Comportamento / Saúde

Cresce o número de cirurgias plásticas na pandemia

O Brasil está entre os países que mais realizam procedimentos estéticos e cirurgias plásticas no mundo

Foto: Unsplash.com/Creative Commons

Apesar do cenário da beleza não ser favorável devido à pandemia, o Brasil está entre os países que mais realizam procedimentos estéticos e cirurgias plásticas no mundo.

A crise econômica motivada pela pandemia do novo coronavírus foi fundamental para que grandes e pequenas empresas fechassem em todo o mundo. Apesar do cenário não ser favorável devido à pandemia, o Brasil está entre os países que mais realizam procedimentos estéticos e cirurgias plásticas no mundo.

Segundo números da International Society for Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), divulgados em 2019, o Brasil possui 13,1% do total de procedimentos estéticos e cirurgias plásticas no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Os procedimentos estéticos que estão em alta neste ano são: mamoplastia, lipoescutultura, botox e preenchimentos. Esse aumento significativo colocou essas demandas em destaque, mesmo que não tenha tido ocorrência nos meses iniciais da quarentena, entre março e maio do ano passado. Tratamentos estéticos como radiofrequência, lipocavitação, jato de plasma, vacuoterapia, como o dermotonus peeling químicos, mesoterapia, entre outros, também estão na lista dos tratamentos estéticos mais procurados.

A especialista Cíntia Rios diz estar cada vez mais otimista: "Aumentei a equipe, contratei mais três funcionários. A beleza não está em crise, graças a Deus", comenta. A especialista se surpreendeu com a forte demanda por correção de orelhas, uma intervenção geralmente realizada em crianças. "Acho que é porque você prende a máscara e passa a olhar para as orelhas", conta.

Foco na estética labial

Apesar dos procedimentos para áreas maiores do corpo terem seu pedestal, há uma onda ao que se refere à estética labial. O isolamento influenciou o comportamento de muitas pessoas, incluindo a maneira como se expõem. Reuniões, aulas, palestras foram readaptadas ao formato digital, assim como as videoconferências trouxeram o foco para o rosto.

O segmento de odontologia também registrou baixa, mas o dentista Thiago Aragaki, que possui uma clínica odontológica na Zona Leste de São Paulo, contou sobre o retorno dos pacientes:
"Em junho retornamos com segurança, seguindo os protocolos. Teve paciente que sumiu com medo de pegar doenças bucais [que afetam a imunidade], mas notamos um aumento da procura por alguns tratamentos, como a harmonização facial", afirma Aragaki.

Apesar da situação alarmante da pandemia, que já deixou mais de 500 mil mortos em todo o país, o setor registra aumento da procura por tratamentos estéticos. Isso porque a busca por mudanças físicas funciona como um "paliativo" em momentos de grande incerteza, relata Henriette Morato, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). "É meramente encontrar paliativos para ter uma pseudo dominação, controle sobre as coisas do mundo e sobre mim, uma coisa que a pandemia agora está me impedindo", explica.

Uma realidade atípica

Apesar dos relatos das clínicas demonstrarem resultados positivos de suas receitas, o aumento na quantidade desses procedimentos foi o trampolim para que o setor de estética ranqueasse como um dos segmentos que mais lucraram no ano de 2020, mesmo com as restrições.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Denis Calazans diz "estar sendo um ano atípico, já que os números ficarão aquém do que a gente observa em anos pré-pandemia". Apesar disso, a realização de procedimentos simples fez com que muitas clínicas não fechassem as portas. O novo modelo de trabalho, home office, foi o cenário ideal para que muitos "investissem em si mesmos"