Depois de 16 trimestres seguidos de queda, o emprego no setor privado com carteira de trabalho voltou a crescer 1,5% no trimestre fechado em abril, na comparação com o mesmo período de 2018.
Foram gerados cerca de 480 mil postos de trabalho formais, totalizando 33,1 milhões de pessoas com carteira. Esses são os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje pelo IBGE.
Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, parte expressiva da recuperação de postos com carteira no ano veio dos setores de educação e saúde, de trabalhadores de baixo nível educacional da mineração, construção e transporte e, também, dos profissionais liberais. “O aumento reflete o início de um quadro favorável. É a primeira vez que a categoria carteira de trabalho respira desde o início da crise em 2014”, explica.
Cimar acrescenta que essa alta no emprego com carteira foi observada principalmente em São Paulo e entre as mulheres. Mesmo assim, o mercado de trabalho está longe de recuperar a perda de 3,4 milhões de empregos com carteira ocorrida desde 2014.
Taxa de desocupação
Apesar da melhora no mercado de trabalho na comparação anual, a taxa de desocupação voltou a subir de 12% para 12,5%, na passagem do trimestre fechado em janeiro para o encerrado em abril, com mais 552 mil pessoas desempregadas.
Cimar ressalta que esse aumento é resíduo das demissões dos trabalhadores contratados no final do ano passado e dispensados no início do ano. Nessa comparação, a PNAD Contínua registra aumento de 270 mil empregos com carteira assinada, que, segundo Cimar, representa “estabilidade com tendência de alta”.
O quadro do mercado de trabalho também piora se considerada a taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial), que atingiu 24,9%, recorde da série histórica iniciada em 2012. Isso representa 28,4 milhões de pessoas subutilizadas.
Também foram recordes a força de trabalho potencial, que registrou 8,2 milhões de pessoas que não buscaram trabalho, mas gostariam de trabalhar, e o número de desalentados – foram 4,9 milhões de pessoas que desistiram de procurar uma ocupação.
Além disso, quase 7 milhões de pessoas eram ocupadas por insuficiência de horas, ou seja, trabalhavam menos que 40 horas semanais, e gostariam de trabalhar mais.
No trimestre encerrado em abril de 2019, a taxa de desocupação (12,5%) variou 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (12,0%) e caiu (-0,4 p.p.) na comparação com o trimestre de fevereiro a abril de 2018 (12,9%).
A população desocupada (13,2 milhões de pessoas) variou 4,4% (mais 552 mil pessoas) frente ao trimestre anterior (12,6 milhões de pessoas) e ficou estável em relação a igual período de 2018 (13,4 milhões de pessoas).
A população ocupada (92,4 milhões de pessoas) ficou estável na comparação com o trimestre anterior (92,3 milhões de pessoas) e cresceu 2,1% (mais 1.937 mil pessoas) na comparação como o mesmo período de 2018 (90,4 milhões de pessoas).
A população fora da força de trabalho (65,0 milhões de pessoas) permaneceu estável frente ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (65,3 milhões de pessoas) e também ao mesmo trimestre do ano anterior (64,9 milhões de pessoas).
A taxa de subutilização da força de trabalho (24,9%) variou 0,7 p.p. em relação ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (24,2%) e subiu 0,4 p.p. na comparação com o mesmo trimestre de 2018 (24,5%).
A população subutilizada (28,4 milhões de pessoas) é recorde da série histórica iniciada em 2012, com alta em ambas as comparações: 3,9% (mais 1.063 mil pessoas) frente ao trimestre anterior (27,3 milhões de pessoas) e 3,7% (mais 1.001 mil pessoas) no confronto com igual trimestre de 2018 (27,4 milhões de pessoas).
O número de pessoas desalentadas (4,9 milhões) aumentou 4,3% (mais 202 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior (4,7 milhões de pessoas) e 4,2% (mais 199 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2018 (4,7 milhões de pessoas).
O número de empregados no setor privado com carteira assinada (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 33,1 milhões de pessoas, ficando estável frente ao trimestre anterior e subindo 1,5% (mais 480 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2018. Já o número de empregados sem carteira assinada (11,2 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e subiu 3,4% (mais 368 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2018.
A categoria dos trabalhadores por conta própria (23,9 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 4,1% (mais 939 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2018.
O rendimento médio real habitual (R$ 2.295) ficou estável em ambas as comparações. Já a massa de rendimento real habitual (R$ 206,8 bilhões) permaneceu estável em relação ao trimestre anterior e cresceu 2,8% (mais 5,7 bilhões) frente ao mesmo período de 2018.
A taxa de desocupação foi de 12,5% no trimestre móvel encerrado em abril de 2019, variando 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (12,0%). Na comparação com o trimestre de fevereiro a abril de 2018 (12,9%), o quadro foi de queda (-0,4 ponto percentual).
No trimestre de fevereiro a abril de 2019, havia 13,2 milhões de pessoas desocupadas no Brasil. Este contingente variou 4,4% (mais 552 mil pessoas) frente ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (12,6 milhões de pessoas) e ficou estável no confronto com igual trimestre do ano anterior (13,4 milhões de pessoas).
A taxa composta de subutilização da força de trabalho (Percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a Força de trabalho ampliada) foi de 24,9% no trimestre de fevereiro a abril de 2019, variando 0,7 p.p. em relação ao trimestre de novembro de 2018 a janeiro de 2019 (24,2%). Na comparação com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (24,5%), houve alta de 0,4 ponto percentual.