A Polícia Militar da Bahia divulgou nota repudiando o que considerou "provocações e agressões feitas à tropa" pelo cantor e deputado federal Anderson Machado de Jesus (Igor Kannário) durante a passagem do trio na tarde desta segunda-feira (24 de fevereiro), no Campo Grande.
"Se acontecer alguma coisa comigo, quem mandou me matar foi alguém da Polícia Militar, viu?", disse Kannário, depois de mandar a banda que o acompanhava parar de tocar.
Em outro momento, pediu aos foliões que dessem passagem aos policiais. "Abre aí para esses bunda-mole passarem." E também pediu vaias para a PM. "Quero uma vaia para a Polícia Militar da Bahia."
A nota divulgada pela PM conclui: "Além da atitude irresponsável e criminosa o também deputado federal incitou os foliões contra os policiais militares que faziam o policiamento do circuito Osmar. É inaceitável que qualquer pessoa, ainda mais um parlamentar, tente comprometer a honra da instituição e de policiais militares que estão comprometidos e empenhados na defesa da sociedade baiana", diz a nota, concluindo que "todas as medidas judiciais cabíveis que o caso requer serão adotadas".
Violência
Mais cedo, o prefeito ACM Neto havia criticado declarações do secretário estadual de Segurança Pública, Maurício Barbosa, que atribuiu aos ambulantes o aumento de casos de agressão no Circuito Dodô (Barra/Ondina).
"É real afirmar que houve um crescimento do público na Barra/Ondina, aumentando a pressão no circuito. Mas falar o mesmo em relação aos ambulantes do circuito não é real. O secretário ocupa a pasta há muito tempo e pode pegar os registros dos fotógrafos para ver que a quantidade de trabalhadores informais é a mesma, assim como o número de isopores. Não entendo esse tipo de colocação", disse o prefeito.
De acordo com o secretário Maurício Barbosa, o aumento do número de ambulantes cria uma barreira de isopores que toma um espaço muito grande na rua, diminuindo a área destinada aos foliões e impedindo que estes saiam com rapidez de locais em que ocorram brigas.
Para ACM Neto, há uma percepção nas ruas de que o efetivo policial poderia ter sido maior em 2020. "Não vemos mais patrulhas constantemente nos circuitos, como a gente via no passado", declarou, lembrando que a Guarda Civil Municipal (GCM) não tem poder de polícia e detém um efeito menor.
"O prefeito ACM Neto mentiu e caiu em contradição ao tentar explicar a responsabilidade da prefeitura de Salvador nos episódios de violência no Carnaval da cidade", rebateu depois o deputado federal Robinson Almeida (PT-BA)
"A própria A Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop) desmente o prefeito", disse o deputado. Em texto de assessoria de imprensa publicada em 4 de fevereiro, ela informa que “foram realizados 4.500 credenciamentos, divididos entre vendedores de bebidas, foodtruck, baiana de acarajé, carrinho de lanche, carro de gelo e isopor. Os permissionários ficarão instalados nos três circuitos oficiais da festa. O número de licenças foi ampliado graças a um estudo feito pela secretaria - ano passado foram 3,5 mil”.
Para o deputado Robinson Almeida (PT) o prefeito "foi desmentido pela sua própria secretaria de comunicação.”
O número de ambulantes divulgado pela Prefeitura
Texto disponível na Agência de Notícias Salvador, da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, mostra que em 2018 foram 2,2 mil ambulantes licenciados. "A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) informa que já foram preenchidas as 2.255 vagas para ambulantes que irão trabalhar no Carnaval, entre kits família e carrinhos", diz o texto, publicado no dia 22 de janeiro de 2018, com o título "Encerrado licenciamento de ambulantes para o Carnaval".
No dia 20 de fevereiro de 2019 foi publicado outro texto sobre o assunto: "Já foram preenchidas as duas mil licenças disponibilizadas para ambulantes no Carnaval deste ano. Foram mil disponíveis para licenciamento pela internet e outras mil para procedimento feito de modo presencial, na sede da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), na Mata Escura."
Nesta segunda-feira (24 de fevereiro), sob o título "Ambulantes vendem 20% a mais do que no Carnaval de 2019", a Agência de Notícias da Prefeitura divulga: "Durante os dez dias de folia em Salvador – incluindo os eventos pré-Carnaval – muitas pessoas aproveitam esse período para garantir renda extra ou mesmo um trabalho temporário para enfrentar os altos índices de desemprego que ainda assolam o país. Dentre elas estão os 4,5 mil ambulantes licenciados pela Prefeitura que atuam nos principais circuitos e no Carnaval dos Bairros".