Bahia / Política

Rui Costa: 'O PT precisa mudar'

Governador da Bahia fala sobre candidatura à Presidência do País

Foto: Mateus Pereira
O governador Rui Costa falou sobre a legalização da maconha
O governador Rui Costa falou sobre a legalização da maconha

O governador da Bahia, Rui Costa, reeleito para o segundo mandato com 75% dos votos, é a maior liderança do partido, hoje, no Norte e Nordeste e vem ampliando seu cacife eleitoral, o que pode viabilizar uma candidatura à Presidência do País, em 2022.

Em entrevista às Páginas Amarelas da revista Veja o petista conclama os partidos de esquerda a se unirem em uma frente para pensar um projeto de país em oposição ao governo de Jair Bolsonaro, que contemplaria até a discussão sobre a legalização da maconha.

Essa aliança, segundo longe, passa à margem de uma defesa da liberdade do ex-­presidente Lula.

Ele diverge da direção nacional do PT ao criticar as violações de direitos humanos na Venezuela e pedir o endurecimento de punições a assassinos. Admite que o Partido dos Trabalhadores se desconectou da sociedade brasileira e considera um equívoco o lançamento de Fernando Haddad como candidato em 2018.

Para ele, "o certo era ter apoiado o Ciro Gomes lá atrás". Rui Costa e o ex-governador Jaques Wagner defenderam a ideia de que o PT deveria ter um candidato de fora do partido caso houvesse o impedimento do ex-presidente Lula, mas foram derrotados nas discussões internas do partido. "Faltou perceber que era preciso dialogar com todos os segmentos sociais, mesmo com aqueles que pensam diferente", raciona o governador baiano.

Ele cobra transparência e clarena na política nacional de educação ou de saúde, proposta pelo governo Jair Bolsonaro, mas vê "com bons olhos a intenção de corrigir o erro que foi acabar com o programa Mais Médicos".

Na entrevista à Veja, Rui COsta cobra do PT a apresentação de propostas concretas para que o Brasil retome o desenvolvimento. "Não dá para um partido do tamanho do PT, ou simbolicamente forte, como PDT e PSB, ficar só na negativa." 

Sobre a atuação da Lava Jato, diz apoiar todas as medidas que busquem punir corruptos, mas aponta um "viés político-partidário" nas ações dos procuradores da Justiça. "Não sou da opinião de que tudo o que foi apurado é falso ou fruto de manipulação para perseguir e condenar o PT e outros partidos de esquerda. Muitas daquelas coisas têm provas materiais", admite, mas afirma que "a operação não tinha como alvo apenas corruptos, e sim filiações partidárias".

Para justificar seu ponto de vista, cita a migração do juiz Moro para a vida político-partidária, imediatamente após a eleição. "Desnuda isso."

Para ele, o PT não deve condicionar a formação de alianças à defesa do “Lula livre”, mas para ele o partido "não deve nem pode abrir mão dessa bandeira". Rui Costa considera que o ex-presidente Lula "não teve direito a um julgamento justo" e chama a condenação no caso do tríplex de "uma aberração gigantesca".

Ele também falou sobre a a legalização da maconha e de outras drogas. "Meu secretário de Segurança, apesar de ser delegado da PF, defende a tese de que legalizar drogas de menor poder ofensivo à saúde ajudaria no combate ao crime organizado. As estatísticas de inteligência da nossa polícia reportam que 70% do volume financeiro dessas corporações criminosas, no caso do Nordeste, se deve à maconha. Temos de estar abertos a esse debate para buscar os melhores caminhos de forma técnica e científica. Não acho que a questão será solucionada só pelas vias judicial e policial", disse.

E sobre uma candidatura à Presidência em 2022: "É óbvio que, se digo que estou disposto a construir algo, então estou disposto a assumir qualquer tarefa. Na medida em que me coloco à disposição, concordo em ser qualquer coisa, inclusive não me candidatar a nada".