes Sociais
Meteorologistas explicam que a chuva recente foi motivada pela formação de áreas de instabilidade a partir da passagem de uma massa de ar fria pelo Rio de Janeiro. As características do relevo da região serrana contribuíram para a precipitação.
Ao chegar na região de Petrópolis, a massa de ar frio resultou na chamada “chuva orográfica” ou “chuva de relevo”, na qual as características de serra forçam uma elevação dos ventos úmidos, o que gera um encontro com temperaturas mais baixas e a consequente precipitação. “O relevo obriga a umidade a subir na atmosfera e formar nuvens que devolvem a umidade na forma de chuva”, explica Estael Sias, meteorologista da MetSul.
“Primeiro, a passagem da frente fria e, depois, a chuva orográfica elevaram os acumulados de precipitação”, pontua. Petrópolis fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar. “O relevo teve papel importante tanto na formação da chuva quanto na ampliação do desastre ao acelerar a descida da água.”
Antes de se aproximar da serra, a passagem da frente fria já havia entrado em contato com o ar quente e úmido, o que resultou na formação de nuvens carregadas, de acordo com a MetSul. Além disso, o fluxo de ar frio vindo do oceano pela tarde também influenciou na formação de áreas de instabilidade mais localizadas.
Também influenciam na tragédia desta terça-feira de impactos outros fatores, como o histórico recente de chuvas, as mudanças climáticas, a urbanização desordenada e a ocupação do solo, por exemplo.
Em 2011, as fortes chuvas na Região Serrana do Rio deixaram mais de 900 mortos. É considerada a maior tragédia climática da história do Brasil. Em 2001, foram 57 mortos em Petrópolis. Em 2013, outra tragédia por causa da chuva, com 33 mortos.
Bolsonaro pede auxílio imediato
O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu aos ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) “auxílio imediato” às vítimas das chuvas em Petrópolis (RJ).
“De Moscou tomei conhecimento sobre a tragédia que se abateu em Petrópolis/RJ. Fiz várias ligações para os Ministros @rogeriosmarinho e Paulo Guedes para auxílio imediato às vítimas, bem como conversei com o @DefesaGovBr General Braga Netto, que me acompanha na Rússia”, publicou no Twitter o presidente, que está em visita oficial à Rússia.
De acordo com Bolsonaro, ele também conversou com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). “Retorno na próxima sexta-feira e, mesmo distante, continuamos empenhados em ajudar ao próximo. Deus conforte aos familiares das vítimas”, finalizou o chefe do Executivo, na mesma rede social.
Em 2011, a região serrana do Rio viveu outra catástrofe natural por causa de chuvas e deslizamentos de terra, considerada a maior catástrofe climática do Brasil. Na época, em poucas horas, um temporal na madrugada do dia 12 de janeiro matou mais de 900 pessoas em três municípios - 130 em Teresópolis; 97 em Nova Friburgo; e 18 em Petrópolis, cidade atiginda pelas chuvas desta vez.
Policiais e a população ajudam na procura por sobreviventes - Foto: Bombeiros RJ
Veja como ajudar - Para evitar cair em golpes, é importante se certificar por meio de canais oficiais que os endereços para coleta de doações ou números de contas bancárias para ajudas são verdadeiros.
Todas as paróquias da cidade estão abertas e de prontidão para acolhida de desabrigados e desalojados. As igrejas também estão recebendo doações de roupas e material de higiene.
Locais para doação de alimentos, cobertores, água potável, roupas e itens de limpeza
- Ginásio do Estádio São Januário
- Sede Náutica da Lagoa
- Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis
- Sede do Fluminense
- Estádio Nilton Santos (Portão Norte 2)
- Igreja Missões Evangelística Vinde Amados Meus - Rua Bernardo de Vasconcelos 604, Cascatinha
- Pronto Socorro do Alto da Serra - Rua Teresa 1.839 - Alto da Serra
- Igreja Católica de São Francisco de Assis - Rua João Xavier - Moinho Preto
- OAB/ Rio- Avenida Marechal Câmara 210 - Centro do Rio
- OAB/Petrópolis - Rua Marechal Deodoro 229, sobreloja - Centro de Petrópolis
A Prefeitura de Petrópolis montou 15 pontos de apoio para acolher pessoas desalojadas ou desabrigadas, com a tempestade de terça-feira. Os pontos foram montados principalmente em escolas e igrejas.
Pontos de acolhimento
- Escola Estadual Augusto Meschick
- Salão Paroquial da Igreja São Paulo Apóstolo
- Escola Paroquial da Igreja Bom Jesus
- Escola Municipal Alto Independência
- Escola Municipal Doutor Paula Buarque
- Escola Municipal Stefan Zweig
- Escola Municipal Odette Fonseca
- Escola Municipal Governador Marcello Alencar
- Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla
- Escola Municipal Papa João Paulo II
- Escola Municipal Ana Mohammad
- Escola Municipal Rosalina Nicolay
- Quadra do Boa Esperança Futebol Clube
- Escola Municipal Dr. Rubens de Castro Bomtempo
- Escola Municipal Duque de Caxias