A Justiça decretou hoje (8) a prisão temporária do vereador do Rio de Janeiro, Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho, suspeito da morte de seu enteado, o menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, no dia 8 de março. Também teve a prisão decretada a mãe do menino e namorada do parlamentar, Monique Medeiros.
Os dois foram presos na manhã desta quinta-feira em uma casa em Bangu, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, e encaminhados para a delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca.
A criança morreu no apartamento onde Jairinho e Monique moravam, na Barra da Tijuca, depois de passar um fim de semana com o pai, Leniel Borel. Inicialmente, o caso foi tratado como um acidente, como se o menino tivesse caído da cama, mas perícias médicas constataram que a vítima havia sido vítima de agressões.
Depois que a polícia começou a investigar se Henry foi vítima de violência doméstica, o casal criou um site, onde se diz inocente. Eles afirmam, ainda, que “a Justiça prevalecerá”.
Um depoimento dado por um executivo da área de saúde mostrou que o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) tentou impedir que o corpo de seu enteado, o menino Henry Borel, fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). As informações foram publicadas pelo G1.
A testemunha é um alto executivo da área da saúde. Em depoimento prestado na tarde de quarta-feira (7), ele afirma que recebeu mensagens do vereador durante a madrugada do dia 8 março, pouco mais de uma hora depois do casal chegar com o menino ao Hospital Barra D'Or.
De acordo com a TV Globo, Dr. Jairinho entrou em contato com este executivo pedindo "um favor". Foram quatro ligações feitas logo após a criança chegar ao hospital.
A Polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas, com o conhecimento de Monique.
Jairinho foi o 16º mais votado dentre os 51 vereadores eleitos no Rio no ano passado. Eleito pela primeira vez em 2004, é figura conhecida do Legislativo carioca e filho de um ex-deputado estadual, o policial Coronel Jairo (PSC), que ficou na Assembleia Legislativa de 2003 a 2018.
Integrante do Conselho de Ética da Câmara, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) anunciou que vai pedir ainda nesta quinta-feira o afastamento dele da Casa; o colegiado se reúne às 18h. "Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da Casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda a população que representamos", disse ela.
O vereador chegou a ser líder do governo de Marcelo Crivella (Republicanos) na legislatura passada. O pai, por sua vez, foi preso em 2018 pela Operação Furna da Onça, suspeito de receber mesada para aprovar projetos de interesse do governo de Sérgio Cabral (MDB).
O reduto eleitoral do parlamentar e do pai sempre foi Bangu, na zona oeste do Rio, e seu entorno. Eles são, inclusive, apontados como envolvidos com milicianos. A equipe de reportagem do jornal O Dia que foi torturada pela milícia na Favela do Batan, no bairro vizinho de Realengo, em 2008, já afirmou que pai e filho estariam naquela sessão de tortura. Os desdobramentos da investigação não foram suficientes para indiciá-los.
Foi em Bangu que a polícia encontrou Jairinho na manhã desta quinta, apesar dele ter morado por anos na Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste - onde, inclusive, Henry morreu.
Mensagem do pai de Henry
Poucas horas antes da prisão do vereador, por volta da meia noite, o pai de Henry publicou um vídeo do menino nas redes sociais com legenda emocionada.
"Henry, 30 dias desde que te dei o último abraço. Nunca vou esquecer de cada minuto do nosso último final de semana juntos. Deixar você (com a mãe e Jairinho) bem, cheio de vida, com todos os sonhos e vontades de uma criança inocente. Desculpe o papai por não ter feito mais, lutado mais e protegido você muito mais", escreveu. Hoje completa-se um mês da morte do menino.