As vendas do comércio varejista para o Dia das Mães devem cair 36% em relação a 2019. A perda, em termos monetários, será de cerca de R$ 500 milhões. No ano passado, o resultado foi positivo em 4,9% de aumento nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os setores analisados pelo consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, foram aqueles que têm alguma relação com o evento, e o período esperado são os primeiros 10 dias do mês de maio. As quedas mais relevantes devem ser das atividades que tiveram que manter suas portas fechadas devido ao decreto de quarentena.
“As lojas de móveis e decoração devem ter uma retração no primeiro terço do mês de 90%. É importante ressaltar que o faturamento do setor é relativamente pequeno, por isso é natural que a variação fique acentuada”, explica Dietze.
Na sequência vem o comércio de eletroeletrônicos com expectativa de recuo de 78% em relação ao mesmo período do ano passado. “Esse setor em específico é muito sensível ao crédito, uma vez que as compras são feitas de forma parcelada. Com o risco da inadimplência, os bancos estão fechando a torneira do crédito e, além disso, as famílias estão com receio de perder seus empregos – se não já perderam – e priorizando os consumos básicos”, destaca o economista.
Já a retração esperada pela Fecomércio-BA para o varejo de vestuário, tecidos e calçados é de 71%. Apesar de ser uma atividade de bens não duráveis, com um tíquete médio mais baixo e de muita penetração no comércio online, a queda nas vendas será alta. Guilherme Dietze avalia: os consumidores têm o costume de experimentar as roupas ou calçados, levar na hora e caso seja preciso, trocar de forma imediata. Pelo e-commerce acontece o inverso, não há experimentação, o recebimento não é imediato e a troca tem que ser feita através de um meio de transporte de carga e o pagamento é recebido conforme condição na compra, podendo ser numa fatura de cartão.
Os setores que estão com expectativas menos pessimistas são os básicos de consumo, farmácias e supermercados. Conforme o economista, o primeiro tende a ter uma queda de 6% e o segundo de 3%. “As farmácias e perfumarias tiveram um grande movimento entre março e abril pela busca de medicamentos para gripe, máscaras e álcool gel. As necessidades no momento seguinte passaram a ser residuais, reduzindo o fôlego nas vendas”, comenta Dietze.
Os supermercados, por sua vez, continuam tendo uma demanda frequente. No entanto, com o isolamento social, o ritmo de compras passa a ser menor, afetando o faturamento do setor.
O primeiro período atingido pelo coronavírus foi a Páscoa, com dados preliminares de retração de 5,9% e agora a expectativa de 36% de queda nas vendas do Dia das Mães. “Nada mais do que a consequência da soma do isolamento social com o medo do desemprego”, afirma Dietze.
Dietze salienta que, por enquanto, o caminho possível para vender os produtos que estão no estoque é através do e-commerce, seja por portal próprio ou marketplaces. “É o momento de se adequar aos canais de vendas possíveis para tentar reduzir o prejuízo na data mais importante para o comércio no primeiro semestre”.