Fim de ano é sinônimo de dinheiro a mais no bolso dos brasileiros. 13º salário e a liberação do saque imediato do FGTS impulsionaram ainda mais a roleta econômica do país - só o 13º deve injetar R$ 214 bilhões, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No entanto, é preciso que as pessoas se organizem para não chegar em 2020 sem dinheiro e bastante endividados, tendo em vista que, com o novo ano, também chegam os boletos do IPVA, IPTU e o material escolar para o início do ano letivo dos filhos.
O economista Écio Costa salienta que a organização financeira é essencial para que as famílias possam começar 2020 mais tranquilas. "Não dá para as pessoas saírem gastando no Natal pensando que não existe o amanhã", reforça Écio. Para o economista, o 13º é uma boa fonte para que as pessoas reservem uma parte para quitar as dívidas que chegarão.
"É tudo uma questão de planejamento. Tem que botar na 'ponta do lápis' quanto se vai gastar com a virada do ano e se a pessoa tem dinheiro para isso porque, do contrário, não vai adiantar essa organização", aponta Écio Costa. Gerenciar as finanças pessoais não é uma tarefa fácil e exige, além do planejamento, dedicação e estratégia - sendo fundamental saber o somatório dos ganhos obtidos e o quanto deste valor é consumido por despesas durante o mês.
A contadora Dora Ramos indica que, com dinheiro em mãos, a prioridade deve ser dada para a regularização das dívidas. "A expressão é antiga, mas é verdadeira: a vida é feita de escolhas e são elas que vão definir a sua saúde financeira. Se quer poupar, escolha o que deixará de comprar e, de preferência, livre-se do cartão de crédito que é o grande vilão das dívidas dos brasileiros devido a seus altos juros", aconselha Dora.
Na avaliação da economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Marcela Kawauti, o cenário econômico pouco melhor do que em anos anteriores pode estimular uma disposição maior dos brasileiros em ir às compras com o 13º salário. “O país se recupera lentamente da crise e ainda sofre com os efeitos negativos da recessão, com o desemprego elevado e renda comprimida. Ainda assim, o período mais agudo das dificuldades já foi superado, o que de certa forma, pode estimular um otimismo maior dos brasileiros na hora ir de ao consumo”, afirma a economista.
De qualquer modo, mesmo com o relativo otimismo do brasileiro em gastar neste Natal, a recomendação da economista do SPC Brasil é que consumidores inadimplentes devem destinar esse dinheiro para quitar dívidas com o pagamento pendente e recuperar o crédito na praça. “A prioridade deve ser sempre sair do vermelho e evitar pagamento de juros que se acumulam. Se o consumidor tem apenas uma dívida em aberto, é mais fácil resolver o problema com a chegada desse dinheiro extra. Caso exista mais de uma, a regra geral é priorizar as dívidas que têm os juros mais altos como, por exemplo, cheque especial e cartão de crédito”, pontua Marcela.