Helô Sampaio

O primeiro beijo, presente errado e uma torta de chocolate (é Natal!)

Foto: Any Lane/Pexels/Creative Commons
Natal

Esta é a hora em que todo mundo fica com aquele olhar pensativo, imaginando desenhos para as nuvens enquanto coça a cabeça pensando em como arranjar dinheiro para comprar os presentes para o Natal da família, se nem pode sair de casa com esta maldita Covid para atazanar o juizo.

As crianças ficam ‘atentando’,  contando vantagens umas para as outras, dizendo que pediram – e que Papai Noel vai trazer –  videogame, computador, celular, tablet, essas coisas eletrônicas que o papai real nem sabe direito qual a diferença. Uma agonia só.

Mas o Natal chegou e urge resolver este probleminha de dinheiro porque as crianças não podem desacreditar do bom velhinho, ho-ho-ho. O papaireal vai ter que ‘dançar’ muito para o filhote brincar ao som do celular ou videogame.

Estes dias estou no interior, onde fico com as irmãs até depois do Ano Novo. As cidades já estão decoradas para as festas, mesmo sem muita esbanjação. O povo todo está animado. Mesmo com pouca grana é grande o movimento nas ruas o dia todinho. O que prevalece é a pechincha no preço, pecinha por pecinha, e o comerciante negocia: melhor ganhar menos que ficar com a mercadoria encalhada. Tá certo.

Sem sair de casa, eu assisto a tudo pela tevê, pois morro de medo da Covid, que tem tirado a vida de muitos brasileiros. Mas não vejo a hora de ‘cair na bagaça’, voltar a frequentar os restaurantes, bater perna nas ruas, visitar os amigos, pois nem isso estamos podendo fazer. Tenho fé em Deus que ‘os homes’ logo vão distribuir a vacina contra esta ‘coisa ruim’. Vade retro!

O que não falta aqui na casa da minha irmã é animação. A casa vira uma festa quando Pindoba, meu sobrinho, chega com Rosângela e as filhotas Ana Rosa e Beatriz, que logo agarra Loly, minha cachorrinha, e não larga mais. Leva pro sofá, pra rua, pra cama, pra todos os lugares que ela pensar em ir. A Loly se vê doida, corre pra junto de mim e eu finjo que não estou entendendo a sua agonia, pois Bibi fica tão feliz brincando com ela... Fica ‘atentando’, pedindo ao pai para vir de Buerarema, acho que mais para ver Loly do que para ver a vovó ou a mim, a dindinha que ela diz amar.

Ana, minha irmã, mora juntinho da Igreja da Praça da Matriz. Eu saio para curtir a beleza do local e levar alguns ‘papos-cabeça’ com São José, o padroeiro da cidade, que é meu velho conhecido desde a adolescência.

Como eu fui fazer o curso ginasial em Ilhéus, ao sair de Ibicaraí, dava sempre uma paradinha em Itabuna para pedir a benção a minha madrinha Susana Sepulveda, que morava também juntinho da Igreja. Ia sempre na igreja para orar, passar o tempo e pedir graças ao São José, um namorado bonito, essas coisas.

E foi então que, mocinha comportada e direitinha, só fui dar o primeiro beijinho no primeiro namorado depois dos catorze aninhos. E foi no escurinho do Cine Santa Clara, em Ilhéus. Por isso que o amorzinho não viu que fiquei ruborizada que nem um tomate maduro. O amadinho (que se tornou maestro depois) também tocava Pour Elise no piano e dizia que a tradução para ele era ‘Para Heloisa’. Sou ou não sou uma bela musa inspiradora?   

Agora vamos voltar aos tempos atuais, pois a beleza da musa está em recesso, e a musa só pensa em se isolar, sem querer sair de casa pra nada. Vou lhe contar, meu lindinho, essa vida de máscara na cara, o que deixa a respiração mais dificultosa, a neura do álcool nas mãos e a loucura de ficar longe das pessoas, tem me enlouquecido. Isso é coisa de doido, véio. Nunca pensei viver um absurdo desse.  

Vamos ver o lado bom, de como as cidades ficam lindas, iluminadas, ornamentadas para receber o Papai Noel. É uma data sempre festiva, nos rejuvenesce, que nos anima, que nos faz lembrar os bons tempos da infância, quando o Bom Velhinho colocava o presente no nosso sapatinho que ficava aos pés da árvore. Bem aventurado o papai ou mamãe Noel que nos dava tantas alegrias.

Eu levantava cedinho, mas ao chegar na árvore começava o berreiro: Papai Noel trocou tudo: os livros de história que eu tinha pedido estavam no sapato de Ana e no meu tinha um bocado de boneca, casinha, essas coisas que eu não ligava. Somente depois de grande é que eu vim a saber que Ana acordava mais cedo do que eu e trocava os presentes, pois dizia que eu tinha muito ciume dos livros e não deixava ela pegar. Aí, ela fazia o favor de destrocar os presentes, pois assim então eu não podia proibi-la de fazer festa com os meus livros. Quem guenta com uma irmã dessas? Só euzuzinha, que a adoro.

Mas vamos deixar de lero que a minha amadissima amiga Elíbia Portela parou os afazeres dela para me mandar uma receita especial para este Natal. Ela comemora agora 38 anos apresentando seu programa na televisão e está muito feliz, com a grande audiência que tem. Merecido sucesso, minha loura linda, você é uma autoridade em gastronomia na Bahia, e tem ajudado muito aos baianos com suas receitas maravilhosas.

Torta de Chocolate para o Natal

Para o bolo:

-- 3 xícaras (chá) de Nescau, três xícaras (chá) de farinha de trigo e três xicaras (chá) de açucar
-- 200g de manteiga
-- uma colher (chá) de bicarbonato de sódio
-- 3 ovos
-- uma colher (sopa) de fermento em pó
-- meia xícara (chá) de farinha de pão.

Modo de fazer

1 - Colocar todos os ingredientes numa tigela e misturar bem, agregando aos poucos três xícaras (chá) de água quente.

2 - Assar em forma untada, polvilhada com farinha de trigo, na temperatura de 180º.

3 - Fazer o teste do palito.

Para o recheio

-- uma lata de leite condensado e 200ml de creme de leite
-- 2colheres (sopa) de farinha de trigo
-- uma colher (sobremesa) de manteiga e
-- 50g de chocolate branco em barra, picado.

Modo de fazer

1 - Levar os quatro primeiros ingredientes ao fogo, misturando sempre até obter o ponto cremoso.

2 - Retirar do fogo e juntar o chocolate picado.

3 - Esperar esfriar e utilizar como recheio.

Cobertura Ganache

-- 200ml de creme de leite aquecido
-- 300gg de chocolate ao leite picado

Modo de fazer

1 - Misturar os dois e deixar no calor do banho-maria por alguns minutos para que o chocolate derreta totalmente.

2 -  Aplicar depois de frio sobre os bolos recheados.

3 - Decorar com raspas ou missanas de chocolate e morangos frescos.

4 - Saborear agradecendo ao Papai Noel o presente da alegria de viver com a família.

Feliz Natal!