Em janeiro de 1998, Renato Valentim, 49 anos, mineiro nascido na cidade de Manhaçu, recebeu uma proposta de trabalho para  ir aos Estados Unidos da América.

Em busca do “sonho americano”, o mineiro estudou administração e inglês pois queria juntar dinheiro para voltar ao Brasil e investir. 

O era para durar uma temporada de cinco anos, já perdura há 22, com negócios no ramo da construção civil, gastronomia - Valentim é dono  da rede de restaurantes Tavern in the Square e um time de futebol, Boston City FC, localizado na cidade de mesmo nome.

Ele, que sempre foi um admirador do esporte, decidiu investir em um time de futebol pois crê que  esta atividade tem a capacidade de desenvolver e despertar o espírito de equipe, cooperação, liderança e capacidade de raciocínio nos jovens.

“Boston é uma cidade universitária que respira esporte, é também conhecida com uma das cidades dos EUA que recebem muitos imigrantes, principalmente brasileiros. Nos últimos anos, o futebol que é conhecido como soccer nos EUA, cresce vertiginosamente. Percebi que a cidade não tinha uma equipe de futebol, aí, vi um nicho que poderia ser explorado, fiz o projeto e o time foi criado em 2015”, diz o empresário que teve Jorge Ferreira da Silva, o Palhinha, meia-atacante do São Paulo, como treinador e presidente do clube até 2018.
“Ele com toda a expertise com esportes e eu com os negócios, criou-se uma parceria que durou três anos e rendeu ótimos frutos. Eu o tenho como um grande amigo”.

Em 1993, Palhinha chegou a ser convocado para defender à Seleção Brasileira, que na época,  era comandada por Carlos Alberto Parreira e  jogou contra o Paraguai.  O ex-meia atacante marcou dois gols na ocasião e ajudou o Brasil a vencer por 3 a 0.

Palhinha atualmente é dono de um time de futebol em Portugal, chamado União de Almerim, que disputa a quarta divisão local e também é o proprietário da empresa "Palhinha 9 Sports, Unipessoal Lda.

Renato Valentim revela que o interesse dos norte-americanos pelo futebol começou na Copa do Mundo de 1994, quando o país foi sede do campeonato mundial.

Segundo uma publicação do site Gallup, especializado em dados analíticos, de 2018,  o futebol é o quarto esporte mais popular no país, sendo preferido por 7% da população, perdendo apenas para o futebol americano (37 % de preferência), basquete (11%) e beisebol (9%).

Colocação do Clube 

O Boston City FC disputa o equivalente a Série D do Brasileirão. Nos EUA não há campeonatos estaduais e sim nacionais. 
“É diferente do Brasil. Lá você tem que comprar uma espécie de franquia dentro da liga. O clube  que quiser disputar ao equivalente a Série A do Brasileirão, deve comprar o direito de de disputar o campeonato. É o mesmo formato do futebol americano”.

A Major League Soccer é considerada a primeira divisão do futebol nacional, a North American Soccer League (NASL) e a United Soccer League (USL) disputam o posto de segundo escalão do futebol americano.

Em 2016, o Boston City terminou a temporada inaugural da National Premier Soccer League ( liga amadora) em segundo lugar, na Conferência do Atlântico Nordeste avançando para os playoffs (eliminatórias) .
 
O time, que também é conhecido como Leão da Montanha em português,  disputou 17 partidas em 2016, vencendo 10, empatando 2 e perdendo 5 para terminar atrás do New York Cosmos B em uma das conferências mais difíceis da liga National Premier Soccer League.

Em 2017, o Boston City disputou 12 partidas da temporada regular, vencendo 6, empatando 3 e perdendo 3 para terminar em segundo na realinhada Divisão Atlântica da Divisão Nordeste do Atlântico Branco e novamente avançando para os playoffs. O time caiu novamente no primeiro obstáculo dos playoffs, perdendo por 2-1 em casa para o Hartford City.

Fotos: Boston City FC

Apesar de ser um time novo, o BFC vem conquistando seu espaço no soccer norte-americano, angariando muitos fãs 

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Ainda em 2017,  o BFC se classificou pela prestigiosa Taça dos EUA de Lamar Hunt pela primeira vez e venceu fora de casa no primeiro turno, derrotando os Western Mass Pioneer de 5 a 4 nos pênaltis após um empate por 2 a 2. O Boston City sofreu uma derrota em casa por 2 a 1 com o GPS Omens no segundo turno.

Já em 2018, o time de futebol teve uma terceira temporada ruim no NPSL, terminando em nono lugar. Por causa desta derrota, Palhinha, que foi o primeiro treinador do time de futebol, deixou o cargo.

Em 2019, sob o novo treinador Michael Bustamante, o Leão da Montanha empatou dois e perdeu três de seus jogos de abertura no NPSL, vencendo na sexta tentativa. 

O clube também tem uma sede no Brasil. O Boston City FC Brasil foi formado em  setembro 2017, com a inauguração de uma academia na cidade de Manhuaçu, no estado de Minas Gerais.  Lá, o clube aloja 80 atletas vindos de várias partes do Brasil, da Bahia há  7 jogadores, distribuídos pelas bases sub 15, sub 17, sub 19.

O objetivo do clube para este ano é conseguir uma vaga para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2021, competição que recebe jovens de diversos clubes no Brasil e que revela os futuros craques do futebol brasileiro.

 

O  clube vai construir um Centro de Treinamento em Manhuaçu  que promete possuir uma infraestrutura com o que há de mais moderno em equipamentos e que otimizará o treinamento de seus atletas.  A obra está orçada em R$ 18 milhões levará 4 anos para ser erguida.

O CT ainda contará  com um hotel e restaurante exclusivo para receber e acomodar as equipes de fora. No complexo ainda haverá uma escola de futebol com capacidade para 500 alunos.

Em 2020 o Boston City FC Brasil foi convidado para participar de um torneio na China, no mês de julho, no qual viajará com a categoria sub 191. O clube deseja promover a marca e proporcionar experiências internacionais aos jogadores.

A importância do olheiro

O Boston FC tem um olheiro (pessoa responsável por descobrir novos talentos) que viaja o Brasil inteiro para descobrir possíveis novos jogadores para lapidá-los.

 “A gente tem planejamento, o olheiro é o coração do time, por isso a presença dele o faz um profissional requisitado. Não basta ficar sentado assistindo um jogo de futebol. Fazer seletivas, todo clube faz, a diferença é que a gente vai a lugares remotos, nas grandes periferias para ver estes talentos, ver o que estes garotos podem agregar ao time. As pessoas das periferias almejam levar um captador para estes lugares, para terem oportunidade.  Nos grandes clubes do Brasil, o adolescente faz um teste e o clube diz que não tá pronto. Poxa, é a base, não tem que está pronto, isso leva tempo. Como um atleta de 15,16 ou 17  anos vai estar pronto? A base é para isso, preparar o jogador para ser um bom profissional.  A gente tem um trabalho de valorizar o futebol de base.", diz.

Meninas no futebol

Renato conta que nos EUA, futebol é coisa séria. Crianças, especialmente meninas, são aficionadas pelo esporte.  

“Lá as meninas começam a jogar futebol cedo, bem garotas mesmo, talvez seja por isso que um país com pouca experiência no futebol  já tenha vencido três Copas do Mundo de Futebol Feminino e quatro medalhas de ouro em Olimpíadas disputadas. Isso deveria ser um exemplo para o Brasil, veja, há um incentivo para se jogar o futebol, é um atividade que todos curtem, não que aqui não tenha o futebol feminino, mas, está aquém para o que o Brasil ainda pode oferecer. Eu creio que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as federações locais necessitam urgentemente de investirem nesse segmento. O futebol feminino deve começar de base, ter escolinhas ter investimento. É importante ter um campeonato sub 17, sub 20 para as mulheres”.

Futebol europeu e técnico estrangeiro para o futebol brasileiro

Renato concorda que o Brasil tem jogadores de qualidade nas bases, mas, crê que falta a experiência do futebol europeu como força física e intensidade. “ Se o Brasil conseguir a técnica com a intensidade da Europa, seremos imbatíveis, precisamos ter mais intensidade, ir para cima. O futebol brasileiro é candeciado ( pausado, lento), melhorou, no entanto, precisa evoluir mais”, complementa o empresário, que considera o Atlético Paranaense como o time brasileiro que mais se aproxima  do estilo europeu.

Para o cartola, o brasileiro deve ser “open mind” e possibilitar que treinadores estrangeiros trabalhem na seleção. “ Por que os treinadores daqui podem treinar times lá fora, como Zico, que treinou a seleção do Japão e os estrangeiros não podem treinar a nossa seleção? Precisamos mudar este pensamento, ideias de fora sempre agregam e a seleção brasileira deveria passar por esta experiência”, diz.

O Boston City FC constantemente faz seletivas no Brasil, buscando novos talentos. Para entrar em contato, mande um e-mail para contact@bostoncityfc.com ou escreva diretamente pelo site http://www.bostoncityfc.com/brasil/contact-us/ , pelo Facebook @bostoncityfc , pelo Instagram: bostoncityfcbrasil ou pelo WhatsApp: (38) 99885-9502.