O americano Timothy Ray Brown, primeira pessoa curada do vírus HIV, morreu de câncer.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (30) pela Sociedade Internacional de Aids (IAS), que disse que Brown, 54 anos, faleceu de leucemia. O americano havia sido diagnosticado com câncer em 2006, ainda antes de derrotar o HIV, e, segundo a IAS, convivia "nos últimos seis meses com uma recaída da leucemia".
"Em nome de todos os seus membros, a IAS manda suas condolências para o parceiro de Timothy, Tim, e para sua família e seus amigos", disse a presidente da entidade, Adeeba Kamarulzaman.
Brown escreveu uma página inédita na história da medicina e se tornou símbolo de esperança para dezenas de milhões de pessoas infectadas pelo vírus causador da Aids. Diagnosticado em 1995, quando estudava em Berlim, o americano se livrou do HIV em 2008, após um tratamento inovador.
Para tentar curá-lo tanto da Aids quanto da leucemia, câncer que afeta a medula óssea e as células sanguíneas, um médico da Universidade Livre de Berlim, Gero Hutter, decidiu destruir a medula óssea de Brown e submetê-lo a um transplante de células-tronco de um doador com uma rara mutação genética que lhe dava resistência ao HIV.
Após dois procedimentos perigosos e dolorosos, Brown foi declarado curado das duas doenças. O HIV nunca mais voltou, mas a leucemia apareceu novamente no início deste ano, afetando também seu cérebro.
Inicialmente, o americano ficou conhecido como "paciente de Berlim" para preservar seu anonimato, mas, em 2010, ele decidiu revelar sua identidade. "Eu sou a prova viva de que pode existir uma cura para a Aids", disse Brown em entrevistas após se revelar ao público.
No início de 2019, um segundo paciente do HIV foi declarado curado, Adam Castillejo, que foi submetido a um tratamento semelhante. A terapia é considerada cara e inviável para ser aplicada em larga escala, mas abriu as portas para uma possível cura definitiva para o vírus da Aids.