Helô Sampaio

Como fazer uma salada de camarão (pensando nos quibes do Vesúvio)


Em Ilhéus, bem acompanhada

Pensei que, com a chegada do novo ano, as coisas iam melhorar. Qual o quê. O paradeiro está aterrador aqui em Itabuna. A gente sai na rua e tem muita gente pra lá e pra cá, mas todo mundo correndo um do outro, olhando por cima da máscara com medo e achando que a gente está com Covid e, se rolar um espirro – que maravilha! – não fica ninguém por perto, nem o vendedor.  

Sabe que nem é tão aterrador ter que ficar preso em casa? Basta fazer uns petiscos, ter um vinho bom, seco, um sofá confortável para ver a televisão, e alguém para fazer uma comidinha gostosa para o almoço. Aqui em Itabuna, quem cuida desse setor é a Neguinha Alaíde, que é a dona da casa, ela diz isso a toda hora, e faz o que quer ou o que eu peço. Chega toda manhosa e fala pra mim baixinho: “Ló, vamos comer uma aristaia hoje? Tem que comprar a carne, o grão de bico e a lentilha” ou “vamos comprar um peixe para comer um moqueca?”. Compramos. E aí, vem a delícia pra mesa depois.

Mas não estou criando raiz no sofá, não, mente impura. Frequentemente chamo Ana, minha irmã, a Neguinha, pego Loly, minha dogzinha amadinha, e saímos rodando de carro pela cidade, fazendo turismo, olhando o rio Cachoeira, que eu amo e acho lindo, descobrindo as novidades da cidade. Quando dá na veneta, vamos para Ilhéus passear, correr as praias lindas, rodar pelo Pontal – passando pela nova e linderésima ponte recém inaugurada – e findar o roteiro no Vesúvio, comendo o quibe delicioso da Gabriela.

Se não passar no Vesúvio, a Neguinha dá um enfarte. Acho que ela só vai para Ilhéus por causa do chope e do quibe do Vesúvio, que ela come uns três ou quatro, lógico, virando o chope com toda elegância. O pior desta viagem foi que, quando passamos no Vesúvio, o bar ainda estava fechado. Com esta pandemia, a vida virou um caos. E a Neguinha ficou babando dentro do carro, com olho comprido para o Vesúvio, quase chorando. Antes de voltar pra Salvador ainda vou a Ilhéus pra ver a Neguinha feliz. E eu também, logico, que amo aquele quibe desde que era adolescente.

O bom é quando Dumas vem me ver aqui, porque além de matar saudade, ficamos com um motorista à disposição. Ainda não fomos ver Lula,  meu irmão que está em Ilhéus com Terezinha, está isolado lá na Tulha, que é uma praia maravilhosa do litoral ilheense caminho para Itacaré. Já ameacei ir algumas vezes mas o medo da tal covid me  brecou. Acho que o medo é recíproco e o mano está botando as mãos pra cima, agradecendo aliviado não chegar ninguém.

O pior é que a gente não sabe o que fazer contra essa praga, mesmo estando isolados. Termos medo de, sem saber, termos contato com alguém – que não sabe que está com a maldita – e levarmos a doença pra dentro de casa. É melhor prevenir. Mas que estou louquinha para ir ver meu irmão, curtir aquela praia deliciosa de areia fina e solta, e tomar um banho de mar naquelas águas mornas, ah, isso estou. Já comprei uns biquines ‘cavadões, bem coloridos e curtinhos pois a minha ‘sereinha’ está reclamando da prisão, está louca por um banho de mar numa praia bem cheia para ela ficar se exibindo, acredite, lindinho.

Mas vamos todos levantar o astral, ficar lindos e gostosos para conquistar novos amores. Não podemos nos deixar abater por nada: a vida é mais preciosa e mais forte que qualquer praga, mas temos que acreditar piamente nisso. A força do nosso pensamento, do nosso desejo é imensurável. E digo isso por experiência própria pois já conquistei muitos amores acreditando e jogando meu charme, he-he.  É só acreditar com toda fé, neguinha, que a rede vem cheia de peixe.

Mas agora vamos cuidar de encher nossa rede, digo, nossa barriguinha com coisas deliciosas. Dei uma ligada para Doris Pinheiro, minha querida amiga e ex-aluninha, que trata da área de restaurantes, e ela me clareou sobre o Pelourinho. Ela conhece tudinho ali e me dá umas dicas. Vejam aí.

“O Centro Histórico continua sendo um lugar maravilhoso, pela quantidade e variedade de bares e restaurantes. Tem o Axêgo, com arroz de hauçá; o Boteco do Pelourinho com um acarajé caprichado; o Café das Artes que também faz um ótimo abará; o Cafelier com as empadas de camarão; a tradicional Cantina da Lua com a deliciosa galinha caipira de Clarindo que é servida com pirão e vinagrete; o sarapatel do Café Gourmet; a maniçoba no Ponto Vital... se formos falar de todos, sua coluna não acaba, amiga. Daremos novas dicas depois”, me diz Dóris.

Ok, miga, ficamos no aguardo e já estou me coçando aqui no interior, doida pra voltar e poder ir conferir estas delícias indicadas por você. Enquanto não saio, segue a dica da salada de camarão, prato assinado pela chef Mia Carazoli, sob supervisão e montagem do chef Robson Barroso, servida no Casarão 17, onde fica localizado o Mariposa Pelourinho. Já viu que o rango vai sair imperdível, né, neguinho?

Então, aventais a postos, vamos realizar esta deliciosa receita para iniciarmos bem o novo ano. Vamos para a cozinha.

Salada de camarão

-- Mix de folhas – alface, radichio, rúcula, acelga
-- Camarões grelhados
-- Champignon
-- Damascos secos
-- Tomates assados com ervas na nossa cozinha e tomates cereja
-- Muçarela de búfala
-- Nozes e croutons da nossa cozinha
-- Mix de gergelim para finalizar molho de manga e vinho branco.

É só preparar, afiar o garfo e sentar para saborear esta delicia. Bom apetite, lindinha!