Brasil

Mais um navio de cruzeiro tem surto de Covid no litoral do País

É o terceiro caso registrado nos últimos dias

O MSC Preziosa está perto de Cabo Frio

Um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar a suspensão da temporada de transatlânticos, novos casos de suspeita de Covid-19 foram registrados a bardo de um navio de cruzeiro, desta vez no MSC Preziosa, que se encontra próximo a Cabo Frio, na região dos Lagos do Rio de Janeiro.

São cerca de 20 casos de covid-19 entre passageiros e tripulantes, informou a Secretaria Municipal de Saúde da capital fluminense. "Todos os pacientes, assim como os cerca de 35 a 40 contactantes estão cumprindo isolamento a bordo", informou a secretaria.

A empresa responsável pelo navio emitiu nota confirmando os casos. (...) identificamos um pequeno número de casos de Covid-19 entre as pessoas que estão a bordo do MSC Preziosa, que representa 0,6% do total da população a bordo", informou a empresa. "Todos os casos são assintomáticos ou com sintomas leves".

A companhia identificou os casos na rotina de monitoramento de saúde, que inclui testagens frequentes e diárias de 10% dos hóspedes e tripulantes. O grupo foi isolado em uma seção dedicada e separada do navio, em cabines com varanda, seguindo as medidas previstas para este tipo de situação.

O navio Costa Diadema, da Costa Cruzeiros, atracou em Salvador, no final de 2021, com 56 pessoas infectadas pela covid-19. Outro navio, o MSC Splendida, atracou no Porto de Santos após relatar novos testes positivos de covid-19. Foram identificados 51 tripulantes e 27 passageiros com a doença.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou na sexta-feira que o Ministério da Saúde suspenda provisoriamente a temporada de navios de cruzeiro na costa brasileira.

Após recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela suspensão provisória da temporada de cruzeiros no País, o Ministério da Saúde informou neste sábado, 1º, que "avaliará as medidas cabíveis" a serem tomadas. Dois navios que navegavam pela costa brasileira, o MSC Splendida e o Costa Diadema, tiveram surtos de covid-19 no fim do ano.

Publicada na sexta-feira, 31, a recomendação da Anvisa é baseada no cenário epidemiológico atual, agravado pela chegada da variante Ômicron ao Brasil. No documento, a agência destaca que os dados disponíveis até o momento indicam o potencial de espalhamento da Ômicron, mais rápido do que outras variantes.

A Anvisa também citou a decisão do Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), que aumentou o nível de alerta de contágio do vírus Sars-Cov-2 em viagens. "O CDC, na data de ontem, 30/12, atualizou o nível de alerta "COVID-19 Travel Health Notice" de 3 para 4, o nível mais alto possível, o que reflete o aumento de casos a bordo de navios de cruzeiro desde a identificação da variante Ômicron", observou a agência.

A recomendação da Anvisa também considerou que, mesmo diante de Planos de Operacionalização para a retomada da temporada de cruzeiros no âmbito de Estados e municípios, "tem-se observado dificuldades impostas pelos entes locais diante da necessidade de eventuais desembarques de casos positivos". Os planos estabelecem as condições para assistência em saúde dos passageiros desembarcados em seus territórios e para execução local da vigilância epidemiológica.

De acordo com o Ministério da Saúde, a análise das futuras medidas será feita em conjunto com outras pastas que cuidam do tema. A retomada das operações de cruzeiros no Brasil foi autorizada por uma Portaria Interministerial - Casa Civil, Justiça e Segurança Pública, Saúde e Infraestrutura -, de 5 de outubro, que passou a valer em 1º de novembro.

"A autorização (...) e a operação de embarcações com transporte de passageiros, nos portos nacionais, fica condicionada (sic) à edição prévia de Portaria pelo Ministério da Saúde, que deve dispor sobre o cenário epidemiológico, a definição das situações consideradas surtos de covid-19 em embarcações e as condições para o cumprimento da quarentena de passageiros e de embarcações", diz a portaria.

A Anvisa interrompeu as atividades do Costa Diadema, que estava atracado no Porto de Salvador, na tarde de quinta-feira, 30. A medida foi adotada após uma investigação epidemiológica da agência e de técnicos das secretarias de Saúde da Bahia e de Salvador apontar uma transmissão comunitária de covid, nível 4, na embarcação.

O cruzeiro terminaria nesta segunda-feira, 3, no Porto de Santos Passageiros com covid farão isolamento em hotéis oferecidos pela operadora do cruzeiro. Moradores de Salvador foram autorizados a desembarcar. O restante irá para Santos, onde passará por novos testes contra a covid para deixar o navio.

"A embarcação poderá seguir, sob condição de restrições a bordo, para o Porto de Santos. Isso significa que todas as atividades não essenciais no Costa Diadema devem ser interrompidas e que devem ser cumpridos os protocolos sanitários de segurança no interior da embarcação, até seu destino final em Santos", informou a Anvisa. "De acordo com os relatórios da embarcação, dentre os passageiros que testaram positivo para covid-19 a grande maioria é assintomática, com apenas algumas pessoas com sintomas leves."

O MSC Splendida está atracado no Porto de Santos desde quinta-feira, 30. Segundo a Anvisa, "o desembarque dos passageiros ocorrerá de acordo com os protocolos sanitários de segurança".

"Os positivados deverão dar continuidade, em terra, ao isolamento iniciado na embarcação e serão monitorados pelos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) das cidades de destino", informou a agência. "Os demais passageiros passarão por testes de detecção da Covid-19 antes de desembarcar. O transporte desses passageiros ocorrerá em veículos específicos, a cargo da operadora de cruzeiro."

A MSC Cruzeiros esclareceu que no momento do embarque, todos os hóspedes com 12 anos ou mais têm de apresentar comprovante de vacinação completa contra a covid-19.

Além disso, todos os hóspedes a partir de 2 anos precisam apresentar teste do tipo RT-PCR negativo feito até 72 horas ou teste de antígeno feito até 24 horas antes do embarque, bem como um questionário de saúde preenchido dentro das seis horas anteriores ao início da viagem.

De acordo com a empresa, toda a tripulação possui o ciclo vacinal completo e é testada semanalmente, além de 10% da equipe serem testadas diariamente.

Revelou ainda que, no Brasil, os navios operam com a capacidade reduzida de 75% de ocupação, e durante a viagem, são obrigatórios o distanciamento social entre grupos de viajantes e o uso de máscaras faciais em áreas públicas. Espaços e ambientes públicos internos como, por exemplo, teatro, lounges, restaurantes, kids clubs também funcionam com capacidade reduzida.

O CDC-Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alertaram os americanos para evitar cruzeiros, independentemente da vacinação. Segundo o CDC, o vírus pode se espalhar rapidamente nos espaços confinados de um navio e a probabilidade de infecção é alta.

O alerta de viagens para navios de cruzeiro foi elevado do nível três para quatro - o mais alto da agência.

O CDC está monitorando atualmente mais de 90 navios de cruzeiro para Covid-19.

A agência disse que houve um aumento de casos em navios de cruzeiro desde a identificação da variante Ômicron. Mesmo os passageiros totalmente vacinados que receberam uma dose de reforço podem espalhar o vírus a bordo.

O CDC também recomendou que os passageiros dos navios de cruzeiro sejam testados entre um e três dias antes da viagem e três a cinco dias depois, independentemente do estado de vacinação.

A indústria de cruzeiros foi um dos setores mais afetados pelas paralisações relacionadas à Covid em 2020.

A maior empresa do setor, a gigante americana Carnival, relatou perdas de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões) em 2020, depois que as receitas caíram 73% durante a pandemia.