Hugo Brito

Uma reflexão para roqueiros que querem se livrar dos rótulos

Vale tudo. Ainda mais na Bahia (eita, rotulei)

Foto: pxhere/Creative Commons

Prometo que não vai ser chato e cheio de citações como na faculdade. Nada de teoria por aqui. Vamos à prática. No último final de semana aconteceu aqui em Salvador um encontro de motociclistas: o “ III Salvador Primeira Capital Moto”. As bandas de dois amigos - a Abismo Solar e a Time - se apresentaram no palco, entre outras. E foi numa conversa lá no evento, andando pelos estandes dos diversos grupos de motociclistas, que me veio a ideia do nosso bate-papo dessa semana.

Os rótulos

Pense num evento animado. Motos para todos os lados, churrasco, cerveja e muito som. Um clima de irmandade contagiante nos diversos grupos. Eis que, andando por lá com um amigo, passamos por um estande e ouvimos o que? Pagode. Rapaz, a fisionomia dele mudou e, instantaneamente ele atirou a frase: “Esses não são motociclistas. Ouvindo pagode? Como é que o cara vem para um evento desses e ouve pagode e arrocha? ”. Dei muita risada, mas fiquei pensando como a gente rotula tudo; no rock, então...

Cores

À frente várias lojas de roupas, 99% destas de cor preta e com motivos Rock ‘n Roll. Um paraíso para mim. que sou fã do estilo, e que me fez logo esconder, de mim mesmo, o cartão de crédito para não me animar demais (rsrs). Mas não pude parar de pensar. Se houvesse por ali uma ou duas peças de outros movimentos, ou algumas em outras cores, elas venderiam? E no palco principal, será que daria confusão se subisse uma banda de axé ou algo parecido? E será que só gosta de moto quem ouve rock ou só é roqueiro quem é tatuado, usa preto e tem cara de mal?

Vale tudo. Ainda mais na Bahia (eita, rotulei)

Tá vendo como é difícil fugir dos rótulos, dos modelos pré-concebidos? Por isso mesmo deixo claro que não estou criticando o evento. Tudo lá se comportou dentro do esperado e foi muito, mas muito bom mesmo. O que trago aqui para nossa conversa de hoje é apenas uma reflexão. Quem gosta de moto pode gostar de tudo quanto é música ou cor de roupa. Não é pecado roqueiro gostar de Harmonia do Samba ou do pagodeiro Poeta. Ser de uma religião não torna as outras erradas, nem o fato de não ter religião faz da pessoa algo negativo.

Amigos roqueiros ou não, essa volta pelo evento me deixou uma lição: toda música, até a que achamos ruim, é música e emociona alguém, portanto, cumpre seu papel.

Usar preto, roxo, branco, rosa, tatuar o corpo todo, colocar um piercing, é um direito de cada um. E sabe o que mais? Se a gente analisar as letras, o movimento geral do Rock ‘n Roll é que não podemos ter mesmo preconceito. A maior parte questiona o mundo, a existência, as injustiças, e por aí vai. Gostar de rock e ser preconceituoso, para mim, é contrassenso.

Outro dia um amigo, por exemplo, me disse que odeia o carnaval, e chamou a festa de idiota. Ora, pessoas que olham para um grupo de roqueiros clássicos através dos “padrões preestabelecidos de comportamento” vão ter a mesma posição, percebe? Por isso, “na moral”, vamos viver e deixar viver, curtir nosso som, nossas ideias e respeitar as visões dos outros e, juntos, dar um viva à música, às motos, aos estilos e à liberdade de ouvir, vestir e ser o que quiser! É disso que o mundo precisa. Liberdade!

Encontros Sonoros por aí

# A banda Limusine se apresenta na Varanda do Sesi no sábado, 14/12, a partir das 10 da noite. O show é uma viagem pelas músicas da década de 60 com encenações superdivertidas. Quer resumo? Massa! Vale a pena. A entrada custa R$ 35.

# Amantes do Iron, amanhã tem a espetacular Children of The Beast, a única banda cover oficial do Iron Maiden. E para quem curte o trabalho solo de Bruce Dickinson, no sábado eles apresntam um show só com essas músicas. As duas apresentações são no Groove Bar. A entrada varia de R$ 35 a R$ 50.

# Sábado, no Parque da Cidade, a The Broadcasters se apresenta com rock anos 80, 90 e o que mais ocorrer, de uma forma pitoresca.... De manhã. É isso mesmo. A partir das 9h30. Sabe o que é melhor? De graça.