Comportamento / Livros

Livro reafirma sua importância no segundo ano da pandemia

Aumento de vendas, Bienais do Livro e abertura de livrarias confirmam reaquecimento do mercado

Depois de um 2020 em que, por conta do isolamento social exigido pela pandemia, as vendas de livros no Brasil tiveram um grande recuo, o ano de 2021 indicou uma retomada do mercado do livro.

Um dos indicadores que atestam esta recuperação é o Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) em parceria com a Nielsen Bookscan Brasil. 

De janeiro até 7 de novembro deste ano, na comparação com 30/12 a 1/11 de 2020, houve um aumento de 33% no volume de vendas de livros no País. No ano passado, de acordo com a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial brasileiro, da Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do SNEL, foi registrada uma queda de 18,4% nas vendas.

Também é importante destacar a 1ª Bienal Virtual Internacional do Livro de São Paulo, toda em ambiente virtual por conta do coronavírus, teve 1,33 milhão de visualizações -- o dobro do número de pessoas que passaram pelo pavilhão do Anhembi na edição de 2018 da Bienal Internacional do Livro de São Paulo recebeu 663 mil visitantes.

Foram mais de 190 horas de programação, 100 expositores, 220 autores nacionais, oito estrangeiros e 114 reuniões de negócios com compradores internacionais.

E de 2 a 10 de julho de 2022, no Expo Center Norte, o maior evento literário da América Latina e um dos maiores do mundo que é a bienal paulista chega finalmente à 26ª edição oficial e presencial, após o adiamento em 2020 forçado pela pandemia.

Outro indicador relevante da recuperação do mercado do livro está no resultado da 63ª edição do Prêmio Jabuti, principal premiação de literatura do país, realizada em novembro: foram 3,4 mil inscrições, 31% a mais do que no ano passado.

“Trata-se de um desempenho impressionante, e que também vem acompanhado pela abertura de diversas livrarias”, destaca Vítor Tavares, presidente da CBL.

Tavares alerta, porém, que o mercado do livro ainda necessita da defesa do direito autoral, impedindo, por exemplo, a concorrência desleal de aplicativos que oferecem os chamados microbooks, com resumos dos livros, dando ao leitor um falso atalho para o conhecimento.

Ele também enfatizou que há necessidade de incentivar a leitura no País. Segundo a 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil 2019-2020”, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, e aplicada pelo Ibope Inteligência.

Segundo a pesquisa, o Brasil tem cerca de 100 milhões de pessoas que leem, o equivalente a 52% da população. Mas 67% dos brasileiros não contaram com alguém que incentivasse a leitura. E do total, só 56% leram ao menos um livro, ou parte dele, nos três meses anteriores ao levantamento.

“Mudar esta realidade requer não apenas o esforço dos livreiros, mas também de políticas públicas para incentivar novos leitores. E algumas saltam aos olhos. É preciso, por exemplo, fazer valer a Política Nacional de Leitura e Escrita, instituída em 2018 como estratégia permanente para promover o livro, a leitura, a escrita, a literatura e as bibliotecas de acesso público no Brasil”, defende.

Segundo a lei 13.696, a PNLE deveria ser implementada pela União, por intermédio do Ministério da Cultura, que já nem existe mais, e do Ministério da Educação, em cooperação com os estados, o Distrito Federal e os municípios e com a participação da sociedade civil e de instituições privadas. “Mas, até agora, é tudo história em nossa imaginação”, acrescenta Vitor que também destaca que despesas em educação como o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), deveriam ser efetivamente enquadradas como política de Estado.

O presidente da CBL manifestou ainda preocupação com o Projeto de Lei 3.887, da reforma tributária apresentada pelo Ministério da Economia em julho de 2020, que ainda está em tramitação no Congresso Nacional.

“Se o projeto for aprovado será o fim da imunidade tributária do livro, conquistada há quase 80 anos, pois passará a ser cobrada uma alíquota de 12% sobre ele. Isso levará a um necessário aumento, estimado em 20% sobre o preço final de capa, o que vai prejudicar ainda mais o acesso à leitura, à cultura, ao conhecimento e à educação justamente da população mais vulnerável”, alerta.

Para o presidente da CBL é importante que em 2022, quando serão realizadas eleições para a presidência da República, Congresso Nacional, governos estaduais e assembleias legislativas, os candidatos estejam cientes da importância do livro.

“Aos homens públicos de qualquer esfera vale vislumbrar uma forma de abrir caminhos. E o farol é a literatura, o conhecimento. Portanto, em 2022 vamos votar no livro”.