Brasil

Flow perde patrocínio depois de Monark comentar sobre o nazismo

3 patrocinadores já romperam contratos

Foto: Flow | Reprodução
Monark defendeu a existência do nazismo

Após pressão do público, a empresa Estúdios Flow, responsável pelo Flow Podcast, perdeu ao menos 4 patrocinadores nesta terça-feira, 8: a Flash Benefícios, empresa de cartões para empresas, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, a Fatal Model, site de anúncios de acompanhantes e a Insider Store.

O rompimento dos contratos foi atribuído a declarações do apresentador Monark, que defendeu a legalidade de existência de um partido nazista no Brasil durante episódio com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) na noite de ontem. 

Em nota, a Flash Benefícios declarou que não concorda com os comentários e que eles são “inadmissíveis”: “Não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão. Reforçamos que todo e qualquer tipo de opinião jamais pode ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de um grupo da sociedade". 

Ao se posicionar, o anfitrião do podcast Monark argumentou que a organização formal de um partido nazista estaria amparada pela liberdade de expressão. A declaração foi rebatida por Tabata, que afirmou que destacou que essa liberdade termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas. 

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro era responsável por apoiar um braço do programa, o Flow Sport Club, que transmitia os jogos de futebol do Campeonato Carioca. Em nota, a entidade anunciou o rompimento e afirmou ser “contrária a qualquer tipo de preconceito”. 

A Fatal Model divulgou seu posicionamento: "Assim, como sempre em toda nossa caminhada, repudiamos e sempre repudiaremos qualquer forma de discriminação, preconceito e violência".  

O Sportsbet.io, site de apostas esportivas, publicou na tarde da terça-feira que também irá romper contrato com o Flow Sport Club. "As afirmações vão totalmente contra os valores que a marca defende", disse a empresa, em nota.

Por meio de vídeo publicado em suas redes, a Insider Store, marca de vestuário também anunciou a suspensão "de qualquer tipo de parceria com o Podcast Flow". Na mensagem gravada por um dos co-fundadores da loja, Yuri Gricheno, a empresa também exige que Monark deixe o programa para rediscutir um eventual novo contrato. 

O movimento contrário às declarações de Monark nas redes sociais foi puxado pelo grupo Judeus pela Democracia, que, a exemplo do Sleeping Giants, passou a dirigir apelos diretos aos anunciantes e patrocinadores do progama. 

A Mondelez Brasil, detentora da marca BIS, se pronunciou logo no fim da manhã, repudiando a discriminação e o racismo, e esclarecendo que só financiou dois episódios do programa em 2021 e que já havia solicitado a exclusão da marca entre os patrocinadores do Flow. 

A marca esportiva Puma também se pronunciou de modo similar, argumentando que já solicitou a exclusão de seu nome da lista de patrocinadores. 

O grupo Insider declarou repudiar "veementemente" as declarações "de cunho antissemita e racista do apresentador Monark no último Flow Podcast" e concluiu que "grupos sociais, étnicos, culturais ou religiosos não podem ter a sua liberdade e integridade ameaçados em nenhum aspecto e situação dentro de uma sociedade pautada na democracia e nos direitos humanos".

A Yuool, que parocinou o Flow até dezembro, repudiou as declarações expressas no podcast. "O posicionamento dos participantes não condiz com os princípios defendidos pela marca. Nós não apoiamos qualquer discurso, ação ou prática de ódio." 

Denúncias de neonazismo crescem 

Em 2021, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet recebeu e processou 14476 denúncias anônimas de neonazismo na internet. O número é 60,7% maior que as 9004 denúncias registradas em 2020.

O número de denúncias de neonazismo recebidas pelo hotline da Safernet em 2021 é o maior registrado pela entidade desde 2010, quando a central recebeu 22.443 denúncias deste crime. 


Países que hospedam o conteúdo denunciado no Brasil - Fonte: Safernet

As mais de 14 mil denúncias recebidas em 2021 referem-se a 894 páginas de internet diferentes. Desse total de páginas, 318 já foram tiradas do ar por ordem de autoridades. 

As denúncias de atividades neonazistas na internet vêm crescendo desde o primeiro ano da pandemia. Em 2020, a Safernet registrou 9004 denúncias desse tipo de crime contra 1071 no ano anterior – um crescimento de 740,7%.