Comportamento / Curiosidades / Saúde

Comprar compulsivamente afeta o bolso e a saúde

Oniomania é o nome dado à compra compulsiva

Foto: Pixabay/Creative Commons
Sacola de compras
Dois dos principais fatores condicionantes para a oniomania são o tempo pessoal e a sociedade consumista

Há pessoas que não têm medo de gastar o que têm no bolso. Seja em dinheiro ou cartão, passar umas horas no shopping, enchendo tantas sacolas quantas puder carregar, é às vezes a única coisa que ajuda a esquecer um problema estressante ou uma forma de fugir da pressão do trabalho ou da família. 

Oniomania (https://www.proamiti.com.br/comprascompulsivas)  é o nome dado à compra compulsiva, um mal que atinge milhares de brasileiros, principalmente mulheres, e que pode acabar se tornando uma doença.

Segundo Alessandro Bacchini, doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e coordenador do curso de Psicologia da UNAMA - Universidade da Amazônia, o ato de compra descontrolada é reflexo principalmente de alguma frustração pessoal, relacionada à família ou ao trabalho, e à pressão social agravada pela sociedade capitalista do velho lema “dinheiro é poder”.

“É uma paixão, num sentido de algum excesso, que vem para ocupar o lugar de alguma falta, de algo que uma pessoa não consegue suportar, e acaba tendo esse ato de comprar numa tentativa de obturar”, afirma o psicólogo.

Segundo ele, dois dos principais fatores condicionantes para a oniomania são o tempo pessoal e a sociedade consumista. 

“Temos pouco tempo para ficar com as pessoas que estão no campo dos afetos que a gente nomeia como amor. Estamos substituindo a mera satisfação de algumas necessidades, de algumas pulsões, e deixando de lado o trabalho todo que dá ao longo do tempo para que a gente se pergunte em relação ao que nós desejamos de fato", afirma.

Outro fator determinante, segundo o psicólogo, é a sociedade baseada em consumo. "A relação de poder e produção econômica gira muito mais em torno de um mercado especulativo do que, por exemplo, um mercado fabril, como era no século XVIII”, diz Bacchini.

Além da possibilidade de superendividamento, que já é a realidade de grande parte da população brasileira, a oniomania pode levar a conflitos familiares (quando estes já não são os fatores de origem) e a tendências depressivas. O indivíduo que apresenta esse quadro pode acabar sofrendo de ansiedade após a compra, ou seja, o arrependimento que ocorre logo depois de chegar em casa e o medo de sequer olhar para as sacolas.

São muitos os motivos que levam uma pessoa a chegar nesse estado. Alessandro Bacchini explica que o trabalho do psicólogo entra como um auxílio de reposicionamento em relação a esse mal-estar, ao que a pessoa teve de abandonar em relação às suas satisfações e desejos.

Segundo o psicólogo, a oniomania pode parecer só uma coisa qualquer, mas, como qualquer vício, é uma doença que destrói a estabilidade psicológica de uma pessoa e exige tratamento.

Liandra Diaz, maquiadora e auxiliar de promoção de eventos, tem uma rotina bem puxada e admite que só acaba com o estresse acumulado depois de comprar alguma coisa. 

“A minha rotina é tão cheia que só o que faço em casa é dormir. Nem tempo pra gastar dinheiro eu tenho, mas todas as minhas folgas eu passo no shopping. O problema é que depois eu fico morrendo de saudade do meu dinheirinho suado”, relata.