Artes Visuais

Galeria Paulo Darzé recebe exposição Outono

De Leda Catunda

Outono, a mais nova exposição, toda de trabalhos inéditos, de Leda Catunda prossegue sua temporada na Paulo Darzé Galeria, durante o mês de julho. Mostra presencial e virtual reúne trabalhos criados em 2020 e 2021. Para o artista e professor da Escola de Belas Artes da UFBA, Ricardo Bezerra, no livro-catálogo: “A exposição Outono deve nos motivar a refletir sobre a construção do nosso olhar, procurar anular nossa referência para que possamos olhar as coisas como se fossem a primeira vez.

Devemos buscar em nós aqueles "olhos de criança" que Henri Matisse nos convidou a olhar a vida para, quem sabe, construir uma nova imagem do mesmo mundo que supomos ser conhecido por nós. Toda arte é uma criação, um fazer surgir algo nunca visto. As obras dessa exposição nascem de um grande desprendimento, uma maturidade artística e uma liberdade invejável. Como liberdade, não é satisfatoriamente explicável, porque deixa de ser liberdade quando explicada".

A obra de Leda Catunda possui uma atitude que traz presente em sua poética, desde o início, a apropriação da natureza dos materiais para uma modificação, transformação e invenção, e, consequentemente, uma nova visualidade contida nelas. Estas características acompanham a produção de seu trabalho ao criar obras com volumes, espessuras e texturas, o que acarreta além da observação visual um impulso táctil e orgânico, tornando-as obras de inegável comunicação com o público e a crítica, uma arte de indagação sobre a percepção do mundo, realizando um trabalho artístico sintonizado com o nosso tempo.

Para Leda, a sua afirmação de que na arte "não há regras" constitui uma licença poética, como quem fala a partir do olhar de um observador mais incauto que porventura se surpreenda com a grande variação de técnicas, formatos e materiais com que gosto de trabalhar. Creio que toda arte segue uma ordem oculta e que é esse sentido subjetivo que captura a atenção e o interesse do observador.

 “Dentro dos vários anos de trajetória de trabalho, que se iniciou nos anos 80, é possível localizar momentos e assuntos em diferentes épocas. Por exemplo, no início dos anos 90 busquei me apropriar de materiais com texturas ao invés de figuras estampadas, depois com o surgimento das impressões sobre voile passei a utilizar fotos de minha autoria, bem como estampas e desenhos próprios. Desta maneira sempre há um contexto e um plano a seguir. No caso da mostra "Outono", em Salvador, em 2021, o contexto não poderia deixar de ser a pandemia de coronavírus que atingiu a todos de uma forma tão contundente e, portanto, fui criando as obras em busca de sol, de ar e de aconchego. Da onde surgiram imagens como o Novo Eldorado, São João e a instalação Céu com sol que remetem a esses elementos de forma subjetiva como uma forma de aplacar o choque das mudanças repentinas que nos afastaram de tudo e todos”.

Leda Catunda nasceu e vive em São Paulo. Formada pela Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1984, teve como professores de graduação - Júlio Plaza, Regina Silveira, Walter Zanini e outros – que a introduziram no universo de arte conceitual, como pode ser observado nas suas primeiras obras em litografia. Sua estreia em mostras se deu por meio da então diretora do MAC-USP, Aracy Amaral, na exposição “Pintura como Meio”, de trabalhos inéditos, em 1983. Mas ganhou destaque nacional após participar da exposição na “Geração 80, como vai você?”, na Escola de Artes Visuais do Parque do Lage, Rio de Janeiro, em 1984. A partir desta mostra, conquista o mercado e a crítica de arte. Além de pintora, artista multimídia e gravadora, Leda Catunda lecionou na FAAP de 1986 a meados da década de 90, tendo realizado doutorado em poéticas visuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em 2001. Na sua trajetória participou de três Bienais de São Paulo (1983, 1985 e 1994) e grandes mostras coletivas como Modernidade (Paris, 1987), Artistas Latino-americanos do Século 20 (Museu de Arte Moderna de Nova York, 1993) e Mostra do Redescobrimento (São Paulo, 2000), possuindo obras em coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior, expondo na Espanha, França, Holanda, Portugal, Suécia, Alemanha, Cuba, Argentina, Porto Rico, Venezuela, México, Estados Unidos, Japão, Austrália e várias cidades brasileiras. Sobre sua obra, a editora Cosac & Naify lançou um livro tendo como título seu nome, assinado por Tadeu Chiarelli.

Para visitar a exposição Outono presencialmente torna-se necessário agendar um horário no telefone (71) 32670930. Para acessá-la virtualmente deve utilizar o endereço www.paulodarzegaleria.com.br ou o perfil @paulodarzegaleria nas redes sociais Facebook e Instagram, onde se pode ver todas as imagens das obras, em fotos, e o catálogo da exposição.