Certo dia saiu Franciso de Assis em um passeio pelos campos, e ao penetrar em uma clareira ouviu o som do sino que os leprosos, proscritos pela sociedade, deviam usar para indicar a sua aproximação, e logo se viu frente a frente com o homem doente. Fazia frio e o leproso tinha apenas trapos sobre o corpo.
Francisco sempre sentira repulsa dos leprosos, mas nesse momento desceu de seu cavalo e cobriu o homem com seu próprio manto. Espantado consigo mesmo, olhou nos olhos do outro, e viu sua gratidão, e enquanto ele mesmo chorava, beijou aquele rosto deformado pela moléstia.
Este parece ter sido o ponto de virada em sua vida. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença.
Para Dante Alighieri Francisco foi uma "luz que brilhou sobre o nosso mundo". Pra mim ele é o amor. Assim como o que sinto por minhas filhas. Algo que nunca imaginei possuir dentro desta carcaça: um coração de verdade.
Porque as pessoas estão fartas de conselhos e de lições de moral. O que elas desejam é que alguém as escute, que preste atenção nelas. Em silêncio.
Aprendo isso com minhas duas filhas. Elas prestam atenção em tudo: nos amigos, nas árvores, em mim, nos avós, no céu, na formiga, no mundo.
O bla bla bla só é bonito nos livros, no teatro, nos filmes - com trilha sonora de fundo. Na vida real é diferente. Preciso estar atento. É na escuta, na atenção que o amor acontece. Não aprendi isso nos livros.