A experiência de vida conta muito nesta faixa de idade, especialmente porque boa parte delas já foram experienciadas e apesar das controvérsias sobre a capacidade física dos cinquentões, a sexóloga Carla Cecarello, consultora do site Solteiros50 (www.slteiros50.cmbr) e a piscóloga Iris de Souza, especialista em relacionamentos do site Amor&Classe (www.amoreclasse.com.br) confirmam: “esta é a melhor idade para tudo, inclusive paa os relacionamentos e para o sexo”.
Para a sexóloga Carla Cecarello, há algumas razões para o sexo ter mais qualidade nesta faixa etária, porém, se houver mais informação e cuidados, há ainda muitas formas de melhorar a vida sexual dos cinquentões e cinquentonas. Já para a psicóloga Iris de Souza, esta é também uma fase em que os homens já vivenciaram muitas experiências e podem se dedicar a uma relação afetiva mais contundente.
Para as especialistas, existem argumentos suficientemente reveladores de como o sexo e a relação amorosa vão melhorando com o passar dos anos. No caso deles, as relações tornam-se muito mais fáceis de ser conduzidas. Para elas nem tanto, principalmente pelos erros deles em serem menos interessados anteriormente.
Por isso, as especialistas listaram 10 razões de porque tanto o sexo como as relações podem ser interessantes aos 50 anos.
1 - Autoconfiança
Para as especialistas, aos 50 anos, tanto ele como ela já possuem maior conhecimento de suas capacidades pessoais e determinações. Sabem também de tudo o que gostam e do que não gostam.
Nesta faixa etária já estão como queriam estar e como querem ficar na vida, de forma que não precisam se autoafirmar continuamente para outras pessoas. Por essa razão, as pessoas de 50 anos se concentram nas coisas que são realmente importantes para elas.
Essa autoconfiança permite a eles viverem melhor cada momento e abraçar de forma muito mais responsável suas escolhas, nomeadamente na intimidade e nos relacionamentos.
2 - Mais prazer e menos pressão
Antes de chegar aos 50 anos, as pessoas levam a vida em uma intensidade tão grande que é preciso se autoafirmar constantemente. Quando se é jovem, por exemplo, existe uma pressão muito maior para que haja correspondência entre o corpo (parte fisica) e o sexo.
Essa tensão na parte física do sexo exige mais correspondência no que diz aos resultados, que em vez de ajudar, na maioria das vezes atrapalha.
Os mais jovens vivem sobre pressão para se apresentar bem fisicamente especialmente sobre a cama e sobre o corpo do outro para lhe oferecer prazer.
Com a idade e com o autoconhecimento, eles percebem que não é a duração do sexo, nem a quantidade de prazer e orgasmos que têm ou dá que conta, mas o prazer e a satisfação de ambos em completo e absoluta sintonia e sincronia.
Por essa razão, sexo depois dos 50 é mais sobre conexão. Mesmo que seja sexo casual, o foco mudou da performance para o conectar-se ao outro.
3 - Sem pressa
O passar dos anos ensina muita coisa. Uma delas é dar tempo ao tempo e não viver apenas em relação a ele, mas conectado ao seu redor e com todos.
Desta forma, as pessoas aprendem a gerir melhor o seu tempo e ganham assim oportunidades para apostar mais na vida sexual.
Dar tempo ao tempo significa que elas passam a uma posição privilegiada de poder investir em si mesmas e a possuir mais tempo para cultivar gostos, hobbies e namoros, que incluem o prazer sexual, não como objetivo, mas como forma de expressar sua forma de encarar a vida.
4 - Experiência e qualidade
Se o sexo já não é apenas uma capacidade física e tampouco uma demonstraçao de força, mas de jeito e forma, só com o tempo as pessoas percebem-se melhor e valorizam outras formas de atingir o prazer sexual.
A leitura de bons livros ou a consulta com especialistas como sexólogas, piscólogas, terapeutas entram no circuito de conhecimento e informação dessas pessoas.
Existem livros sobre satisfação sexual e novas experiências sexuais que antes eram impensáveis serem lidos, ou eram considerados objetos que jamais seriam contemplados.
Conhecer-se a si mesmo e a sua sexualidade abre novas fronteiras de relacionamentos e experiências que os que têm mais de 50 colocam-se disponíveis e abertos para conhecer.
5 - Liberdade absoluta
Há durante o percurso até os 50 anos inúmeras preocupações, especialmente em relação às questões profissionais, financeiras e suporte material. Atribui-se a elas um peso maior que outras.
Quando se obtém as experiências de vida, percebe-se que o peso pode ser igual para todos os assuntos e temas, o que é libertador. Isto permite a pessoa priorizar o que é realmente importante para ela e, de acordo com o que ela gosta, dedicar mais ou menos atenção e prioridade.
Na vida sexual, a libertação principalmente em relação à questão física, permite que se procure e se entregue a novas aventuras.
6 - O ápice com mais facilidade
A libertação da questão força para a prática sexual concede as pessoas com mais de 50 atingir o orgasmo com muito mais facilidade e qualidade, mesmo várias vezes.
O prazer completo, o ápice da relação, pode ser conseguido mais facilmente porque as pessoas são mais seletivas na escolha dos parceiros e as escolhas são baseadas em gostos, compatibilidades e não apenas por beleza física, comum nos jovens, como processo de seleção.
Além disso, a pressa para se levar alguém para a cama não permite que se conheça tão bem o outro, como em uma relação aos 50 anos.
7 - Espontaneidade
Outra razão é a quebra da rotina, que pode aumentar a libido do casal. As mudanças de hábitos trazem novidades. Inovar ajuda no aumento da atividade sexual, sobretudo quando os casais já se conhecem há muito tempo.
8 - Relações mais simples e claras
Honestidade nem sempre é o forte das relações mais jovens. Aprende-se com o tempo que a necessidade de se falar com clareza e ser honesto naquilo que diz é fundamental para que a relação ocorra de forma simples e verdadeira.
Aos 50 anos, essa é outra das coisas que se ganha: clareza e honestidade nas relações interpessoais. As pessoas sentem-se mais à vontade com o outro e dão-lhes mais liberdade para se autoafirmarem ou apresentarem suas ideias e opiniões. É algo fabuloso.
Ser direto e objetivo na relação com os outros não é algo apenas para pessoas aos 50, mas deve ser para todas as idades que têm um relacionamento com outro, em que os estereótipos deveriam ser deixados de lado e os estigmas esquecidos para facilitar a experiência da vida.
9 - Tolerância
Desde que o ser humano é ser humano ele deveria ser tolerante com o outro. Numa relação interpessoal ou amorosa, a tolerância deveria ser central, pois evitaria o desperdício de tempo entre duas pessoas que não se respeitam ou não se conhecem por não serem diretas e objetivas ou porque vivem com seus estigmas e montam seus estereótipos (de como deve ser a pessoa ideal para elas).
Ser tolerante com o outro não é aceitar suas ideias e opiniões, mas entender quais são essas ideias e opiniões. Se ambos agem com tolerância, as opiniões seriam claras e as decisões seriam tomadas suavemente tanto para a vida em conjunto como não. Aos 50, isso está claro.
10 - Inovar e experimentar
Aos 50 a inovação não tem de ser uma barreira para o sucesso, mesmo que as experiências já tenham sido vividas. Ainda há tempo para aprendizado. Esse aprendizado é sempre obtido com muita qualidade e por isso capaz de inovar e experimentar, de forma a analisar os ganhos e as perdas em torno da inovação.
Nos relacionamentos, a inovação e experiência se tornam mais fáceis e muito mais aceitas.
Sexo na terceira idade
A sexualidade na terceira idade é permeada por muitos tabus e preconceitos. Mas o assunto deve ser tratado com normalidade, para evitar transtornos de vários aspectos, inclusive aumentando comportamentos de risco e a exposição a infecções sexualmente transmissíveis. Por isso, é essencial entender as mudanças no corpo e tomar os devidos cuidados com a saúde sexual nessa fase da vida.
Veja no vídeo
O que é bom não tem idade
O primeiro passo para abordar a sexualidade de idosos é tratar o tema como algo natural, como explica a assessora técnica da Coordenação da Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Helena Cerveira Lopes.
“Se fala muito da questão de uma falsa assexualidade da pessoa idosa, como se a sexualidade fosse uma coisa exclusiva para pessoas mais jovens. É preciso colocar em pauta essa questão, já que, como ela é cercada de preconceitos pela sociedade, acaba refletindo na atuação dos profissionais de saúde, o que pode levar a falta de cuidados e ações relacionados à saúde sexual da pessoa idosa”, ressalta.
Mudanças na atividade sexual
Com o passar dos anos, as mudanças no corpo podem intervir no aspecto sexual, social e psicológico da pessoa idosa. Por isso, é preciso entender as transformações que fazem parte do processo de envelhecimento, como a diminuição natural na resposta aos estímulos sexuais.
Nos homens, reduz a produção de espermatozóides e testosterona após os 40 anos. Nas mulheres, existe a redução de hormônios durante a menopausa. As modificações no corpo podem intervir no aspecto sexual, social e psicológico da pessoa idosa.
De acordo com Helena Cerveira, há formas de amenizar essas mudanças fisiológicas. “Por exemplo, a pele geralmente fica mais fina e mais seca. Então, o uso do lubrificante é muito benéfico, principalmente para as mulheres idosas que acabam tendo ressecamento vaginal, o que pode até machucar. Além disso, o preservativo feminino ajuda na questão do empoderamento da mulher idosa e auxilia na diminuição do medo de perder ereção, frequente nessa idade, já que a camisinha feminina pode ser colocada antes do ato sexual”, orienta.
Além disso, é importante compreender que a sexualidade não se resume ao ato sexual. “Quando se fala de sexualidade, precisamos entender que ela não se restringe ao ato sexual em si, mas também compreende o tom de voz, beijo, toque, cheiro, entre outras coisas. É plenamente possível que a pessoa idosa, como qualquer outro ser humano, vivencie a sexualidade como uma importante dimensão da sua vida”, ressalta Helena Cerveira.
A cartilha do idoso explica que é importante manter hábitos saudáveis e fazer exames para saber como está a sua saúde. Muitas vezes, o desempenho sexual pode estar relacionado a algum problema de saúde, como diabetes, colesterol alto, fumo, álcool, menopausa e uso de alguns medicamentos. A cartilha também alerta sobre o uso de medicamentos que prometem melhorar o desempenho sexual. Todo medicamento só deve ser usado sob orientação médica.
Cuidados com as infecções sexualmente transmissíveis
Na última década, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) têm afetado a saúde dos idosos, principalmente pela ausência do uso de preservativo. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2018, do Ministério da Saúde, o número de casos de HIV entre pessoas acima dos 60 anos aumentou 81% entre 2006 e 2017, sendo que as taxas aumentaram tanto para homens quanto para mulheres.
Os profissionais de saúde possuem papel fundamental no enfrentamento desses agravos. “Sobre o uso de preservativos e demais cuidados, é importante que os profissionais de saúde estejam capacitados e sensibilizados para tocar nessa temática com os idosos, além de orientar para o autocuidado e auxiliar sobre todas as dúvidas relacionadas ao tema”, disse.
Os cuidados de prevenção necessários para a pessoa idosa são os mesmos para todas as idades. “A população idosa, assim como toda a população sexualmente ativa, precisa fazer uso do preservativo.
Muitas vezes as pessoas idosas não utilizam o preservativo porque existem preconceitos e crenças equivocadas, como o fato de acreditar que previne somente gravidez ou que tira completamente a sensibilidade, por exemplo. Por isso, é essencial que o profissional de saúde possa falar livremente sobre o assunto”, explica.