Depois de um ano e meio, a pandemia caminha para a reta final com a vacinação em massa da população. Mas, no entanto, até lá, ainda há alguns desafios, como os reflexos desse isolamento estendido nas crianças e adolescentes.
“A pandemia trouxe uma série de perdas, além das mortes de pessoas queridas. Aulas online, encontros virtuais, falta de interações pessoais, impossibilidade de contatos com amigos e familiares que não moram na mesma casa. Isso tudo gera uma ansiedade além do normal, podendo afetar a vida de crianças e adolescentes por um bom tempo ainda pós-pandemia, do ponto da saúde física e mental”, explica a pediatra Felícia Szeles.
Essa ansiedade pode se manifestar de diversas maneiras, desde sintomas físicos, como taquicardia, respiração acelerada e falta de sono; até de forma cognitiva, com a dificuldade de concentração e perda de memória, que acabam refletindo diretamente no rendimento escolar deles.
“As emoções também podem ser impactadas. A infância e adolescência são fases que pedem muito estímulo social para o desenvolvimento cognitivo. Por isso, um dos grandes desafios dos pais é adaptar ao máximo as situações e sempre falar sobre sentimentos e emoções, para que os filhos consigam identificar melhor o que sentem”, diz a especialista.
Do ponto de vista físico, se essa ansiedade não for controlada, ela pode acarretar uma série de doenças, dores de cabeça crônicas, obesidade, vícios (principalmente em jogos), depressão e insônia.
“A ansiedade deve ser acolhida em qualquer fase da vida, mas quando pensamos em crianças e adolescentes, os cuidados precisam ser redobrados, já que eles têm menos repertório da vida e de como lidar com essas questões. E como fazer isso? Conversando e estando próximos deles, só assim é possível identificar os sintomas da ansiedade”, diz Felicia.
Indícios de que a criança ou o adolescente está com ansiedade:
--Dificuldade para dormir ou excesso de sono;
--Tontura;
--Boca mais seca;
--Mãos geladas;
--Irritabilidade;
--Tédio;
--Falta de interação social;
--Baixa no rendimento escolar;
--Dificuldade para expor sentimentos
Como ajudar?
--Dialogar sempre e sobre todos os assuntos;
--Esteja presente no dia a dia de seu filho;
--Permita, quando possível, o retorno à escola presencialmente (seguindo todas as medidas de proteção contra a Covid-19);
--Estimule a prática de atividade física e o retorno aos esportes, também seguindo todo protocolo de prevenção;
--Tenha uma rotina saudável, com horários para estudos, esporte, lazer ,uma boa alimentação e, principalmente, uma boa noite de sono. A rotina é super importante para o controle da ansiedade.
“Se notar algum desses sintomas ou comportamentos diferentes no seu filho, converse imediatamente com o pediatra para que possam ter um diagnóstico mais assertivo e começar a cuidar de forma breve. Os tratamentos podem variar desde pequenas mudanças de rotina até terapia e remédios”, completa a pediatra.