Os estudantes negros representam apenas 16% da população escolar dos Estados Unidos. Motoristas negros têm uma probabilidade 23% maior de serem abordados do que os brancos. No mercado de trabalho, enquanto um homem branco recebe um dólar, mulheres brancas ganham apenas 82 centavos; homens negros, 73; mulheres negras, 65, e hispânicas 58 centavos.
Ijeoma Oluo lança Então você quer conversar sobre raça (Ed. BestSeller), com o objetivo de propor um diálogo sobre racismo para todas as pessoas, independente de cor ou classe social
Esses e outros dados que refletem a desigualdade econômica e racial dos Estados Unidos são apresentados no livro Então você quer conversar sobre raça (Ed. Best Seller), da escritora e palestrante Ijeoma Oluo, mas podem ser observados em outros lugares do mundo, como no Brasil.
A obra nasceu com o propósito de dar aos leitores uma base para entender como a raça funciona, mas com uma linguagem simples, dedicada ao diálogo e, sobretudo, defendendo que os movimentos por justiça social devem considerar todos os cortes de identidade, privilégio e opressão.
Por isso, a autora aborda assuntos que vão desde interseccionalidade e ações afirmativas a questões que envolvem as “minorias modelo” e o lugar de fala. Apresentando um Guia de debate ao final do livro, Oluo traz apontamentos, sob a perspectiva de uma mulher negra, para estabelecer um plano de ação para pessoas de todas as raças que buscam uma autoavaliação e estão comprometidas com uma sociedade antirracista.
“Acredito que se você é uma pessoa branca, este livro o ajudará a evitar ferir pessoas de cor em discussões sobre raça. Também acredito que, se você é uma pessoa de cor, este livro o ajudará a se sentir mais confiante em relação a seus sentimentos, experiências e limites", diz a autora.
Os recentes episódios mundiais relacionados à supremacia branca – da violência policial ao encarceramento em massa da população negra – acentuaram os debates sobre racismo, mas como podemos lutar contra ele além das postagens nas redes sociais? Para responder essas questões, a autora deixa evidente: a conversa pode abrir caminho para o entendimento, e é preciso usar esse entendimento para agir.
A autora apresenta algumas ações que podem provocar mudanças na luta contra a opressão racial. Conheça algumas delas:
--Vote em representantes da diversidade para o governo: Ajude a colocar as pessoas de cor em posições de poder onde possam defender a mudança que suas comunidades precisam.
--Apoie empresas de pessoas de cor: A exploração econômica é uma das pedras angulares da opressão racial. Você pode ajudar a preservar a independência financeira de pessoas de cor apoiando e gastando seu dinheiro em empresas de pessoas de cor.
--Doe dinheiro a organizações que trabalham para combater a opressão racial e apoiar comunidades de cor: Existem grupos por aí lutando todos os dias por pessoas de cor. Estão ministrando reforço escolar, dando conselhos legais, fornecendo treinamento profissional, prestando serviços médicos, combatendo a discriminação nas escolas e muito mais.
--Apoie músicas, filmes, programas de televisão, arte e livros criados por pessoas de cor: Grande parte de nossa representatividade cultural é branca como padrão. Normalize o trabalho das pessoas de cor, apoiando financeiramente e pedindo mais a seus produtores, diretores de museus, estúdios, estações de rádio e editores.
“Escrevo sobre conceitos que acredito que as pessoas não entendem. Escrevo sobre peças do quebra-cabeça que acredito que as pessoas não estão vendo. Escrevo sob perspectivas que acredito que muitas pessoas não conseguem ouvir. Não faço isso apenas para aumentar o conhecimento geral. Não faço isso apenas para fazer as pessoas se sentirem melhor. Faço isso na esperança de que o que escrevo e digo, e de que o que outras pessoas escrevem e dizem, informe e inspire ações.”
Sobre a autora
Ijeoma Oluo é escritora e palestrante. Seu trabalho sobre raça tem sido destaque em veículos como Guardian, Washington Post, New York Magazine, Stranger, entre outros.
Também foi editora colaboradora do site Establishment e nomeada como uma das 100 pessoas afro-americanas mais influentes pela The Root em 2017. Oluo recebeu o Humanist Feminist Award de 2017 pela American Humanist Association, e foi considerada pela revista Seattle uma das pessoas mais influentes de Seattle, cidade onde vive.