Mundo

Mais de 10 milhões de crianças no Afeganistão precisam de ajuda

Bombardeio no domingo matou pelo menos sete crianças

Foto: Unicef Afeganistão
Afeganistão
Uma criança caminha por um campo temporário montado em Cabul depois que sua família foi deslocada

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, permanece no Afeganistão para levar ajuda humanitária ao país duas semanas após a chegada do movimento Talibã ao poder. A agência afirma que 10 milhões de crianças precisam de ajuda no Afeganistão.

O representante do Unicef em Cabul, Hervé Ludovic de Lys, disse que a agência está preocupada com a falta de verba nos próximos meses.

Meninas

Ludovic de Lys contou que muitas crianças estão desacompanhadas dentro do país. Numa consulta com 100 mil pessoas, ele ouviu que a maior demanda é por cupons com dinheiro vivo para compra de comida e outros itens. Cerca de 15 mil são meninas. As famílias precisam de roupas e material escolar.

O Unicef disse que está preocupado também com a falta de segurança para entrega de ajuda humanitária no país, principalmente quando envolve assistentes e funcionários do sexo feminino.

O fundo pediu reforço para vacinação contra pólio e Covid. Clínicas móveis e preparação de escolas para crianças.

Escolas

Ludovic de Lys afirma que o Unicef quer alcançar 300 mil crianças, metade de meninas, em áreas onde não havia escolas antes.
Ele pediu proteção de crianças e disse que os ataques da semana passada mostraram a urgência de proteger os menores, muitos perdidos nas multidões nos arredores do aeroporto.

Várias crianças foram abandonadas com o caos e o desespero das famílias. O Unicef ajudou a reunir muitas delas com a família.

Bombardeio

O representante da agência disse que esse era um exemplo do que o Unicef realmente pensa ao dizer que nenhuma criança será esquecida ou deixada para trás.

Ele foi perguntado sobre a morte de sete crianças num bombardeio no domingo. E também se o Unicef contatou o Talibã para saber se as meninas estão indo à escola.

O chefe do Unicef disse que sete crianças teriam morrido no bombardeio. Ele disse que todas as escolas estão fechadas por causa da Covid-19 e que antes disso, as meninas estavam indo ao colégio.

Conversas

Para o Unicef, só será possível reavaliar a situação das meninas na educação em um mês quando as escolas reabrirem e que nas conversas que mantiveram com representantes do movimento Talibã, não havia indicações de que as meninas não poderão estudar.

Ele contou que o maior desafio agora é mobilizar os recursos que precisam para avançar com a ajuda humanitária, a falta de dinheiro vivo em Cabul, e a movimentação dos itens de assistência humanitária pelo país.

O preço dos combustíveis também tem disparado no Afeganistão, o que vai impactar a ajuda do Unicef. 

Direitos Humanos

Numa nota separada, comissões da ONU pediram ao Talibã para honrar suas promessas de proteger meninas e mulheres. Num comunicado firmado por quatro comissões e grupos de direitos humanos incluindo a Cedaw para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação a Mulheres, os especialistas em direitos humanos lembram que com o prazo de retirada dos estrangeiros do país, expirando nas próximas horas, o Talibã deve tomar as providências para proteger os direitos e as vidas de todas as mulheres e crianças afegãs.

As Comissões estão alarmadas pelas práticas restritivas e com relatos de ataques a mulheres e meninas incluindo acadêmicas, profissionais de saúde, jornalistas, servidoras públicas e defensoras de direitos humanos.

Governo

O comunicado lembra que houve avanços e progressos nos últimos 20 anos incluindo o direito à educação para meninas e mulheres.

Desde 15 de agosto, quando chegou a Cabul e tomou o poder, o Talibã tem afirmado que tem planos de respeitar os direitos das meninas à educação e, no fim de semana, contou que formará um governo.

Agora, as comissões dizem que o Talibã tem que pôr em prática a promessa e evitar que a história se repita. Firmaram o comunicado, a Cedaw, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres, a Comissão sobre os Direitos da Criança e a Convenção de mesmo nome.