Comportamento

Sites estão mudando interesse das mulheres pelos relacionamentos

A ideia de as pessoas estão desesperadamente procurando por compromisso foi alterada

Foto: pxhere/Creative Commons
Casal na cama
Tecnologia facilita os compromissos casuais

Aquele pensamento comum de que as mulheres estão à procura de um relacionameno sério não faz parte do cotidiano de muitas delas. Trata-se de um equívoco. É o que diz a psicóloga Yris Monalizza de Souza, consultora de relacionamentos do site Amor&Classe. Segundo a especialista, a ideia de as pessoas estão desesperadamente procurando por compromisso foi alterada, mediante as mudanças comportamentais e o novo papel assumido pelas mulheres na sociedade atual. 

"Há muitas razões pelas quais elas não querem mais encerrar suas vidas com a primeira pessoa que mostra sinais de interesse nelas”, afirma Yris. Uma delas é que as prioridades mudaram. “Antes era cuidar da família, dos filhos. Hoje as preocupações são outras: formação profissional, intelectual e a contribuição que se pode dar à sociedade", afirma a psicóloga.

Esse novo posicionamento leva muitas mulheres a preferirem os relacionamentos casuais, sem razão para se preocupar com o parceiro ou dar satisfação de sua vida, seus projetos, suas vontades e desejos.

"As razões são tão variadas quanto são as próprias mulheres", reforça a sexóloga Carla Cecarello, consultora do site C-date. Segundo a sexóloga, desde quando priorizaram outros objetivos, como o trabalho ou o autocuidado, as mulheres deixaram os relacionamentos para um segundo plano. "Elas não querem ninguém grudado nelas, cobrando pelos compromissos de um namoro sério, só porque foram para a cama", diz Carla.

A mudança no comportamento e o aprendizado sobre relacionamento levaram tempo. Primeiro, as relações sexuais sempre foram um tabu para as mulheres, principalmente quando o assunto era experimentar. A mulher era taxada (pela sociedade) como vulgar, diferentemente dos homens que sempre mantiveram várias parceiras e eram tratados como poderosos e fortes.

Segundo, as famílias mais conservadoras sempre preparavam as mulheres para o papel de boa esposa, boa mãe e boa dona de casa. "Os tempos mudaram, as informações chegam mais rapidamente às pessoas. A sociedade avançou, assim como os comportamentos", destaca a psicóloga de relacionamentos, Yris de Souza, do Amor&Classe.

Na questão das relações íntimas, por exemplo, as mulheres perceberam que ambos querem o mesmo: prazer. É injusto apenas uma parte (os homens) ter seus desejos e vontades satisfeitos na cama. Por essa razão, e pelas mudanças comportamentais da sociedade, elas passaram a exigir e a tomar iniciativas para que o sexo fosse bom para ambos. 

"Isso assustou um pouco os homens, o que justifica muitos deles terem uma postura mais romântica ou estarem à procura de mulheres que queiram compromisso sério", observa a sexóloga do C-date, Carla Cecarello.

Atualmente, as mulheres não querem ou não estão prontas para uma parceria de longo prazo. Algumas são DTF, sigla em inglês para "Down to fuck", ou prontas para fazer sexo sem que isso seja prioridade ou que estejam procurando especificamente por isso. Essas pessoas também não consideram o romantismo algo brega, mas seus objetivos - quando estão, por exemplo, em uma balada - não é a de encontrar um namorado, um marido, um amante.

As possibilidades estão abertas para isso, mas não é a prioridade. É muito provável que se fizerem sexo, não queiram que o parceiro ligue no dia seguinte para saber se foi bom, agradável e quer repetir a dose. 

“Normalmente, o encontro casual ficará na lembrança de ambos, mesmo que tenha sido uma relação alucinante ou qualquer outro adjetivo", afirma Carla Cecarello. E este tipo de relação é cada vez mais comum e tem sido aprimorada com as novas tecnologias (sites e aplicativos) de encontros e relacionamentos.

Por outro lado, pessoas que passaram pela experiência do coração partido ainda acreditam que vale a pena recomeçar. "O romantismo existe porque é característico dos seres humanos", destaca a psicóloga Yris de Souza. De acordo com a especialista em relacionamentos, as facilidades oferecidas pela tecnologia para o sexo entre pessoas que não querem compromisso de um lado também são oferecidas para aqueles que querem encontrar alguém para conviver.

"Se de um lado existem aqueles que preferem encontros sem compromisso, o romantismo ainda é a chave para um compromisso sério para outros", complementa a psicóloga.

Em ambos os casos, tanto para o sexo como para o romantismo, as especialistas destacam a importância de serem observadas as regras de segurança expostas nos sites para contatos e relacionamentos que começam em plataformas digitais.

No caso de encontros que podem terminar em sexo ou em futuros namoros, é importante que os usuários jamais marquem encontros em locais desconhecidos. O primeiro contato deve ser sempre em ambientes públicos. Uma pessoa de confiança deve ser informada sobre onde e com quem será o encontro, assim como receber detalhes de mudanças de planos ou roteiros.

No caso do sexo casual, a proteção individual e pessoal é uma questão de saúde, como o uso de preservativos e toda precaução antes e durante a prática.