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Baianas nos EUA relatam o efeito da pandemia nas suas vidas

Os Estados Unidos da América lidera a lista de países com mais números de mortes pela Covid-19

Foto: Pxhere.com/Creative Commons
Bandeira dos EUA
O país possui  mais de 8 milhões e 500 mil casos registrados e mais de 220 mil vidas ceifadas pela pandemia

Em 30 de janeiro de 2020, a  Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19) constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da Organização.

Em 11 de março, o coronavírus  foi caracterizado pela OMS como uma pandemia. O  mundo registra  mais de 41 milhões e 570 mil de casos da doença e as mortes ultrapassam 1 milhão e 130 mil.

Os Estados Unidos da América lidera a lista de países com mais números de mortes pela Covid-19, de acordo com a base de dados da Universidade Johns Hopkins. O país possui  mais de 8 milhões e 500 mil casos registrados e mais de 220 mil vidas ceifadas pela pandemia.

Segundo a OMS, a principal forma de proliferação da SARS-CoV-2  é pela transmissão comunitária, quando  as autoridades de saúde não conseguem mais rastrear o primeiro paciente que originou as cadeias de infecção ou quando esta já envolve mais de cinco gerações de pessoas.

As situações de transmissão comunitária significam que o vírus está mais disseminado, demandando cuidados mais efetivos.

Nos EUA , o número de casos está aumentando nacionalmente à medida à medida que os estados do Meio-Oeste e das Montanhas Rochosas lutam para controlar grandes surtos e novos pontos de acesso emergem em outras partes do país.

A reportagem coletou informações disponibilizadas pela base de dados do jornal New York Times e da Universidade Johns Hopkins até a sexta-feira, 23 de outubro de 2020.

Baianas que residem nos EUA relatam ao  Leiamaisba como é viver na pandemia  e como ela tem afetado as suas vidas. Viviane Quadros, que mora na cidade de Aurora, no condado de Denver, no estado do Colorado, diz que está retornando à rotina aos poucos.

“ No começo da pandemia as pessoas entraram em pânico, houve falta de itens básicos de alimento e de material de limpeza. Em seguida veio as consequencias do isolamento; crise econônica, desemprego, crianças fora da escola e familias tentando sobreviver em meio ao caos. No começo da pandemia, tal como no Brasil, aqui também tinha muita desinformação e incerteza em relação ao vírus e suas consequências. Desde que minha vó, que também é baiana, retornou à  Salvador eu e a minha família reunimos alguns amigos, levei  meu filho à praia, sempre respeitando o espaço delimitado que cada família poderia ocupar na areia. Estamos retomando às nossas vidas, um dia de cada vez", diz ela, que  mora ns Estados Unidos há 9 anos.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, Denver registrou desde o começo da pandemia até a última sexta-feira, (23),  mais de  16 mil casos de coronavírus com 446 mortes. O estado do Colorado contabiliza pelo menos 92 mil casos do novo-coronavírus, mais de 2.200 mil mortes e 7.300 mil  pessoas recuperadas da doença.

Segundo o jornal The New York Times, o Colorado integra juntamente com outros 33 estados norte-americanos, os estados onde novos registros de casos da doença estão em crescimento. 

Trabalho em casa  e ida ao laboratório só quando for imprescindível 

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Mariana em um tour pela fábrica da Telsa, na Califórnia

Já a Califórnia, estado mais rico dos EUA e onde a pós-doutoranda  Mariana Desirré reside, registrou desde o início da disseminação da pandemia até a última sexta-feira,  mais de 900 mil casos  e pelo menos 17.300 mil mortes.

A engenheira baiana, que está se especializando em Ciências de Materiais e, cuja história já foi contada aqui no Leiamaisba em 2018, quando fazia um programa de estágio na NASA, no Vale do Silício,  trabalha em um laboratório na cidade de Livermore, no condado de Alameda,  relata que por causa da pandemia, desde março de 2020, tem trabalhado remotamente em casa, obedecendo um rigoroso protocolo de segurança.

“Desde o início, começamos a trabalhar em casa devido às medidas do ‘Shelter in Place Order’ ( expressão norte-americana para o ‘Fique em Casa’) e, assim, ajudar a limitar a propagação do Covid-19. Vou ao local de trabalho apenas para realizar as atividades que não posso fazer em casa. O laboratório está sendo super cauteloso com medidas de higiene para conter o novo coronavírus, já que, estão divididos em zonas (níveis de biossegurança).  Existe um calendário que reservamos com antecedência para garantir que apenas uma pessoa possa estar em uma determinada zona naquele período de tempo. Tudo está funcionando bem organizado. Eu tenho evitado sair de casa, a menos que eu tenha um motivo essencial para sair. Estou fazendo compras de itens essenciais pela internet e quando preciso ir ao supermercado, tento ir ao final da tarde quando o número de pessoas no mercado é menor. Creio que essa situação vai melhorar e que uma vacina será aprovada para que em breve todos nós possamos voltar às nossas atividades normalmente e abraçar as pessoas que amamos”, disse.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, no condado de Alameda, já são mais de 23 mil casos confirmados e 450 mortes.  A universidade não disponibilizou , até a edição desta matéria, os dados de quantas pessoas se recuperaram do coronavírus na Califórnia.

Enfermeira voltou ao trabalho antes de o filho completar três meses

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Luciana Dias Moreira é enfermeira e trabalha em um hospital de grande porte

Luciana Dias Moreira é enfermeira e mora nos Estados Unidos  também há 9 anos. Ela, que vive no estado da Flórida, no condado de Orange, na cidade de Windermere, teve filho no mês de março ficou menos de um dia na maternidade para evitar o contágio pelo novo coronavírus e retornou ao trabalho antes do bebê completar três meses de vida, se mostrou preocupada no meses de pico da doença (julho e agosto).

A ausência de vida social durante algumas semanas a deixou apreensiva. A enfermeira temeu pela vida da sua família nos EUA e também em Salvador.

“Parei de trabalhar para esperar a data prevista do nascimento do meu filho, no final de março. Meu marido já trabalhava em casa desde que nos mudamos de Massachusetts pra Flórida, há 3 anos. Depois que meu bebê nasceu já era esperado que ficássemos reclusos. Então, na prática, nada mudou. Somente as idas ao mercado e médico que precisavam de um pouco mais de cuidado. O parto foi um pouco diferente porque não pude receber visitas no hospital, tive direito somente a um acompanhante por todo período que estive lá - fiquei um pouco mais de 24 horas na maternidade. Com o tempo, todos perceberam que o isolamento social duraria mais que o esperado e as coisas começaram ficar um pouco complicadas. A ausência de uma vida social como antes me deixou angustiada. Pouco antes do bebê completar três meses voltei ao trabalho, apesar de ter pedido a extensão da licença, recebi um não e isto me deixou muito apreensiva. Sou enfermeira em um hospital de grande porte. Nos meses de julho e agosto passamos por um período crítico, muito pior do que os meses iniciais. Muita tensão e tristeza por todos os cantos do hospital, vários colegas afastados por estarem doentes. Alguns amigos próximos brasileiros doentes também. Medo total, por minha família aqui e no Brasil já que por aí o número de casos óbitos estavam subindo. Agora estamos em um período de maior tranquilidade, os números estão caindo e no hospital o clima está voltando a se normalizar”, diz ela.

A Flórida possui mais de 776 mil casos e mais de 16.400 mil pessoas morreram de coronavírus desde o início da pandemia. O condado de Orange registrou até a sexta-feira, 44.320 mil casos  e 545 mortes. A Universidade Johns Hopkins também não disponibilizou o número de pessoas recuperadas no estado.

Para ter acesso a mais informações sobre o coronavírus nos EUA, acesse: https://www.nytimes.com/interactive/2020/us/coronavirus-us-cases.html ( copie e cole o link em seu navegador) https://coronavirus.jhu.edu/map.html ( copie e cole o link em seu navegador)