Empregos

Jovens sem domínio de tecnologias ficam fora do mercado de trabalho

Segundo estudo Futuro do Trabalho, a força de trabalho terá queda de 6,4%

Foto: Samson Katt/Pexels/Creative Commons
Computador
Os jovens precisam dominar tecnologias específicas

A última pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial sobre o Futuro do Trabalho até 2025 registra que, em cinco anos, funções redundantes diminuirão, sendo 15,4% da força de trabalho para 9% (queda de 6,4%), e que as profissões emergentes crescerão de 7,8% para 13,5% (crescimento de 5,7%) do total de funcionários de uma empresa.

Com base nestes números, é estimado que até 2025, um total de 85 milhões de empregos podem ser alterados por uma mudança na divisão do trabalho entre pessoas e tecnologia.

Além disso, podem surgir cerca de  97 milhões de novas funções que serão adaptadas para a nova divisão de trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos, em cerca de 15 setores estudados pelo relatório.

Por causa dessa competitividade entre humanos, máquinas e algoritmos, especialmente os jovens, precisam mudar a forma de encarar o mercado de trabalho.

A headhunter internacional e CEO da Soul Factor, Erica Castelo, explica a condição dos setores no futuro, "por causa da queda da força de trabalho tradicional, é preciso que nos próximos anos as gerações se adequem logo no começo da sua graduação a condições mais tecnológicas e comportamentais esperadas pela era digital. Alguns cursos podem demorar para implementar a tecnologia em sua grade de estudo e, por isso, o próprio aluno deve ir atrás de atualizações por meio de cursos rápidos e complementares”. 

Alguns papéis serão cada vez mais redundantes, até 2025, principalmente em funções que já estão sendo substituídas pela tecnologia, como serviços de contabilidade, folha de pagamento, auditores, trabalhadores de fábricas e secretários administrativos e executivos.

“Os trabalhos mais processuais, como contabilidade e administração, irão continuar sofrendo com a competitividade entre as pessoas e a tecnologia,. Por isso, é preciso mostrar que além da teoria e prática aprendida nas universidades, o profissional também sabe adequar seu trabalho ao meio tecnológico, podendo, por exemplo, trabalhar remotamente com contato limitado com clientes ou sua equipe”, destaca a especialista Erica Castelo. 

Sobre a próxima década, uma parcela dos empregos criados será em ocupações totalmente novas.

O estudo apresentou, pela primeira vez, uma forma de medir e acompanhar o surgimento de um conjunto de novas profissões em toda a economia usando trabalho em tempo real e dados de mercado. Foram identificados cerca de 99 empregos que estão crescendo consistentemente em demanda. “Estes conjuntos de novos empregos serão voltados para funções novas de engenharia, computação em nuvem, desenvolvimento de produtos e IA”, comenta a headhunter. 

Porém, muitas atividades ainda mostram a importância contínua da interação humana na nova economia. “Marketing, vendas e produção de conteúdo. Além de ocupações que precisam de aptidão para compreender, pensar criticamente e estar confortável trabalhar com diferentes tipos de pessoas de diferentes tipos”, finaliza Erica. 

O que esperar do mercado de trabalho em 2021

Em 2020 as organizações se depararam com uma nova necessidade: a de adaptar rapidamente suas operações para não sofrerem com os impactos causados pelo coronavírus.

Isso se deu em março e a partir de então diversas alterações foram implementadas no dia a dia das empresas e permanecem até agora. De acordo com um levantamento do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), realizado em julho de 2020, 56% das empresas que adotaram mudanças por causa da covid-19 devem manter integral ou parcialmente seus modelos de trabalho no pós-pandemia.

Para Gabriela Mative, Superintendente de Seleção da Luandre RH, algumas adaptações continuarão no escopo de trabalho em 2021: “entrevistas por videochamada e estratégias híbridas de trabalho serão mantidas, pelo menos até a vacinação parcial da população”.

Confira, na avaliação da especialista, as principais tendências para o primeiro semestre de 2021.

Entrevistas por videoconferência - Um dos aspectos que mais mudou no setor de recursos humanos foi o método para entrevistas e avaliações que passaram a acontecer por videoconferência. “Percebemos que a adaptação das entrevistas não gerou prejuízos para as empresas e nem para os candidatos. Mantivemos o nível na contratação, e, em alguns casos, ganhamos maior agilidade”, afirma Gabriela.

A especialista destaca que, mesmo quando iniciado o processo de vacinação, as etapas de contratações irão manter-se no modelo virtual em sua grande maioria.

Novos perfis profissionais - Diante de um cenário em que uma crise abateu o mundo e pessoas precisaram se adaptar, o perfil dos profissionais buscados pelas contratantes também mudou.

Para Gabriela, a covid-19 gerou instabilidade e ressaltou algumas questões emocionais relevantes na população e, por isso, o profissional que se destacou foi o que conseguiu lidar de forma equilibrada com a crise.

“Percebemos que características como autogestão, resiliência e adaptabilidade, se tornaram fundamentais nas contratações e permanecem como as soft skills mais requisitadas, pelo menos no primeiro semestre deste ano”, observa Gabriela.

Mudanças nos escritórios - Com algumas empresas já em processo de volta ao trabalho in loco, readaptações no ambiente de trabalho têm sido feitas. “Entendemos que alguns clientes preferem que determinados setores estejam concentrados em um só lugar, por isso a busca por soluções que garantam a segurança de todos tem prioridade”, conta a especialista.

Algumas empresas permitiram um trabalho híbrido entre o escritório e o home office ou até mesmo a adoção integral do sistema. “A experiência do trabalho remoto tem sido proveitosa. Por conta disso, algumas companhias mantêm um rodízio entre equipes para evitar aglomerações, pelo menos durante a etapa de vacinação”, afirma Gabriela.

Setores de destaque - Uma das áreas com ótima perspectiva, segundo Gabriela, é a de tecnologia da informação. “Houve um crescimento da oferta para programadores, analistas de BI e analistas de marketing digital. Carreiras que devem continuar a ser demandadas, visto que a mudança no comportamento de consumo e a transferência do físico para o online veio para ficar”, afirma.

Ela complementa que a área de logística também tende a aumentar cada vez mais as contratações, pois está relacionada ao e-commerce – “neste período, de abril até dezembro já notamos um aumento de 246,7% no número de vagas em relação ao mesmo período de 2019”.

De olho no trabalho temporário - Um dos setores com maior crescimento durante a crise, foi o de trabalhos temporários. Na Luandre, uma das empresas com maior know how no segmento, o crescimento foi de 130% em contratações temporárias em relação ao ano anterior.

Gabriela explica que o fato se deve à necessidade de se readaptar à nova realidade do mercado e flexibilizar contratações de equipes. “Em um ambiente de incerteza, as empresas precisaram agir com segurança. Por isso, houve uma crescente na contratação de candidatos com competências específicas para determinados projetos”.

Para a especialista, o profissional não pode abrir mão da oportunidade temporária: “na Luandre temos uma taxa de 40% na efetivação dos profissionais temporários. O candidato precisa encarar o trabalho temporário como uma oportunidade de recolocação profissional”, conclui.