Alberto Oliveira

A hipocrisia dos candidatos

Nenhum deles prega, agora, o isolamento social, a quarentena

Candidatos de vários partidos (à direita e à esquerda) estão se aglomerando e provocando aglomerações em frente à Igreja do Bonfim (Salvador), em campanha política. Será que cancelaram o "fique em casa" e ninguém me avisou?

Nenhum deles prega, agora, o isolamento social, a quarentena, o (com perdão da palavra) "lockdown" (como se não existisse expressão adequada no Português).

E tome caminhadas! E tome comícios (improvisados, embora). E tome entrevistas para uma imprensa que se alimenta de aspas, para um jornalismo declaratório, que age como menino de recados. E tome inaugurações de pedaços de obras!

Mas pisar o pé na areia da praia, ah! isso não pode. Mas, abrir um boteco no subúrbio, que atende meia dúzia de três ou quatro clientes por dia, isso não pode, não. O que pode é manter em ritmo acelerado as obras feitas pela Prefeitura, com os trabalhadores amontoados, deslocando-se em coletivos apinhados.

Sim, porque as eleições estão batendo à porta e será preciso mostrar serviço aos eleitores.

Por falar nelas (as eleições), deduz-se, pela maneira como agem as autoridades eleitorais, que o coronavírus fará uma pausa em seu trabalho de contaminação, para só voltar a agir fechadas as urnas.

Apregoam-se protocolos de segurança nos locais de votação, mas alguém teria a coragem de garantir a manutenção dessa mesma segurança em todo o trajeto que vai da casa do eleitor à urna?

É exagero temer uma segunda onda de contaminações a partir do dia de votação?

Tem-se a impressão de que entre o cipoal de promessas (nunca cumpridas) pelos candidatos eleitos pode-se agora incluir a de que o eleitor não será contaminado no dia do pleito. 

É um coronavírus cívico, esse!

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Que medo, o do Palmeiras!

A CBF-Confederação Brasileira de Futebol e o STJD-Superior Tribunal de Justiça Desportiva defendiam a realização da partida entre Flamengo (com 19 jogadores infectados pelo coronavírus), na tarde deste domingo (27 de setembro), em São Paulo.

O juiz Filipe Olmo de Abreu Marcelino, do Tribunal Regional do Trabalho, suspendeu o jogo, e a desembargadora Maria Helena Motta, do mesmo tribunal, manteve a decisão judicial.

De última hora, o TST-Tribunal Superior do Trabalho permitiu a partida.

A insistência do direção do Palmeiras em jogar com um Flamengo aos pedaços e colocando em risco seus próprios jogadores deixou claro o pavor que tem o alviverde paulista (sua diretoria, ao menos), de jogar com um Flamengo inteiro.

E o jogo mostrou que um Flamengo esfacelado é melhor que o time principal do Palmeiras.