Veículos

Polo Track substitui o Gol da VW

O carro será produzido em Taubaté (SP) sobre a plataforma MQB

O novo ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões que será feito pela Volkswagen no Brasil entre 2022 e 2026 dará origem a novos SUVs, bem como ao Polo Track, que substituirá o Gol. Como o nome sugere, o hatch será uma versão mais simples e com preços mais baixos que a atual linha Polo.

O carro será produzido em Taubaté (SP) sobre a plataforma MQB, que deverá dar origem também às próximas gerações do sedã Voyage e da picape Saveiro.

Os três são os únicos veículos da marca alemã na América Latina que ainda utilizam a plataforma PQ24. Com a adoção da MQB para todos os produtos, a Volkswagen também vai reduzir seus custos. Além disso, a base antiga não comporta as novas exigências em relação à segurança e conectividade.

Portanto, mesmo sendo um carro de entrada, o Polo Track será feito com chapas mais rígidas e resistentes a impactos e terá sistemas como controle eletrônico de estabilidade, que não é oferecido no Gol. A partir de 2024, o dispositivo, que também é conhecido pela sigla ESP, será obrigatório no País.

Aliás, várias mudanças vêm aí, como regras mais rígidas de emissões de poluentes, válidas a partir de 1º de janeiro de 2022 Por isso, é possível que o Polo Track utilize o motor 1.0 turbo que equipava o Up! TSI.

Trata-se do mesmo três-cilindros de Polo, Virtus, Nivus e T-Cross, porém com 105 cv de potência e 16,8 mkgf de torque. Nesses carros são, respectivamente, 128 cv e 20,4 mkgf - os dados são com etanol. O câmbio poderá ser manual de cinco marchas (de série) ou automático de seis (opcional).

Há rumores de que a opção mais simples terá o mesmo motor, mas aspirado de 84 cv e 10,4 kgfm e câmbio manual. Aliás, em 2022 o Gol deverá ter somente essa base mecânica.

Outra novidade, que deve chegar entre 2024 e 2025, é um sistema híbrido com motores elétrico e flexível. Isso faz parte do plano global da VW para reduzir as emissões. Aliás, em 2003 a marca lançou o primeiro carro flexível (a etanol) do Brasil: o Gol Total Flex.

O Gol foi lançado em 8 de maio de 1980 com uma tarefa para lá de importante no Brasil: substituir o Fusca, um dos carros mais emblemáticos do mundo. E cumpriu a missão com louvor. Foi o automóvel mais vendido do País por 27 anos consecutivos.

O hatch assumiu a liderança em 1987 e só saiu do topo do ranking em 2014. Atualmente, é décimo carro mais vendido do País e o primeiro da VW.

Porém, nem sempre foi assim. No lançamento, o Gol chamou a atenção pelas linhas que remetiam às do Passat. Porém, o motor boxer 1.3 refrigerado a ar era similar ao do Fusca.

A VW queria lançar um modelo mais moderno, espaçoso, bonito e econômico que o Fiat 147. Por isso, o plano inicial era que o Gol tivesse o mesmo motor do Passat. Porém, o quatro-cilindros refrigerado a água era mais caro para fabricar e reparar. Além disso, não havia produção suficiente para atender os dois modelos.

Por ser instalado na dianteira - área bem mais ventilada -, e ter nova ventoinha, o boxer não precisava de radiador de óleo. Curiosamente, um saquinho plástico protegia o distribuidor de umidade. Como várias alterações, ficou 14 kg mais leve que o do Fusca e gerava 50 cv, um ganho de 4 cv.

Porém, o desempenho não chegava a empolgar. No ano seguinte, o boxer 1600, também a ar, deu fôlego ao Gol. A coisas melhoraram em 1984, com o lançamento da versão esportiva GT com o 1.8 do Santana.

Em 1985, com a aguardada chegada do 1.6 do Passat e uma reestilização que inclui faróis maiores e o reposicionamento das luzes de seta, as vendas dispararam. Em 1989, o Gol GTI marcou a estreia do primeiro carro brasileiro com injeção eletrônica de combustível. Com motor 2.0 de 120 cv, era o sonho de consumo de 11 de cada dez fãs de carro do País.

Logo após iniciar as vendas do Gol, a Volkswagen já estava praticamente pronta para lançar os outros membros da família. Assim, em maio de 1981 a marca iniciou a produção do Voyage. O nome francês sugeria que o sedã destinava-se a viagens familiares.

E o sedã trazia um bom trunfo. Seu motor 1.5 refrigerado a água (o mesmo que havia sido negado ao Gol) tinha 78 cv e garantia agilidade ao carro, que era cerca de 40 kg mais leve que o Passat. O Voyage já chegou com os piscas ao lado dos faróis e era 27 cm mais comprido que o Gol.

No ano seguinte, a Volkswagen lançou a Parati e a Saveiro, como parte da linha 1983. A perua trazia o mesmo motor 1.5 do Voyage. Nos anos 1980, ninguém falava em SUVs e as peruas faziam muito sucesso. O porta-malas de 620 litros não era o maior da categoria. O da Chevrolet Marajó tinha 469 l e o da Fiat Panorama, 669 l.

A Parati foi o primeiro VW feito no País a oferecer rodas de liga leve entre os opcionais. E, além das famílias, também conquistou a clientela jovem. Não por acaso, ao longo de sua trajetória a perua teve várias versões e séries especiais alusivas a esse público, como Surf e Track & Field. Ela foi feita por 30 anos e saiu de cena em 2012 para abrir espaço para a SpaceFox, que era derivada do Fox.

Diferentemente do Voyage e da Parati, a Saveiro chegou com o boxer 1.600 do Gol. A primeira geração tinha capacidade para levar 570 kg e só passou a vir com motor 1.5 a água em 1985. A partir daí, a picape vem acompanhando a evolução do hatch e também permanece em linha até hoje.