O norte-americano Martin Adler, 97 anos, um veterano da Segundo Guerra Mundial (1939-1945), realizou nesta segunda-feira (23) seu objetivo de reencontrar as três crianças que salvou e fotografou em outubro de 1944 durante o conflito bélico em Monterenzio, em Bolonha, na Itália.
Assim como fez no resgate, Adler levou chocolates para Bruno, Mafalda e Giuliana Naldi, com 84, 81 e 80 anos, respectivamente.
Todos estavam muito emocionados no saguão do aeroporto de Nápoles, onde o voo chegou vindo de Miami, e deram uma camiseta de presente para ele: "Martin's bambini, forever kids".
"Eu esperei a minha vida toda por esse momento", disse Adler, que está de cadeira de rodas, e é acompanhado pela esposa, Elaine, na viagem.
A história de Adler ganhou repercussão nas redes sociais no fim do ano passado. O veterano fez uma publicação no Facebook para tentar encontrar as três pessoas que ele tinha salvado a vida enquanto lutava contra os nazifascistas na Itália na Linha Gótica. À época, ao lado do seu companheiro de batalhão, Johns Bronsky, ele encontrou três crianças em uma cesta e lhes deu chocolate.
O norte-americano não sabia mais nada sobre elas, mas guardava duas fotos em preto e branco que as mostravam. Então, com a ajuda da filha Rachelle e do escritor e jornalista em Reggio Calabria, Matteo Incerti, publicou a foto, que viralizou e atingiu o objetivo de encontrar as três crianças.
Ainda em dezembro, um encontro virtual foi realizado. Mas, essa é a primeira vez que eles se encontram pessoalmente após 77 anos. No aeroporto, os quatro recriaram a foto em que aparecem abraçados, com Giuliana sentando em seu colo em meio às risadas. No local, um grande painel foi colocado para a ocasião.
Adler ainda contou aos jornalistas que cobrem o desembarque sobre o dia que encontrou os três, dizendo que achava que eram alemães escondidos. Até que uma mulher saiu correndo e gritou "crianças, crianças" e salvou a vida deles - ela era a mãe dos três. Para a foto, o veterano disse que a mãe quis "vesti-los bem" e lembrou do amigo Bronsky, que morreu em 2011.
Bruno, por sua vez, diz que "não sabia nada da foto até dezembro e agora estamos em todos os jornais do mundo".
Já Mafalda diz que lembra-se "muito bem da cesta", assim como sua irmã, Giuliana. "Os soldados ficaram ao nosso lado por seis meses, eu lembro muito bem deles", acrescentou.
Sobre a batalha, o soldado afirmou que "foram anos difíceis, mas juntos nós conseguimos derrotar os alemães. Todos juntos, avós e crianças". E falou em italiano "bambini, bambini", em meio às lágrimas e sorrisos.
Além do reencontro com as "crianças", Adler irá fazer uma viagem entre os locais em que atuou na Guerra, entre os anos de 1944 e 1945, e também tem agendada uma visita ao hospital de Nápoles, hoje Hospital Monaldi, onde ficou internado por três meses por conta de feridas das batalhas. A viagem terminará em Roma.
A visita de Adler está sendo paga por meio de voluntários em uma arrecadação virtual e tem a organização da ONG Associação Gótica Toscana, que já arrecadou mais de 4,4 mil euros. O dinheiro que sobrar será doado para uma escola de Salerno. Além disso, as fotos e os desenhos feitos pelo então soldado durante a Guerra serão doadas para leilão de diversas associações italianas.
"A minha vida ensinou que só ajudando e fazendo alguma coisa pelo próximo é que podemos amar e construir a paz no mundo", disse o veterano que, desde que se aposentou, atua em prol de associações norte-americanas que atendem pessoas com problemas mentais e que tenham deficiências físicas em Nova York.