Veículos

Vendas de veículos têm o pior resultado no País em 17 anos

A queda em relação a igual período do ano passado foi de 26,1% em janeiro

A indústria de veículos começou 2022 com o pior janeiro em vendas em 17 anos. De acordo com o balanço divulgado nesta quarta-feira, 2, pela Fenabrave, associação das concessionárias, 126,5 mil unidades foram licenciadas no País durante o mês passado, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Desde os menos de 110 mil veículos registrados em igual mês de 2005, não se via um janeiro tão baixo.

A queda em relação a igual período do ano passado foi de 26,1%. Frente a dezembro, quando o mercado deu sinais de reação com o melhor volume de 2021, o tombo foi ainda maior: 38,9%.

Num sinal preocupante sobre a demanda após a escalada tanto de preços quanto do custo de financiamento dos automóveis, o resultado negativo se deu num momento de maior disponibilidade de produtos nas lojas, dada a puxada na produção das montadoras no fim do ano passado.

Ao comentar o desempenho, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Jr., citou a alta dos juros e a menor disponibilidade de renda, dada a inflação persistente, entre os motivos por trás da queda das vendas em janeiro. Segundo ele, as fortes chuvas e a nova onda de contaminações pela variante Ômicron também ajudaram a reduzir o movimento nas concessionárias.

A previsão da entidade que representa as revendas é de crescimento de 4,6% dos emplacamentos de veículos neste ano, um objetivo que, após o fraco janeiro, só será possível se a média mensal do mercado subir para acima das 180 mil unidades. É algo que nos últimos sete meses só aconteceu em dezembro por conta da oferta restrita de carros no mercado.

O desempenho negativo do primeiro mês do ano foi mais uma vez puxado pelo segmento de carros e utilitários leves, como picapes e vans, onde houve queda de 28,3% contra janeiro do ano passado. Na comparação com dezembro, o recuo foi de 39,8%.

Assim como no ano passado, a Fiat começou 2022 na liderança, com 20% das vendas totais de automóveis e comerciais leves. Na sequência, aparecem General Motors (GM) e Volkswagen, empatadas com 11,2% do mercado, e Hyundai (10,8%).

"Incertezas sobre a economia e as altas nas taxas de juros, com maior seletividade para a oferta de crédito, afetam as condições de financiamento", comentou Andreta Jr.. Ele acrescenta que ainda faltam produtos nas lojas, apesar do aumento do estoque nas concessionárias divulgado no mês passado pela Anfavea, a associação das montadoras.

Com um total de 8,5 mil unidades, as vendas de caminhões subiram 17,3% frente a janeiro de 2021, mas recuaram 28,9% contra dezembro.

O balanço da Fenabrave mostra ainda alta de 3,3% das vendas de ônibus em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com dezembro, as entregas de coletivos (1,4 mil unidades) tiveram baixa de 10,9%.

As vendas de motos tiveram alta de 4,5% em janeiro frente o primeiro mês do ano passado, chegando a 89,7 mil unidades. Na comparação com dezembro, houve queda de 20,2% no mercado de motocicletas novas, informou nesta quarta-feira a Fenabrave, associação que representa as concessionárias.

Ao comentar o resultado, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, observou que a demanda segue aquecida no segmento de duas rodas, mas os baixos níveis de estoque nas concessionárias e o encarecimento do crédito são "desafios a serem superados".

"As vendas estão estabilizadas em um bom nível, mas a dificuldade de crédito e da normalização da produção são questões para as quais estamos atentos", afirmou Andreta Júnior

Líder com folga nesse mercado, a Honda respondeu por 75,2% de todas as motos vendidas no Brasil no mês passado. Vice-líder, a Yamaha ficou com 18,9%.