De repente toca aquela balada e, não dá para evitar, chega o romantismo. Quando entra um rock, a sensação de pular e protestar, a explosão. Já quando vem um som cadenciado e com batida forte aparece a energia. Se for em uma academia então, nem se fala.
O ritmo mexe direto com os sentimentos. Mas há artistas que brincam com isso de uma maneira que acho o máximo. Usam um ritmo que diz uma coisa com letras ou situações que dizem outras totalmente diferentes, algo que pega especialmente quem não se atenta à tradução das letras.
Morrissey
Esse é o rei nesse quesito. Desde o “Smiths” as letras brincam desconectando a obviedade dos ritmos. Há uma que acho especialmente engraçada “There’s a light that never goes out” (Há uma luz que nunca se apaga). Nela, que tem um ritmo e uma interpretação suave por parte de Morrisey, é feita uma ode ao amor falando de acontecimentos trágicos.
Em um trecho ele fala “... se um ônibus de dois andares bater na gente, morrer ao seu lado é uma forma maravilhosa de morrer. E se um caminhão de 10 toneladas matar nós dois, morrer ao seu lado é um prazer um privilégio imenso.”.
Se você não conhece a música dá uma clicada lá no YouTube pra curtir
Uma coisa parecida faz o Pearl Jam em “Last Kiss” onde, romanticamente, ele narra o momento que sua amada morre diante de seus olhos após um acidente de carro onde, sentindo o sangue escorrer na testa, ela lhe dá um último beijo.
No vídeo
"Last Kiss"
The Cure
Aí é outra viagem. É um dos meus grupos prediletos e ganhou o carimbo de Dark Rock (Rock Sombrio). Claro que algumas letras realmente são, e o visual e clima dos shows seguem essa linha mas, vez por outra, Robert Smith e seus companheiros de banda brincam com esse modelo, inclusive causando uma briga visual entre o que a imagem passa e o que falam que gera interpretações diversas para as obras.
Na música “Lovesong”, por exemplo, o clip é dark até o último nível, gravado dentro de uma caverna, sem um sorriso de qualquer integrante da banda que vem com os rostos e figurinos carregados com o jeito The Cure de ser. Mas a letra, amigos, pasmem, não é para alguém que se foi, que se matou. É um presente de casamento que Robert deu à sua então noiva, cheio de amor.
Confere aí
Se quiser ver a tradução...
IT
Lá estava eu com meus filhos, minha noiva e a minha enteada. O filme tem aquela atmosfera à “la” Stephen King, mais palatável por ter obviamente menos detalhes que o livro, mas isso não vem ao caso, fica para a coluna de cinema (rsrs).
Voltando ao filme, o palhaço sobrenatural Pennywise some com crianças e cria umas alucinações misturadas com verdade para assombrar um grupo de jovens em uma pacata cidade americana.
Sentiu o clima? Pois bem, lá pelas tantas uma dessas misturas de alucinação com vida real faz jorrar pelo chuveiro, pelas torneiras e ralos de um banheiro um monte de sangue. Logo em seguida o diretor argentino Andy Muschietti entra na onda The Cure e coloca os jovens para limpar o banheiro ensanguentado ao som de “Six Different Ways”, do The Cure.
Na cena a levada da música lembra um filme de sessão da tarde, mas com sangue para todo lado. O que aconteceu com esse amigo que vos fala? Caí na gargalhada, em pleno filme de terror! Aliás, confesso, toda vez que me lembro da genial cena, tipo agora, me acabo de rir... (rsrsrsr).
O clipe é uma viagem
E a cena do filme, se quiser entender a brincadeira do diretor
Resumindo, na música o ditado “as aparências enganam” também vale... e muito!
Encontros sonoros por aí...
Iemanjá ao som do rock – Neste sábado (1 de fevereiro) e domingo (2) acontece no Bardos Bardos – Rio Vermelho a lavagem da Casa da Trinca, com muito Rock.
Hoje a partir das 14h, acompanhado de sarapatel (R$ 20) e amanhã começando mais cedo, às 13h, de feijoada (R$ 20).