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O que muda com a reinfecção pelo novo coronavírus

Confirmações dos três primeiros casos de nova contaminação geraram dúvidas sobre o enfrentamento da doença no mundo

Foto: Pexels.com/Creative Commons
Covid-19
Em poucas horas a notícia rodou o mundo, gerou muitas dúvidas e, principalmente, medo

Até o começo desta semana, acreditava-se que não era possível infectar-se pelo novo coronavírus mais de uma vez.

A crença caiu por terra no início desta semana, quando cientistas de Hong Kong, na China, relataram o caso de um homem saudável de 33 anos que foi infectado pela segunda vez pelo novo coronavírus 124 dias após o primeiro diagnóstico.

Em poucas horas a notícia rodou o mundo, gerou muitas dúvidas e, principalmente, medo.

No dia seguinte foi a vez de cientistas da Bélgica e Holanda afirmarem que outros dois pacientes – um de cada país – foram reinfectados pelo vírus aumentando ainda mais o temor e as especulações sobre o tema.

 Afinal, o que muda agora que sabemos que há a possibilidade de reinfecção.

A primeira coisa que precisa ser esclarecida e entendida, segundo Luiz Vicente Rizzo, médico imunologista e diretor superintendente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein, é que casos de reinfecção são raros.

E até o momento, os números confirmados são baixíssimos diante do total de infectados no mundo pelo novo coronavírus.

De acordo com a Organização Mundial (OMS) o mundo tem hoje 23,7 milhões de casos confirmados de Covid-19, além 815 mil mortes registradas.

“Temos que lembrar que temos mais de 7 bilhões de pessoas no planeta e exceções vão sempre existir. Então, considerando que os números confirmados de reinfectados são pequenos, me parece uma preocupação um tanto exagerada neste momento”, pondera Rizzo.  

Em pronunciamentos realizados por porta-vozes oficiais, a OMS pediu cautela sobre o assunto avaliou não parecer ser um evento regular.

“É um caso documentado em mais de 23 milhões”, disse Margaret Harris na última terça-feira, dia 25. 

Reativação X Reinfecção 

O médico do Einstein lembra que casos de pessoas que ficaram doentes mais de uma vez por conta do coronavírus já eram observados antes dos relatos de casos na China, Bélgica e Holanda.

“O que não sabíamos era se o vírus tinha sido reativado ou se era reinfecção”, diz. As discussões em torno da possibilidade de reativação do vírus ganharam força em abril, após os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) da Coreia do Sul informar que pacientes curados da Covid-19 voltaram a testar positivo. Na época, a OMS afirmou que investigaria estes casos. 

“O estudo de Hong Kong foi o primeiro a fazer o sequenciamento genético do vírus na primeira vez que o paciente foi testado positivo e comparar com o vírus detectado na segunda infecção. E ele comprovou que são vírus que vem de cepas diferentes e que, por isso se trata de uma reinfecção”, explica Rizzo. Isso quer dizer que o segundo vírus identificado no paciente possui algumas diferenças na comparação com o anterior. “As mutações fazem parte do processo evolutivo de todas as espécies. Ao fim, são vírus diferentes, mas todos trazem as principais características do vírus original, aquele primeiro descoberto em dezembro na China”, continua.  

Já a reativação ocorre quando o paciente é considerado curado da doença, mas o vírus não é totalmente inativado no organismo. Depois de algum tempo, ele volta a fazer cópias de si mesmo, aumentando a carga viral. 

A produção de vacinas 

A possibilidade de reinfecção causada pelas mutações que torna o vírus capaz de enganar o organismo de quem já teve Covid-19 pode parecer uma ameaça para as mais de 150 candidatas à vacina contra a doença no mundo.

Mas não é, garante o médico e pesquisador do Einstein.

“Provavelmente esta descoberta não vai mudar os alvos vacinais já estabelecidos. Algumas vacinas são desenvolvidas para contemplar alterações ou mutações dos vírus, enquanto outras não são tão flexíveis. Mas, de novo, os números de reinfeções são pequenos e não justificam, neste momento, alarde ou desespero”, diz Rizzo.