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Storni Quiroga, O Mar e a Selva Apaixonaram-se faz últimas apresentações

Peça faz parte da programação do projeto 3 & Pronto e tem direção de Hebe Alves

Foto: Ananda Leão

Entre maio e novembro deste ano, o projeto 3 & Pronto monta seis textos da dramaturgia portuguesa contemporânea, dirigidos por diretoras e diretores baianos. 

Storni – Quiroga, O Mar e a Selva Apaixonaram-se abre a programação, com elenco formado pela companhia Teatro dos Novos, integrantes da Universidade Livre do Teatro Vila Velha e atores convidados.

O texto de Ricardo Cabaça é uma colagem poética sobre o trabalho literário e o encontro amoroso entre a poeta argentina Alfonsina Storni (1892-1938) e o poeta uruguaio Horacio Quiroga (1878-1937).

As apresentações acontecem de segunda a quarta, às 20h , no Cabaré dos Novos.

Escritor e cofundador da companhia de teatro 33 Ânimos, Ricardo Cabaça fez uma longa pesquisa documental e biográfica sobre os dois autores e sua relação antes de iniciar a escrita do texto, acrescentando a esse conteúdo histórico trechos ficcionais, tanto para preencher hiatos da documentação histórica quanto para “fazer uma espécie de justiça e ficcionar encontros, os momentos de amor”, como explica Ricardo em entrevista ao site da organização lisboeta Casa da América Latina.

Para essa montagem a diretora Hebe Alves trabalha com duplos dos três protagonistas do texto.

Assim, os personagens de Jackson Costa (Quiroga), Chica Carelli (Storni) e Bárbara Borgga ( Anaconda) têm, cada um, um ou mais duplos, personificados por outros atores e atrizes, “para explorar as facetas dos próprios personagens e situações em diversos momentos de sua história”, explica Hebe.

Literatos ousados, com uma produção desafiadora de normas, ambos eram espíritos indomáveis. Essa condição foi o que permitiu a ambos estabelecer a particular relação que desfrutaram: “Só duas cabeças tão singulares, poderiam produzir uma situação de amor como a deles” considera a diretora.

A primeira edição do Projeto 3 & Pronto aconteceu em 1995, um ano após a Organização Não-Governamental Sol Movimento da Cena estabelecer parceria com a Sociedade Teatro dos Novos para gerir a programação do Vila Velha.

À época, a inspiração para o formato surgiu de uma notícia sobre as estratégias de ação de grupos teatrais canadenses que, por questões legais e trabalhistas, desenvolveram uma maneira de ensaiar e apresentar espetáculos em curtos espaços de tempo.

“Nunca verifiquei a veracidade dessa informação, mas achei incrível a possibilidade de pensar montagens dessa maneira”, lembra o encenador e diretor artístico do Vila Velha, Marcio Meirelles.

“Então formatamos o projeto com essas regras. Três semanas de ensaio, três semanas de apresentação, três apresentações por semana”, explica o diretor.

Na primeira apresentação, em 1995, os textos eram de dramaturgos brasileiros contemporâneos,  já a segunda edição, em 2005, tinha como foco a dramaturgia latino-americana.

Este ano o projeto apresenta seis textos contemporâneos portugueses, porque uma outra proposta do projeto é exatamente fazer circular a produção dramatúrgica contemporânea e, atualmente, Portugal possui uma intensa produção, graças a “uma política pública de teatros nacionais com laboratórios e oficinas permanentes , o que estimula a produção, impressão e divulgação de textos teatrais.

“Presenciei essa cena portuguesa e pensamos em trazer um pouco desses textos e discursos para cá, para estabelecer diálogo entre esses textos e nossa dramaturgia baiana”, justifica Marcio Meirelles.

Todos os cenários serão concebidos por Zuarte Jr. e todo o figurino, por Rino Carvalho. Cada diretor pode convidar atores e atrizes se achar necessário, mas as montagens contam com a participação dos profissionais da Companhia Teatro dos Novos e os integrantes da Universidade LIVRE, projeto de formação profissional do Teatro Vila Velha.