Embora a maior parte das cirurgias esteja sendo adiada desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), alguns procedimentos para tratar outras doenças não podem ser postergados em virtude do seu caráter emergencial. Neste contexto, os cirurgiões urológicos Nilo Jorge Leão e Leonardo Calazans, juntamente com o cirurgião coloproctologista Ramon Mendes, membros fundadores do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), realizaram juntos, no último dia 21 de abril, a cirurgia de maior porte da urologia, para tratar um câncer de bexiga músculo-invasivo, um dos tumores mais agressivos entre os que existem, com resultados bem positivos.
Utilizando os “braços” do robô DaVinci, eles operaram em Salvador um paciente procedente do município baiano de Guanambi com incisões mínimas, tendo a maior delas apenas dois centímetros. O procedimento robótico durou cerca de 5 horas e o paciente recebeu alta hospitalar em dois dias, demonstrando a recuperação precoce associada à técnica minimamente invasiva, já que o tempo médio de internação após a cirurgia aberta/convencional varia de 7 a 10 dias, conforme literatura médica.
O câncer de bexiga é o segundo tipo de neoplasia maligna urológica mais comum e está muito associado ao histórico de tabagismo. Quando a doença é músculo-invasiva, sua forma mais agressiva, se não tratada precocemente, de forma multidisciplinar, pode evoluir rapidamente com metástase e óbito. Além da remoção radical da próstata, da bexiga e dos linfonodos, a cirurgia realizada pelos médicos do IBCR serviu para reconstruir as vias urinárias do paciente através da criação de um reservatório da urina que vem dos rins, utilizando uma alça intestinal.
Por possuir elevada taxa de mortalidade associada e por ser tecnicamente desafiadora, a cirurgia teve seu resultado celebrado por cirurgiões e paciente. Diante da complexidade do procedimento, é comum que médicos peçam auxílio de cirurgiões de grandes centros de outros estados para realização deste tipo de cirurgia realizada pela técnica robótica, mas os médicos do IBCR, lançado na Bahia há pouco mais de um ano, deram conta do recado.
Mesmo diante do êxito do procedimento, os cirurgiões destacam que pacientes submetidos a este tipo e cirurgia devem ser constantemente acompanhados, pois mais de 50% acabam desenvolvendo infecções urinárias pelo fato da urina passar a ser coletada em um ambiente composto por uma alça intestinal. O acompanhamento multidisciplinar deve ser feito por uma equipe composta por cirurgiões, enfermeiros, metrologistas, oncologistas e, algumas vezes, radioterapeutas. O IBCR foi pioneiro na realização da primeira e segunda cirurgias robóticas pediátricas da Bahia e segue representando o estado em elevado grau de complexidade técnica.