Cidade / Comportamento

Começam as celebrações em louvor a Santa Bárbara

Tríduo no Rosário dos Pretos abriu falando contra feminicídio

Foto: Andre Frutuoso - Secom Governo do Estado
Santa Bárbara
Centro Histórico se veste de vermelho e branco em homenagem a Santa Bárbara

Começaram neste domingo (1º) pela manhã as celebrações em louvor a Santa Bárbara, com o tríduo preparatório da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho.

As celebrações continuam a acontecer na igreja dias 2 e 3 de dezembro, às 18h. No dia 4, dedicado à santa, os devotos farão uma alvorada festiva às 5h, seguida de repique de sinos às 6h.

Antônio Muniz

Estandarte de Santa Bárbara entra na igreja

A Missa campal será às 8h, presidida pelo capelão, padre Jonathan de Jesus da Silva. Logo após a Celebração Eucarística acontecerá uma procissão, que sairá da Igreja do Rosário de Pretos, passará pelas ruas Gregório de Mattos, João de Deus, Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Ladeira da Praça.

Ao chegar ao Corpo de Bombeiros (Barroquinha), os devotos farão uma parada para homenagear a padroeira da corporação e, logo após, seguirão para a Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho e Pelourinho.

As homenagens também acontecerão na Igreja Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, no Centro Histórico.

No dia 3 de dezembro, às 15h30, quem desejar saber mais sobre Santa Bárbara poderá participar do colóquio “Origem e Expansão da Festa de Santa Bárbara no Centro Histórico de Salvador: Fé e Tradição Religiosa”, que será conduzido pela historiadora e membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), professora Lúcia Góes. Em seguida, por volta das 17h, será celebrada a Missa.

Bárbara contra o feminicídio - O leiamais.ba acompanhou na manhã deste domingo a abertura do tríduo na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

O tema do dia foi “Santa Bárbara, uma luta evangélica pelos pobres e marginalizados”. No cortejo de entrada, representantes das Irmandades de Santa Bárbara e Terço dos Homens.

Logo em seguida a imagem de Nossa Senhora do Rosário foi levada ao altar pela Irmandade dos Homens Pretos .

Quem presidiu a celebração foi o padre Gabriel dos Santos Filho, coordenador Nacional da Associação dos Padres do Prado.

Há oito anos o sacerdote não celebrava missa aos domingos e quando perguntou quem estava ali pela celebração muitos fiéis levantaram as mãos e gritaram : "Viva a Santa Bárbara!"

"Bárbara não foi qualquer mulher. Bárbara foi verdadeiramente tomada pelo espírito de Deus para nos apontar dias melhores ontem, hoje e sempre", disse o padre.

"Nós sabemos que o pai de Bárbara cometeu um crime. Sabemos que Santa Bárbara viveu uma vida como escrava". "Ela viveu como escrava por conta de sua beleza?

Não. Foi por conta da tirania, da usurpação de um homem que se dizia seu pai", completou padre Gabriel  que emocionou a todos ao destacar na   homilia o feminicídio como uma das grandes mazelas do mundo de hoje.

"A rebelião de Santa Bárbara, o não que ela deu ao seu pai foi um não que veio logo em seguida à sua convicção proveniente da sua adesão a Jesus Cristo.

A partir daí que ela teve coragem de dizer não a usurpação, à escravidão, a tudo de ruim. Com isso, ela nos ensina a não abaixar a cabeça e a não ser abater com as forças do mal", concluiu.

Antônio Muniz

Dona Joselita e os netos

A procissão das ofertas foi embalada pelos cantos "Lá vem das Senzalas" e "Ofertório do Povo", com sons de atabaques como é costuma na Rosário dos Prestos. Nas mãos, os irmãos levando o rosário, pão, uva, vinho e as hóstias sagradas.

 "É assim que começa um tríduo! Mas a força não é nossa não, é de Santa Bárbara! Viva a Santa Bárbara!", disse o padre, após oração  e música em homenagem à santa.

Mãe de Santo celebra com Bárbara – Dona Joselita Alves Barbalho é mãe de santo. Chegou à igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos acompanhada dos netos e levando nas mãos uma barquinha com flores e as imagens de Santo Antônio e Santa Bárbara.

Foi comemorar 46 anos de “feita”, ou seja, iniciada no candomblé.

"Santa Bárbara representa tudo pra mim. Minha família, minha saúde. Então temos que agradecer, né?", contou ela emocionada.

Patrícia Barbalho, neta de Dona Joselita é advogada e equede (zeladora dos orixás) do terreiro Ilê Axé Oyá Donin.

Ela veio acompanhar a avó e conta que depois da missa a comunidade volta para o terreiro para continuar a celebração.